O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea

Colóquio «O Fantástico na Arte Contemporânea»

Exposição de arte portuguesa, comissariada por Rui Mário Gonçalves, surgida no contexto do colóquio «O Fantástico na Arte Contemporânea» e tendo feito parte de um conjunto de iniciativas levadas a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian, através do Serviço ACARTE. Complementarmente à exposição, foi planificado um programa de atividades que integrou concertos de música, espetáculos de bailado e sessões de cinema.
Exhibition on Portuguese art curated by Rui Mário Gonçalves arranged around the theme of the Colloquium Fantasy in Portuguese Art and forming part of a series of initiatives by the Calouste Gulbenkian Foundation through its ACARTE department. The show was complemented by a cultural programme of musical concerts, dance performances, and film screenings held concurrently with the exhibition.

Esta exposição fez parte de um conjunto de iniciativas levadas a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian, por intermédio do Centro de Arte Moderna (CAM) e pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), a partir de uma proposta de Maria Alzira Seixo. A exposição, que antecedeu as restantes iniciativas, surgiu no contexto do colóquio «O Fantástico na Arte Contemporânea».

Como seria explicado pelos organizadores, o «fantástico» era uma «noção controversa», um «tema vago» e, contudo, «marcante na produção artística contemporânea», razão pela qual mereceria particular destaque (O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea, 1986).

A planificação deste ciclo foi projetada por Vasco Granja e por Fernando de Azevedo, que procuravam demonstrar a transversalidade do fantástico em diversas manifestações artísticas e contextos disciplinares. O comissariado da exposição de artes plásticas, entregue ao crítico de arte Rui Mário Gonçalves, seria também ferramenta de análise, reflexão e diálogo para o tema trazido a debate.

A mostra contaria com a participação de 30 artistas, representados num conjunto de cerca de 60 obras, que integravam várias disciplinas artísticas, desde a pintura à escultura, passando pelo desenho e pela gravura, dispondo, para tal, do acervo da Coleção do CAM (atual Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian) e contando ainda com a colaboração de vários emprestadores privados.

Na introdução do catálogo da exposição, o curador explicava como os constrangimentos espaciais condicionavam a possibilidade de se realizar uma exposição panorâmica sobre o tema do fantástico e das problemáticas a ele associadas: «Apresentam-se aqui obras de três dezenas de artistas que de algum modo importa considerar num colóquio sobre “o Fantástico na Arte Contemporânea”. Número limitado de autores, sem dúvida, é todavia já excessivo para a capacidade da sala. Não constituem, portanto, um conjunto suficiente para uma exposição panorâmica. […] Por isso se abriu a exposição antes do colóquio, dando prioridade às vozes do silêncio.» (O Fantástico na Arte Portuguesa, 1986)

Rui Mário Gonçalves entendia ser igualmente útil ao visitante percorrer as restantes salas do CAM e contactar com «outras obras dos mesmos autores, aí expostas noutros contextos», de modo a enquadrar «as tendências modernas em que o fantástico se manifesta» (Ibid.).

Os critérios que orientaram esta seleção recaíram, portanto, na proximidade relativamente ao tema, contemplando manifestações do fantástico que não sacrificassem a heterogeneidade das propostas artísticas. As escolhas do curador abrangeram também a arte popular, representada pela ceramista Rosa Ramalho (1888-1977), e a psicopatologia, com as obras de Jaime Fernandes (1899-1969).

No texto introdutório, Rui Mário Gonçalves explicava ainda que as tendências contemporâneas não se integravam «completamente no domínio do fantástico». No entanto, concluía que «este reencontro na obra de arte é sempre mediatizado pela sua leitura. Daí a importância da cultura, do exercício comparativo» (Ibid.).

Paralelamente, e em complementaridade com a exposição, foi planificado pelo Serviço ACARTE um programa de atividades alargado e interdisciplinar: um espetáculo musical pelo grupo ColecViva; espetáculos de bailado pela companhia francesa de Claude Brumachon; sessões de cinema (Silvestre, de João César Monteiro; Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro); sessões de cinema de animação; um concerto pelo Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, dirigido pelo maestro Jorge Peixinho; e, finalmente, o colóquio subordinado ao tema «O Fantástico na Arte Contemporânea», coordenado por Maria Alzira Seixo, presidido por Fernando de Azevedo, Charles Grivel, Rui Mário Gonçalves, Magdalena Wandzioch, Louis Marin e José Blanc de Portugal, que contou com a participação de especialistas nas mais variadas áreas artísticas e culturais, tais como a literatura, a música, as artes plásticas, o cinema, o cinema de animação, o teatro, a arquitetura e a poesia (Pedro Vieira de Almeida, Filipe Furtado, Jorge Leitão Ramos, Natália Correia, Salvato Teles de Menezes, Leonor Machado de Sousa, Maria Helena Serôdio, Carlos Sequeira Costa, Silvina Rodrigues Lopes, José Nobre da Silveira, Vasco Granja, Rui Mário Gonçalves, José-Augusto França, Jorge Peixinho, José Nobre da Silveira, Manuel João Gomes, Augusto M. Seabra e Carlos Reis).

