Lilly Rosa

Exposição individual da artista norte-americana Lilly Rosa (1955), resultante da iniciativa de realizar duas exposições individuais, da artista e do seu marido, Gary Hansmann, que decorreram em simultâneo no Centro de Arte Moderna. A mostra contou com 56 trabalhos, que denotaram o grande envolvimento da artista com a tradição oficinal da gravura, da pintura e do desenho.
Solo exhibition of the work of North American artist Lilly Rosa (1955) resulting from an initiative for two individual exhibitions, the other focusing on the artist's husband, Gary Hansmann, held simultaneously at the Modern Art Centre. The show included 56 works representing the artist's dedication to the tradition of workshop printmaking, painting and drawing.

Inaugurada a 19 de novembro de 1987 na Galeria de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM), a exposição «Lilly Rosa» apresentou 56 trabalhos da produção mais recente desta artista luso-americana.

No seu conjunto, as obras expostas denotavam o grande envolvimento com a tradição oficinal da gravura, da pintura e do desenho por parte da autora. Lilly Rosa (1955) submete essa imersão nos legados imagéticos e tecnológicos da história da arte a uma roupagem mais contemporânea, onde a fábula, o fantástico e o esoterismo vão poluindo uma figuração que balança entre ideários populares e deambulações surrealizantes (Lily Rosa, 1987).

Na miscelânea temática que caracteriza as peças expostas no CAM sobressaem, deliberadamente, as raízes açorianas da família da artista, denunciando o pendor autobiográfico da sua obra. Os arquétipos associados ao mar desempenham um forte papel, surgindo imagens de carpideiras fatalistas na partida dos entes queridos; gente misteriosa de canasta à cabeça; animalia marinha; personagens de mantos negros em cenários sombrios (Ibid.).

Estas figurações vão sendo cruzadas com referências mitológicas, numa súmula de catolicismos e paganismos – um contágio sempre presente na antropologia cultural das regiões mais rurais, nos anjos e demónios que povoam o imaginário popular. A condição social da mulher obtém também destaque nas preocupações da autora, que, através de profusas e variadas representações de personagens femininas, vai problematizando alguns sexismos que exerceram a sua pressão nos contextos culturais que esta obra invoca.

Lilly Rosa constrói o seu universo expressivo com base na experiência individual de todo este caldeirão iconológico, resultante da assimilação da cultura piscatória dos seus pais e antepassados. O que sobressai como denominador comum no seu trabalho é um embate conturbado com a ancestralidade dessa cultura, apelidada como proveniente de um «velho mundo cujos valores foi contactando e imaginando, algo remotamente, mediante o complexo filtro da emigração. É um legado cultural que a autora norte-americana prontamente apelida como proveniente de um “velho mundo”, uma polarização que muito se destaca nos objectos de fascínio da sua obra, eventualmente algo conservadores e anacrónicos no que à história da arte diz respeito». (Vreeland, «The Lady paints the Blues», Hill Courier, jun. 1985; traduzido no catálogo desta exposição).

A exposição de Lilly Rosa desenvolveu-se paralelamente à de Gary Hansmann (1940-2008), seu marido, decorrendo ambas no Centro de Arte Moderna. Ambas as mostras foram constituídas, em boa medida, por trabalhos inéditos. O projeto terá demorado um ano a concretizar-se, com a FCG a garantir os custos de transporte e montagem do total de 115 obras, que ambos os artistas apresentaram em Lisboa no final de 1987.

A vasta correspondência trocada entre os artistas e os serviços da Fundação Calouste Gulbenkian inclui diversas cartas com desenhos originais, que, após as exposições, viriam a ser incorporadas nos acervos do CAM (atual Coleção Moderna da FCG), onde já se existiam, à data, duas obras de Lilly Rosa e duas de Gary Hansmann. Estas obras integraram respetivamente as mostras dos dois artistas.

Daniel Peres, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A Minha Avózinha

Lilly Rosa (1955-)

A Minha Avózinha, Inv. GE251

Carta Decorada

Lilly Rosa (1955-)

Carta Decorada, 1987 / Inv. DE136

The Fool

Lilly Rosa (1955-)

The Fool, Inv. GE252

A Minha Avózinha

Lilly Rosa (1955-)

A Minha Avózinha, Inv. GE251

Carta Decorada

Lilly Rosa (1955-)

Carta Decorada, 1987 / Inv. DE136

The Fool

Lilly Rosa (1955-)

The Fool, Inv. GE252


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00040

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência diversa (incluindo uma carta com um desenho original da autoria de Gary Hansmann), listas de obras e respetivos valores de seguro, guias de transporte, convites, pedidos de orçamento para impressão dos catálogos. 1986 – 1989

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997


Exposições Relacionadas

Yersín

Yersín

1987 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

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