Exposição coletiva de aguarelas, desenhos e gravuras de artistas sul-africanos contemporâneos, promovida pela Embaixada da África do Sul em Portugal, com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), através do seu Serviço de Exposições e Museografia. A mostra foi exibida nas instalações da FCG em Lisboa e no Porto, na Fundação Engenheiro António de Almeida.

Iniciativa de pendor diplomático, a exposição realizou-se com o intuito de dar a conhecer ao público português os novos valores artísticos sul-africanos, promovendo igualmente a interculturalidade. Os organizadores do evento entendiam tratar-se de «um primeiro contacto», e não de uma panorâmica da arte daquele país (Aguarelas, Desenhos e Gravuras Sul-Africanas, 1982), todavia esta não era a primeira vez que a FCG mostrava arte sul-africana: em 1968 já havia acolhido a exposição «Pintores Sul-Africanos».

Havendo disparidades qualitativas entre as obras, estas eram justificadas, no catálogo, como sendo reflexo das próprias disparidades sociais, com implicações diretas no processo cultural e no despertar artístico do país, que ocorrera tardiamente, em meados do século XIX ou mesmo já no século XX. Além disso, a arte era essencialmente produzida por artistas europeus, ou seus descendentes, afastados dos valores artísticos da cultura negra. Nesse sentido, a exposição procurava refletir, além dos valores de origem europeia, os traços não europeus da arte sul-africana, sem contudo a segmentar em traços distintivos que fossem «além dos elementos subjetivos» encontrados pelos artistas.

Foram apresentados, no piso 01 da Galeria de Exposições Temporárias da FCG, 52 trabalhos, realizados por 26 artistas de diferentes gerações e ambientes socioeconómicos, utilizando o suporte papel nas mais variadas técnicas, como a aguarela, a gravura, o pastel de óleo, entre outras.

A exposição foi apreciada pela crítica, especialmente enquanto veículo de contacto com os valores artísticos africanos. O crítico Jaime Ferreira referiria: «Os trabalhos expostos mostram, de maneira eloquente, o superior domínio técnico dos aguarelistas, desenhadores e gravadores. E naquilo que se refere à expressão, a mostra coletiva divide-se em duas partes absolutamente distintas. Uma percentagem dos trabalhos poderia ter sido feita por europeus inspirados nos “figurinos” ou tradições de Paris, Londres ou mesmo da Alemanha, enquanto outra parte (para mim a mais importante) afirma-se arte rigorosamente africana, tanto pela escolha dos motivos inspiradores, como pela “caligrafia” utilizada.» («Aguarelas, desenhos e gravuras da África do Sul», Panorama, jun. 1982)

Aos atos inaugurais de Lisboa e Porto presidiu o embaixador da República da África do Sul em Portugal, Wouter Malan, e respetiva comitiva diplomática.

Filipa Coimbra, 2017