Nos intervalos das intervenções, foram projetados filmes de animação (de Bernard Palacios, Gérard Collin, Jacques-Armand Cardon, Jacques Drouin e Norman McLaren), selecionados por Vasco Granja, com a intenção de divulgar este género cinematográfico em Portugal.

As comunicações do colóquio foram posteriormente compiladas numa edição da FCG/ACARTE, intitulada O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea e publicada em 1992.

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Homenagem a Fernão Mendes Pinto

António Areal (1934-1978)

Homenagem a Fernão Mendes Pinto, c. 1957-1958 / Inv. DP444

s/título

António Areal (1934-1978)

s/título, (1957-58) / Inv. DP437

Escultura I

António Pedro (1909-1966)

Escultura I, 1952 / Inv. 79E759

Nocturno - Árvores humanas

António Pedro (1909-1966)

Nocturno - Árvores humanas, 1940 / Inv. 80P837

Estudo para local urgentemente necessário

Artur Cruzeiro Seixas (1920-2020)

Estudo para local urgentemente necessário, 1972 / Inv. DP515

O 3º combate

Artur Cruzeiro Seixas (1920-2020)

O 3º combate, 1968 / Inv. DP505

sem título

Bartolomeu Cid dos Santos (1931- 2008)

sem título, 1976 / Inv. GP2193

Terra Incógnita

Bartolomeu Cid dos Santos (1931- 2008)

Terra Incógnita, 1978 / Inv. GP750

As Tentações de Santo Antão

Emília Nadal (1938-)

As Tentações de Santo Antão, 1974 / Inv. P1378

Sem título

Fernando de Azevedo (1923-2002)

Sem título, 1961 / Inv. 62P257

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP254

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP256

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP257

S/Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/Título, 1965-1969 / Inv. DP255

Apocalipse 8,12

João Abel Manta (1928-)

Apocalipse 8,12, 1969 / Inv. 69P1444

A pele do diabo

João Navarro Hogan (1914-1988)

A pele do diabo, Inv. GP1400

Tédio

João Navarro Hogan (1914-1988)

Tédio, Inv. GP1345

D. Quixote

José Dominguez Alvarez (1906-1942)

D. Quixote, Inv. 83P445

Pintura

Luís Noronha da Costa (1942-2020)

Pintura, Inv. 81P623

Simumis

Marcelino Vespeira (1925-2002)

Simumis, 1949 / Inv. 82P478

História Trágico-Marítima ou Naufrage

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

História Trágico-Marítima ou Naufrage, Inv. 78PE97

Pintura lacerada II

Mário Cesariny (1923-2006)

Pintura lacerada II, 1970 / Inv. 83P539

s/título

Mário Cesariny (1923-2006)

s/título, 1972 / Inv. 81P857

Título desconhecido

Mário Eloy (1900-1951)

Título desconhecido, Inv. DP783

Mémoires d'Enfance - Birthday Party

Martha Telles (1930-2001)

Mémoires d'Enfance - Birthday Party, 1976 / Inv. 83P1104

O Diabo Gato – Três Diabinhos atados por um cordel branco - Série Os Contos Populares Portugueses

Paula Rego (Lisboa, Portugal, 1935 – Londres, Inglaterra, 2022)

O Diabo Gato – Três Diabinhos atados por um cordel branco - Série Os Contos Populares Portugueses, Inv. DP240

Título desconhecido

Paula Rego (Lisboa, Portugal, 1935 – Londres, Inglaterra, 2022)

Título desconhecido, Inv. DP236


Eventos Paralelos

Ciclo de cinema

O Cinema de Animação e o Fantástico

26 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Concerto

[O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea]

25 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Bailado / Dança

Companhia de Claude Brumachon

20 fev 1986 – 22 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

Trás-os-Montes

13 fev 1986 – 14 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Concerto

Grupo ColecViva

9 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Bailado / Dança

Oc Le Narquois et Oriane L'Effraie, de Claude Brumachon

20 fev 1986 – 22 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Colóquio

O Fantástico na Arte Contemporânea

27 fev 1986 – 1 mar 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

Silvestre

13 fev 1986 – 14 fev 1986
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Bailado «Companhia de Claude Brumachon»
Concerto «Grupo ColecViva»

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00027

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, orçamentos, correspondência recebida e expedida, empréstimos de obras, ofícios internos, seguros. 1985 – 1987

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00059

Pasta com documentação referente à produção das atividades do colóquio promovido pelo ACARTE. Contém convites aos artistas/conferencista, planificações e programas, correspondência interna e externa. 1986 – 1986

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00046

Pasta com documentação referente à produção das atividades do ciclo promovidas pelo ACARTE. Contém convites aos artistas/conferencista, planificações e programas, correspondência interna e externa. 1986 – 1986

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE-S084-P0057/14

11 provas, p.b., cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1986

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE-S084-P0057/06

Coleção fotográfica, p.b., cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1986


Exposições Relacionadas

Jaime

Jaime

1980 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

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