A exposição itinerante «Os Herdeiros de Rietveld» foi inaugurada a 6 de novembro de 1990, no âmbito da visita da rainha da Holanda a Portugal, e esteve patente até 9 de dezembro, na Galeria do piso 1 do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

A exposição foi concebida por Martin Visser, designer, colecionador e ex-conservador do Museu Boijmans-van Beuningen, e pelo Rijksdienst Beeldende Kunst (serviço neerlandês para as belas-artes). Comissariada por Evert Rodrigo, a exposição contou, na sua produção, com o apoio da Embaixada dos Países Baixos em Lisboa.

O objetivo da mostra foi «contribuir de forma concreta e estimulante para a imagem que o design holandês evoca internacionalmente», através de um conjunto de produtos variados e de grande qualidade (Comunicado de imprensa, 27 jun. 1989, Arquivos Gulbenkian, CAM 00067).

Focando-se nos produtos e não no seu criador, a exposição mostrou variadas peças de design contemporâneo holandês, organizadas em 14 núcleos, que divulgavam os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos: Transportes; Cartazes; Gráficos; Identidade Colectiva; Iates; Têxteis; Rietveld; O Pavilhão; Schiphol Areoporto de Amesterdão; Acessórios; Mobiliário; Mobiliário para escritório; Aparelhagem; Engenharia; Tapetes.

Os autores holandeses representados na exposição tinham em comum o legado de Gerrit Rietveld (1888-1964), importante designer holandês, membro do grupo neoplasticista e colaborador da revista De Stijl.

O núcleo central da exposição era constituído por produtos de design de interiores domésticos, como os tapetes Van Besouw e Artifort, e de escritório, como os móveis Pastoe e Artifort e o mobiliário Mehes Plus da Ahrend. Foram ainda mostrados trabalhos de design gráfico, como selos e cartazes, e objetos holandeses de grande exportação, como os barcos à vela e a motor Huisman e De Voogt e os aviões Fokker 50 e 100.

Também foram apresentados produtos de pequena escala, como eletrónica Philips, bijutaria holandesa e jarras Delta, de Mart van Schijndel.

A itinerância da exposição iniciou-se no International Design Center, de Nova Iorque, em outubro de 1989, tendo seguido para o Pacific Design Center, em Los Angeles, e depois para Chicago. Entre 1991 e 1992, a exposição foi apresentada na Europa, sendo vista em Londres, Milão, Barcelona, Madrid e Paris. Depois de ter estado em Lisboa, foi apresentada no Porto, no Mercado Ferreira Borges, de 6 a 28 de fevereiro de 1991.

A divulgação da exposição dividiu opiniões. No suplemento Notícias Magazine, foi considerada extraordinária e «a não perder». Não seria, todavia, essa a opinião do crítico do jornal O Independente (assinado H. R. S.), para quem o conjunto exposto «não suscita uma grande admiração, tanto as formas como os materiais utilizados não são suficientemente inovadores para competir, por exemplo, com os designers italianos» (H. R. S., Diário de Notícias. Notícias Magazine, 18 nov. 1990).

Carolina Gouveia Matias, 2018