José Escada (1934 – 1980)

Exposição individual antológica da obra de José Escada (1934-1980) no Centre Culturel Portugais, em Paris, onde o artista foi bolseiro Gulbenkian em 1960-1961 e onde permaneceu até 1971. Durante esse período, consolidaria a sua ação no grupo KWY, lançando um corpo de trabalho muito peculiar, revisitado nesta breve exposição de 1991.
Retrospective exhibition on the work of José Escada (1934-1980) at the Centre Culturel Portugais, in Paris, where the artist resided until 1971, including his time as a Gulbenkian grant holder in 1960-1961. During this period, Escada would actively participate in the KWY artistic group, creating a unique body of work on display in this briefly held exhibition staged in 1991.

A exposição «José Escada (1934-1980)» apresentou uma antologia que deu nota da trajetória autoral deste artista português. Foi organizada pelo Centre Culturel Portugais (CCP), da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em colaboração com o Centro de Arte Moderna (CAM), que cedeu dez obras do seu acervo para um total de 43 peças catalogadas. Estaria patente entre 17 de outubro e 19 de dezembro de 1991 na sede do CCP, em Paris, cidade que assistiu ao alavancar dos contornos singulares da obra do artista. Relembre-se que Escada foi bolseiro da FCG na capital francesa entre 1960 e 1961, e um dos artistas da sua geração com a bolsa registada sob orientação do casal de artistas Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes (Arquivos Gulbenkian, SBA 00246). Permaneceria na cidade até 1971, data em que participa na exposição «10 Ans d'Art Portugais à Paris, 1960-1970», também no CCP (Arquivos Gulbenkian, PRS 04757). Durante esse período, Escada participou ativamente no grupo KWY, que integrava desde 1956, e consolidou o interessante posicionamento da sua estética, numa charneira tensa e ambígua entre a abstração e a figuração.

Prematuramente falecido, com apenas 46 anos de idade, José Escada (1934-1980) lega uma obra marcante no confronto com o panorama artístico do seu tempo. Num momento histórico em que as novas figurações eram a batuta de tantas tendências artísticas, apelou aos desígnios misteriosos das formas, entre o reconhecível e o desconhecido que delas sempre nasce.

Apesar de breve, esta exposição antológica ofereceu uma abordagem sinótica consistente à curva de transformações da obra do autor. Contemplava algumas pinturas informalistas, de finais dos anos 50 e inícios de 60 do século XX, de claros apelos vegetalistas, demorando-se depois nas investigações (dir-se-iam gestaltistas) que incluem os característicos relevos recortados dos anos 70. Essas peças, de grande exponenciação autoral, eram acompanhadas por desenhos, aguarelas e guaches, que manifestavam a multiplicidade de derivações das suas pesquisas em torno da psicologia da forma visual e dos seus caudais psíquicos, onde começam a surgir formas que pendem para as simetrias dos testes de Rorschach.

Um caráter mais surrealizante, que nunca estivera ausente, surge reforçado com o avançar dos anos 70, década que terminaria com o retorno à pintura a óleo da última fase do percurso do autor, que antecedeu a sua morte. Aí, o intimismo autobiográfico surge paralelamente a inquirições místicas e religiosas que Escada nunca deixou de denotar.

O catálogo regista importantes contribuições. À habitual contextualização institucional de José Sommer Ribeiro (então diretor do CAM), juntou-se a nota prévia de Maria de Lourdes Belchior enquadrando a exposição na interpenetração das artes plásticas e da literatura que a sua programação enquanto diretora do CCP desejava destacar. Neste caso, surgem duas figuras literárias associadas a Escada: António Alçada Baptista, com um texto incisivo, de proximidade pessoal com o artista, e Sophia de Mello Breyner Andresen, de quem foi traduzido um excerto do texto que escreveu para a última exposição de Escada na Galeria de São Mamede de Lisboa, em 1979.

Como recordou Guilherme d'Oliveira Martins, já em 2016, nesse texto de Sophia pode ler-se a referência ao sonante dito pessoano «Eu não evoluo, viajo», que seria adotado como título da primeira grande retrospetiva de José Escada, patente no Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna (galeria 1) entre 9 de julho e 31 de outubro de 2016.

Daniel Peres, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Auto-Retrato

José Escada (1934-1980)

Auto-Retrato, 1972 / Inv. 82P629

O Grande Feiticeiro

José Escada (1934-1980)

O Grande Feiticeiro, 1972-1973 / Inv. 83P1008

Retrato de Mário Cesariny

José Escada (1934-1980)

Retrato de Mário Cesariny, 1972 / Inv. 81P1007

S/ Título

José Escada (1934-1980)

S/ Título, 1965 / Inv. 65P276

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1960 / Inv. 80P1014

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1973 / Inv. 83P1009

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1973 / Inv. 83P1010

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1973 / Inv. 83P1011

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1973 / Inv. 83P1012

S/Título

José Escada (1934-1980)

S/Título, 1972-1973 / Inv. 83P1013


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

José Escada et la Peinture Portugaise depuis les Années 50

24 out 1991
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Centre Culturel Portugais
Paris, França

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da inauguração da exposição e da conferência «José Escada et la Peinture Portugaise depuis les Années 50» por Mareille Bazin

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04856

Álbum com coleção fotográfica e material gráfico: eventos junho a novembro 1991 (FCG-CCP, Paris). Contém 16 provas: inauguração da exposição de José Escada (17 out 1991), e conferência por Mireille Bazin (24 out 1991) 1991


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