Com o patrocínio da Embaixada de França, da Comissão Nacional do Conselho Internacional dos Museus (ICOM) e da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), ao abrigo do Acordo de Cooperação Cultural e com a colaboração da Secretaria de Estado da Cultura, inaugurou-se, em janeiro de 1978, na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian a exposição «Six Regards. O Centro Georges Pompidou visto por seis fotógrafos», no âmbito das comemorações da criação do Centre Georges Pompidou (Paris), inaugurado a 31 de janeiro de 1977.

Neste sentido, a Fundação Calouste Gulbenkian acolheu em Lisboa e no Porto uma representação de individualidades e colaboradores do Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, assim como duas exposições realizadas em simultâneo: «Six Regards. O Centro Georges Pompidou visto por seis fotógrafos» e «Geografia da Cor», que então obtiveram grande aceitação junto do público e da crítica. Estas duas mostras foram complementadas com um notável número de atividades culturais, incluindo seminários, colóquios, conferências e projeções de filmes. Tais iniciativas contaram com a presença da viúva de Georges Pompidou, Claude Jacqueline Pompidou, que se deslocou a Lisboa com o intuito de participar na inauguração das exposições, que visaram divulgar os objetivos que haviam presidido à criação do Centre Georges Pompidou (CGP), os aspetos específicos da sua montagem e as aplicações práticas da sua atividade, que se distribuía pelo Musée d’Art Moderne, pela Bibliothèque Publique d’Information e pelo Centre de Création Industrielle.

Para acompanhar a conceção e produção das exposições, o CGP disponibilizou um grupo de profissionais e especialistas, que se deslocaram a Lisboa para orientar os trabalhos associados e colaborar não só nas duas exposições como nas conferências e nos seminários.

A nível nacional, estas iniciativas integraram igualmente um grupo de trabalho, reunido pela Comissão Nacional do ICOM, cujo objetivo foi o de apoiar a preparação da exposição, das conferências, seminários e animação cultural. Deste grupo fizeram parte os conservadores de alguns museus nacionais, como Maria Helena Soares Costa (Museu Calouste Gulbenkian), Maria Margarida Matias (Museu Nacional de Arte Contemporânea), Simonetta Luz Afonso (Palácio Nacional de Queluz), Ana Maria Brandão (Museu Nacional do Traje) e Maria Fernanda Passos Leite (Museu Nacional de Arte Antiga). Este grupo funcionou ainda como equipa de coordenação entre o ICOM, a Embaixada de França em Portugal e a Direcção-Geral de Acção Cultural.

A exposição «Six Regards», concebida e realizada pelo responsável das Relações Exteriores do Centre Georges Pompidou, Jacques Saur, assistido por Pierre Penoyl, reuniu 52 fotografias da autoria de seis fotógrafos franceses: Claude Raimond-Dityvon (1937-2008), Jeanloup Sieff (1933-2000), Marc Riboud (1923-2016), Martine Franck (1938-2012), Richard Kalvar (1944) e Robert Doisneau (1912-1994).

Pretendeu-se também enquadrar a exposição num programa mais vasto de animação cultural, que, para além de atrair mais público, possibilitou estreitar a relação cultural entre a comunidade portuguesa e francesa. Referem-se como atividades que acompanharam a mostra: uma conferência inaugural proferida por Jean Millier, presidente do Centre Georges Pompidou; uma visita à exposição, seguida de debate, orientada por Gilbert Paris (diretor de relações exteriores do Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou); várias projeções do filme Centro Pompidou, de Roberto Rossellini (1906-1977); um colóquio sobre o Musée d’Art Moderne/Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, orientado pelo diretor do museu, Pontus Hulten; um seminário intitulado «A Biblioteca Pompidou (Beaubourg): O seu papel relativamente ao público e ao Centro», orientado por M. Filler, ex-diretor da Biblioteca de Tours e diretor da Biblioteca do CGP, e, por fim, um seminário sobre o Centre de Création Industrielle Georges Pompidou, orientado por M. Muhlander, seu diretor.

A exposição prolongou-se por quatro semanas, e as iniciativas mencionadas realizaram-se durante esse mesmo período. Depois da apresentação em Lisboa, a exposição foi ainda montada na Casa do Infante, no Porto, onde registou novamente um enorme número de visitantes.

Os contactos resultantes desta parceria entre o Museu Calouste Gulbenkian e o Centre Georges Pompidou conduziram, em maio de 1980, ao projeto de realização da exposição, de itinerância internacional «As Mãos Vêem / Les Mains Regardent», organizada pela conservadora Danièle Giraudy.

Joana Brito, 2016