A Fotografia Actual em França. Escolha de 3 Críticos

Exposição coletiva realizada no âmbito das trocas culturais entre Portugal e França e comissariada pelos críticos Gilles Mora, Jean-Claude Lemagny e Patrick Roegiers. A mostra apresentou um conjunto de fotografias realizadas nos últimos cinco anos, com o objetivo de dar a conhecer o ecletismo da fotografia francesa mais recente.
Collective exhibition staged as part of a cultural exchange between Portugal and France and curated by critics Gilles Mora, Patrick Roegiers and Jean-Claude Lemagny. The show presented a selection of photographs taken over the previous five years, with the aim of revealing the eclecticism of recent French photography.

A exposição «A Fotografia Actual em França. Escolha de 3 Críticos» foi organizada no âmbito das relações culturais entre Portugal e França, sob os auspícios do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, do Ministério da Cultura francês e da Association Française d’Action Artistique.

Comissariada por três críticos franceses – Gilles Mora (comissário-geral), Jean-Claude Lemagny e Patrick Roegiers –, a exposição nasceu do desejo de Mora de traçar «o panorama do ecletismo das práticas actuais da Fotografia em França» (A Fotografia Actual em França. Escolha de 3 Críticos, 1990, p. 7). Para a sua realização em Lisboa, foi constituída uma comissão de honra que reunia altas individualidades da diplomacia e da cultura dos dois países, tais como: Roland Dumas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros; Jack Lang, ministro da Cultura, da Comunicação, dos Grandes Trabalhos e do Bicentenário; Thierry de Beauce, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e encarregado das relações culturais internacionais; e Luís Gaspar da Silva, embaixador de Portugal em França.

Pensada para ser primeiramente apresentada no International Center of Photography, a exposição foi preparada em Nova Iorque, embora tenha seguido para Lisboa, onde foi apresentada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, devido à intervenção de Jorge Molder, coordenador da exposição. O desejo de mostrar o lado eclético da produção fotográfica francesa levou a que a exposição fosse dividida em três partes: «Sem Perder a Fotografia de Vista/Autobiographical Photography», «A Ressurreição dos Corpos/Materials, Shadows and Fictions» e «A Vista é um Palco/Staged Photographies».

Gilles Mora, fundador e chefe de redação da revista Les Cahiers de la Photographie, foi responsável pela secção «Sem Perder a Fotografia de Vista/Autobiograpical Photography», na qual foi apresentado o registo do quotidiano e o universo pessoal de oito fotógrafos. O lado mais experimental da exposição coube à secção «A Ressurreição dos Corpos/Materials, Shadows and Fictions», orientada por Jean-Claude Lemagny, da Bibliothèque Nationale, na qual o corpo humano, destituído de individualidade, foi o ponto de partida para a representação de temas religiosos e míticos e para a investigação de detalhes e texturas captados pela objetiva, «um mergulho nas possibilidades materiais do objecto fotográfico» (C. M. J., O Independente, 29 jul. 1990). Este núcleo foi considerado o mais interessante, por Manuel Miranda, que sobre Jean-Claude Lemagny escreveu: «[…] apesar dos seus quase 60 anos, continua a revelar uma frescura e um entendimento amplo do fenómeno da criação fotográfica, que apoia e segue circunstancialmente.» (Miranda, O Independente, 29 jul. 1990)

Em «A Vista é um Palco/Staged Photographies», núcleo que teve a curadoria de Patrick Roegiers, crítico do Le Monde, foram apresentadas fotografias de grande dimensão, a cores e com técnicas mistas, que exploravam o lado ficcional do registo fotográfico. Os sete artistas selecionados por Roegiers desenvolveram trabalhos que partiam da intervenção sobre o suporte fotográfico e da criação de realidades através de atos performativos.

No total, segundo José Sommer Ribeiro, estiveram representados 29 fotógrafos, «bem expressivos da vitalidade e importância que a fotografia possui» em França, numa exposição que pretendeu ser, mais que antológica, instigadora de questões sobre o futuro da fotografia (A Fotografia Actual em França. Escolha de 3 Críticos, 1990, p. 5).

«A Fotografia Actual em França» teve receções mistas por parte da imprensa nacional, obtendo críticas positivas, que deram destaque à iniciativa da Gulbenkian e de Jorge Molder na estreia mundial da exposição em Lisboa, e críticas negativas, que apontaram o valor desigual e desequilibrado do conjunto de trabalhos selecionados: «Assumindo-se como um manifesto da diversidade das práticas artísticas em torno desse tão popularizado meio de expressão, a mostra reúne 29 fotógrafos e mais de duas dezenas de obras de valor desigual, sob um rótulo de ecletismo que acaba por ser, no mínimo, extremamente enganador.» (Miranda, O Independente, 29 jul. 1990)

Considerada uma «ambiciosa mostra», a exposição foi, no geral, elogiada pela diversidade de abordagens que apresentou ao público português e pelo «saudável ecletismo que percorre “A Fotografia Actual em França”» (Santos, Público, 30 jun. 1990).

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00210

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência interna e externa, orçamentos, recortes de imprensa e material para o catálogo. 1990 – 1990


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