Exposição individual de fotografia de Jorge Molder (1947), realizada na Suíça (primeira mostra do artista no país), com organização do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e comissariada pelo então diretor do CAM, José Sommer Ribeiro.

Em conformidade com a colaboração prestada em iniciativas de cariz idêntico, a Presidência da República de Portugal solicitou o apoio do Centro de Arte Moderna na organização das atividades culturais integradas na visita oficial do presidente da República Mário Soares à Suíça (Ofício da Presidência da República, 8 abr. 1988, Arquivos Gulbenkian, CAM 00140).

As relações culturais mantidas entre a FCG e a Suíça, nomeadamente a organização de exposições de artistas suíços nas galerias da Gulbenkian em Lisboa, justificavam e reforçavam esta colaboração («8.ª Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausana», 1977, e «Imagens da Suíça Francesa: Cantão de Vaud: Oito Pintores, Oito Cineastas», 1982).

A exposição foi apresentada no Musée de l’Elysée, de Lausanne, à época um dos mais prestigiados museus de fotografia da Europa, e contou com um conjunto de 80 a 90 fotografias (40 × 50 cm), realizadas entre os anos de 1980 e 1987 e correspondentes a várias séries fotográficas de Jorge Molder, separadas e reagrupadas em 1988 nas séries Waiters, Lares e Janus, O Fazer Suave de Preto e Branco (O Fazer Suave de Preto e Branco, 1985), Modus Inveniendi, Um Dia Cinzento, Cabinet d’Amateur e Auto-retratos.

No catálogo da exposição, a apresentação da obra de Jorge Molder ficou a cargo do especialista francês em estética da fotografia François Soulages, que aborda os eixos centrais da temática do fotógrafo (morte; o triângulo autor-obra-recetor; o universo do artista; a construção do possível) e sintetiza os principais pressupostos de cada uma das séries em exposição (Jorge Molder. L’Oubli, 1988).

Na imprensa suíça, o ensaísta e então conservador do Musée de l’Elysée, Charles-Henri Favrod, destacava a originalidade da obra de Molder na criação contemporânea: «Jorge Molder, le plus discret des photographes, est aussi celui que montre le mieux son rôle interventionniste dans le mode de représentation des choses. […] Je connais peu d’œuvres qui entraînent davantage une réflexion sur ce que le photographe est en mesure d’apporter aujourd’hui d’approche inédite, de moyen nouveau d’introspection et de rétrospection, en bref, et d’un mot, de révélateur.» (Jaunin, Le Matin, 26 mai. 1988, p. 19)

Além desta mostra, o programa de atividades incluiu uma exposição de pintura portuguesa do século XX («Images du Portugal. 3 Peintres: Souza-Cardoso, Júlio Pomar e Paula Rego») e uma exposição dedicada aos desenhos de Jorge Martins («Jorge Martins. Dessins»).

Filipa Coimbra, 2018