Jaime

Exposição monográfica de Jaime Fernandes (1899-1968), um dos principais representantes portugueses da «Arte Bruta», expressão concebida por Jean Dubuffet para designar a arte produzida fora dos padrões tradicionais. Foram apresentados cerca de 70 desenhos a esferográfica e lápis produzidos por Jaime no final da sua vida.
Monographic exhibition of Jaime Fernandes (1899-1968), one of Portugal's most recognisable outsider artists with approximately 70 drawings in ballpoint pen and pencil produced on the last four years of his life (1965 to 1969). Jaime's work was found at the beginning of the 1970s by the poet and filmmaker António Reis.

Jaime Fernandes (1899-1968), ou, simplesmente, Jaime, era um camponês que sofria de esquizofrenia paranoica e que foi internado em 1938 no Hospital Miguel Bombarda. Uma das manifestações tardias da sua doença foi um forte impulso criativo, que resultou na produção de vasta obra gráfica e pictórica nos últimos quatro anos da sua vida (entre 1965 e 1969).

O trabalho de Jaime foi «descoberto» no início da década de 1970 pelo poeta e cineasta António Reis, que, em 1973-74, realiza, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), um filme documentário sobre a vida e obra desta personalidade. Em 1974, esteve prevista a realização de uma exposição que lhe era dedicada, de modo a coincidir com a primeira apresentação pública do filme. Porém, por motivos que não são esclarecidos na documentação consultada, e que poderão estar relacionados com as mudanças políticas do país, a concretização dessa iniciativa foi adiada.

Na mostra inaugurada em 1980, foram apresentados cerca de 70 desenhos a esferográfica e lápis produzidos por Jaime no final da vida. As obras foram cedidas pelos seus proprietários de então, Maria Eugénia Cunhal (a quem pertencia o maior número de desenhos), Maria de Lourdes Franco e Machado Nunes. Após o encerramento da exposição, os trabalhos de Jaime ficaram à guarda do Serviço de Exposições e Museografia da FCG até 1983, ano em que alguns dos desenhos foram adquiridos pela Fundação (Carta de Sommer Ribeiro para Maria de Lourdes Franco e Maria Eugénia Cunhal, 7 abr. 1983, Arquivos Gulbenkian, SEM 00192).

O texto do catálogo, da autoria do médico e psicanalista João dos Santos, propunha uma contextualização do universo de Jaime: «Não é uma exposição de desenhos que aqui se mostra. Mostra-se Jaime e o seu mundo visionado através das teias que o limitam. Mostra-se como, segundo os seus escritos “oito vezes morreu já Jaime” e como oito vezes renasceram nele fantasmas cativos desde a eternidade. Definem-se na sua obra, formas desenhadas a traços duros e cores sombrias, que modelam figuras humanas inteiras e hieráticas, ou figuras parcelares, constituídas por cabeças perdidas duma corporalidade que se esvai num vórtice paradoxalmente florido. A fantasia da violação e do desfloramento, como a pujança da florescência sensual, parecem anular-se na sublimação criativa. Recortam-se no reverso dos seus escritos, seres míticos sob os quais pende a indefinição sexual; animais de ventre discretamente rotundo, mamas que apenas se adivinham ou sexos de macho simplesmente esboçados mas sob forma acerada. Tudo com aspecto mais defensivo do que acusador e agressivo.» (Jaime, 1980)

Joana Brito, 2015


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP254

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP256

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP257

S/Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/Título, 1965-1969 / Inv. DP255

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP254

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP256

S/ Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/ Título, 1965-1969 / Inv. DP257

S/Título

Jaime Fernandes (1900-1968)

S/Título, 1965-1969 / Inv. DP255


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José de Azeredo Perdigão e Manuela Eanes
José de Azeredo Perdigão e José Sommer Ribeiro
Manuela Eanes e José de Azeredo Perdigão (ao centro), Pedro Tamen e José Sommer Ribeiro (à dir.)
Manuela Eanes e José de Azeredo Perdigão (à esq.), Madalena de Azeredo Perdigão e Pedro Tamen (à dir.)
Manuela Eanes e José de Azeredo Perdigão

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00192

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, orçamentos, convites e recortes de imprensa. 1980 – 1983

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02076

6 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1980

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0280-D00905

Coleção fotográfica, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1980


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