Lugares da Arquitectura Europeia

Exposição de arquitetura europeia, comissariada por Jean-Pierre Pranlas-Descours, foi fruto da iniciativa da Academia de França em Roma. Foram expostas fotografias e maquetes de 16 equipas de arquitetos de quatro países europeus, que lançavam o debate sobre a prática arquitetónica na sua relação com o lugar e os materiais, e as suas implicações na transformação do real.
Major exhibition on European architecture, curated by Jean-Pierre Pranlas-Descours and proposed by the French Academy in Rome. The show presented photographs and models by 16 teams of architects from four different European countries.

A exposição «Lugares da Arquitectura Europeia» inaugurou a 17 de agosto de 1989, na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), e foi comissariada pelo arquiteto Jean-Pierre Pranlas-Descours. Partiu da iniciativa de Jean-Marie Drot, diretor da Académie de France à Rome, e nela estiveram envolvidos três serviços da FCG: Serviço de Exposições e Museografia, Centro de Arte Moderna e Serviço Internacional.

A museografia foi concebida em torno de quatro núcleos temáticos, compostos por 64 painéis, 80 fotografias e 16 maquetas, que desenvolviam os seguintes temas: «O lugar como tecido de pré-existências»; «O projecto como processo de transformação da realidade»; «As matérias na origem de toda a edificação»; «Um trabalho racional sobre o vocabulário arquitectónico e sobre as relações dos materiais tradicionais e modernos». Contribuíram para a mostra os trabalhos de 16 equipas de arquitetos de quatro países: Espanha, França, Itália e Portugal.

O artigo que João Vieira Caldas e Paulo Varela Gomes escreveram para o Expresso é inequívoco quanto à relevância desta exposição: «No quadro internacional, é das mais significativas exposições de arquitectura de há muito organizadas na Europa e constitui desde já um marco histórico no debate contemporâneo.» (Caldas; Gomes, Expresso, 26 ago. 1989, p. 44-R)

Os mesmos autores não deixam todavia de assinalar «o modo quase clandestino como [a exposição] apareceu na Fundação Gulbenkian, em pleno mês de férias», e o facto de ser «organizada por críticos e arquitectos para arquitectos e críticos», o que terá contribuído para que se tornasse «um lugar incómodo para o público "leigo"», pela sua recusa em abordar a arquitetura contemporânea como um tema mediático e glamoroso. Criticam o mau português do catálogo, mas elogiam Kenneth Frampton, «o homem que dá alma à exposição» e escreve o «único texto do catálogo que não participa do autismo, dos tiques de linguagem do discurso crítico da arquitectura moderna» (Ibid.).

No âmbito da exposição foi realizado um colóquio, a 3 de outubro de 1989, no Auditório 3 da Sede da FCG, que partiu da iniciativa do comissário Jean-Pierre Pranlas-Descours. Para a ocasião, foram convidadas várias figuras relevantes do panorama da arquitetura contemporânea internacional, como Josep Llinàs Carmona, Guillermo Vázquez Consuegra, Roberto Collovà, Gabriela Ioli Carmassi, Kenneth Frampton, Adalberto Dias, João Correia, Alexandre Alves Costa, Álvaro Siza Vieira, João Luís Carrilho da Graça, Manuel Vicente, Gonçalo Byrne e Duarte Cabral de Mello, cuja presença não foi possível apurar.

O circuito internacional da mostra, que teve início em Roma (novembro de 1988), passou por Madrid (fevereiro e março de 1989) e Paris (abril de 1989), antes de chegar a Lisboa. Em Portugal, esteve ainda patente no Museu de Évora, com inauguração a 16 de janeiro de 1990, onde incluiu igualmente um colóquio, realizado a 31 de janeiro.

A exposição, que terá tido «un grand succès à Lisbonne», na opinião de Alain Lombard, secretário-geral da Academia de França em Roma (Carta de Alain Lombard para José Sommer Ribeiro, 3 jan. 1990, Arquivos Gulbenkian, SEM 00426), contou com uma boa cobertura na imprensa escrita.

O texto que Kenneth Frampton assina no catálogo faz o elogio da arquitetura moderna e, especificamente, dos ateliês cujo trabalho foi exposto na FCG, enquanto centros de resistência não só da «tendência geral que consiste em reduzir a construção a um projecto isolado de todo o contexto», mas também da degradação da arquitetura e do debate arquitetónico (Lugares da Arquitectura Europeia, 1990, p. 9).

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Colóquio

Lugares da Arquitectura Europeia

31 jan 1990
Museu de Évora
Évora, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Colquio «Lugares da Arquitectura Europeia»

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00426

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência interna e externa, orçamentos, material para o catálogo e recortes de imprensa. 1988 – 1990

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02242

Coleção fotográfica, cor: conferência (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02244

Coleção fotográfica: inauguração (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0247-D00774

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0247-D00775

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0247-D00776

Coleção fotográfica, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0247-D00777

Coleção fotográfica: inauguração (FCG, Lisboa) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0247-D00778

Coleção fotográfica: inauguração (FCG, Lisboa) 1989


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