Exposição organizada pelo Centre Culturel Portugais (CCP), sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em Paris, por ocasião da edição homónima de um álbum com reproduções de retratos de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), realizados ao longo de três décadas pelo seu marido, o pintor Arpad Szenes (1897-1985), e publicado pela editora francesa Éditions de la Différence.

A mostra foi planificada conjuntamente entre o então diretor do CCP, o professor José-Augusto França, e Guy Weelen, amigo e colaborador do casal. Além de Vieira da Silva e Arpad Szenes, compareceram na pré-inauguração e na inauguração da exposição muitas individualidades da cena artística parisiense, alguns diplomatas e artistas portugueses.

Foram exibidos 84 retratos, realizados entre 1930 e 1960, na sua maioria desenhos, mas também algumas pinturas a óleo, algumas das quais pertencentes a museus franceses que as cederam temporariamente para o efeito. Entre estas pinturas contaram-se seis dos oito retratos que o artista doaria à Fundação Calouste Gulbenkian no ano de 1978.

Como foi referido por Guy Weelen, estes desenhos são resultado do prazer de desenhar e de fixar o «mundo silencioso» e doméstico do ateliê:

«Os desenhos que agora se expõem não correspondem a um projecto determinado e ambicioso. Na sua maioria, são frutos colhidos ao decorrer dos dias, de acordo com a circunstância e o humor. Quando se é casado com uma mulher pintora, tão apegada à sua obra que nela trabalha pela noite fora, a oportunidade de a desenhar, modelo calmo e silencioso, é, para aquele que está atento, tão sedutora, que não pode deixá-la fugir […]. São feitos sem premeditação, como atesta a indiferença da qualidade do suporte e do instrumento. Folhas quadriculadas, verso de sobrescritos, páginas arrancadas correspondem à mesma falta de interesse pela esferográfica, pelo lápis ou pela caneta.» (Retratos de Vieira por Arpad Szenes, 1985)

Volvidos cerca de dois anos sobre a exposição no CCP, a 16 de janeiro 1985, Arpad Szenes faleceria no seu ateliê em Paris. Um mês após a morte do pintor, e em jeito de homenagem, a mostra seria trazida ao Centro de Arte Moderna da FCG.

O catálogo da exposição em Lisboa foi publicado em edição bilingue português-francês, com textos de José Sommer Ribeiro, Guy Weelen e Agustina Bessa-Luís.

Filipa Coimbra, 2017