Esta foi a terceira exposição realizada no âmbito de uma investigação conduzida por Michele Greco, intitulada «Itinerários de Arte Contemporânea», em colaboração com a Câmara Municipal de Milão, «sobre as relações que existem entre Arte e o Ambiente em que esta se manifesta e cujos estímulos e motivações definem as características dessa mesma arte» (Itinerari d'Arte Contemporanea 1986-1987, 1986, p. 6). Procuravam-se, portanto, as razões geográficas para as características de determinada expressão artística, numa colaboração entre cultura e turismo.

Depois da apresentação em Lisboa, a exposição esteve presente no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto. Para esta produção, foi realizada uma colaboração entre este museu e a Fundação Calouste Gulbenkian, deslocando-se a Lisboa a conservadora do Museu Nacional de Soares dos Reis, Maria da Natividade Fernandes. Neste museu, a exposição esteve patente de 9 de maio a 2 de junho 1986.

No âmbito da exposição no Museu Nacional de Soares dos Reis, foi realizada uma performance pelos alunos do Curso Superior de Teatro da Cooperativa Árvore, a 28 de maio de 1986. Esta consistia na interpretação da exposição, baseando-se em textos de Fernando Pessoa e Michele Greco, e foi seguida de um debate.

Sobre a curadoria da exposição no Porto, foi encontrado um artigo do Jornal de Notícias, segundo o qual «participam 31 artistas. O meio de apresentação usado é o seguinte: uma fotografia de um espaço conotado com a cidade, depois uma segunda fotografia com uma intervenção plástica (extraída do catálogo) e, finalmente, um objecto artístico (quadro, fotografia, etc.) que tem uma relação directa com essa intervenção» («Exposição italiana no Soares dos Reis», Jornal de Notícias, 13 mai. 1986).

A organização do catálogo segue esta mesma lógica, atribuindo-se a cada artista uma fotografia de uma parte de uma cidade, uma fotografia em que é inserido, através de uma manipulação fotográfica, o objeto artístico final e, finalmente, o objeto artístico.

Também no âmbito da exposição, foi lançado um concurso de estadias em Itália: para profissionais do mundo das artes, enviando uma proposta sobre a cidade de Lisboa, em linha com a temática da exposição; para os dois melhores artigos de jornalistas publicados em jornais diários ou periódicos nacionais sobre a exposição; e para estudantes com idades inferiores a 25 anos que produzissem um texto sobre a exposição ou a sua temática.

Os vencedores ficariam três dias em Milão, hóspedes de um artista italiano, três dias em Florença, hóspedes do crítico de arte e comissário da exposição Michele Greco, e três dias em Roma, com um artista italiano. Durante estas estadias, os vencedores do concurso deveriam realizar documentos e fotografias com as impressões da viagem, que depois seriam compilados e publicados num livro editado pela Fundação.

Os vencedores do concurso foram os artistas Garizo do Carmo, Francisco Laranjo e João Paulo Forjaz Trigueiros; os jornalistas Judite Cruz, Alexandre Melo e João Pinharanda; e os estudantes Marina Rutler Ruivo e Carlos Bessa. A divulgação dos nomes apurados foi feita através da imprensa nacional.

Carolina Gouveia Matias, 2017