Pablo Gargallo (1881-1934)
Femme au Repos, Inv. EE8
Exposição itinerante comemorativa do centenário do nascimento do escultor catalão Pablo Gargallo (1881-1934), comissariada pela historiadora e crítica de arte catalã Maria Lluïsa Borràs, organizada em Portugal conjuntamente pela Embaixada de Espanha e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), por intermédio do seu Serviço de Exposições e Museografia da FCG.
Os primeiros destinos desta exposição foram Paris e Barcelona, aos quais se seguiu Lisboa e, por fim, Madrid, onde terminou o circuito. A colaboração da filha do artista, Pierrette Gargallo-Anguera, e dos numerosos museus, instituições artísticas e colecionadores privados contribuíram para que a mostra conseguisse reunir perto de duas centenas de obras do escultor.
A mostra antológica contaria precisamente com 198 obras de escultura e desenho, realçando o percurso criativo de Pablo Gargallo, que, embora breve (uma vez que o escultor faleceu aos 53 anos de idade), se destacou por uma considerável liberdade experimental, evidente na figuração dos seus bustos e corpos contorcidos, de influência «arte nova», transitando para uma progressiva abstração formal, com uma fase mais geometrizante, de inspiração cubista e outra mais decorativista.
Em vários pequenos núcleos, dispostos em plintos, vitrinas e sobre o solo, foram dispostas as esculturas, de dimensões diversas, realizadas em gesso, terracota, mármore, passando por metais como o cobre, o ferro, o bronze e o chumbo. Em complementaridade foram apresentados, de forma intercalada, espaços de reflexão, compostos por estudos preparatórios realizados sobre papel a carvão, a pastel, mas também aguarelas, guaches e tintas. Foi igualmente integrado um núcleo de fotografias, coloridas e a preto-e-branco, fixadas em suportes de luz representando pormenores de obras escultóricas de Pablo Gargallo. Estes núcleos permitiam uma reflexão mais profunda sobre o processo criativo do artista, sobre o processo de investigação visual e plástica inerente à criação de uma imagem, de uma figura, até ao seu desenvolvimento tridimensional e à sua concretização numa criação escultórica.
A respeito da apresentação da exposição em Lisboa, o historiador e crítico de arte José-Augusto França destacaria o ambiente artístico em que Pablo Gargallo se moveu, bem como a qualidade do seu trabalho, assinalando a sua aproximação às investigações geométricas do cubismo, mas desde logo antevendo um certo academismo ligado à cultura francesa dos anos 30 e aos fundamentos da arte nova (França, Colóquio/Artes, set. 1981, p. 67).
Esta mesma ideia era partilhada por José Sommer Ribeiro, diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, que, no prefácio do catálogo, a viria a designar como um «aparente antagonismo» entre «tradição e pesquisa» (Pablo Gargallo, 1981).
Ainda no que se refere ao catálogo da exposição, nele se viriam a incluir excertos de críticas coevas, que contribuiriam para um maior esclarecimento da obra de Gargallo.
Dada a importância da exposição, o projeto expositivo mereceu cuidados especiais por parte do serviço responsável pela montagem, havendo registos documentais da necessidade de apetrechamento dos dispositivos de apresentação, como vitrinas, plintos e painéis.
O êxito dos trabalhos de montagem seria referido pela filha do artista à comissária Maria Lluïsa Borràs, que dele daria nota a José Sommer Ribeiro, por carta datada de 29 de junho de 1981: «Recibo ahora carta de Pierrette Gargallo desde Paris en la que me cuenta el éxito de tu exposición en la Fundación Gulbenkian. Me habla del lugar destinado a las carátulas, a la entrada con una excelente iluminación, del gran pastor que tanto nos costó transportar, etc., etc.» (Carta de Maria Lluïsa Borràs para José Sommer Ribeiro, 29 jun. 1981, Arquivos Gulbenkian, SEM 00223)
Seria também no âmbito desta realização que a filha do artista evocado doaria à Fundação Calouste Gulbenkian a obra Mulher em Repouso, de 1922 (n.º inv. EE8), para a ampliação do acervo da Coleção Moderna, na qual já havia sido incorporada, também no decorrer dos trabalhos de preparação da exposição, a obra O Grande Profeta, de 1933 (n.º inv. 80EE12).
Para documentar a exposição foi ainda realizado um filme, da autoria de António Cerveira Pinto, sobre a exposição e a obra do escultor catalão.
Filipa Coimbra, 2017
Femme au Repos, Inv. EE8
Le Prophète Saint Jean, Inv. 80EE12
Femme au Repos, Inv. EE8
Le Prophète Saint Jean, Inv. 80EE12
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, orçamentos, correspondência recebida e expedida, lista de obras, seguros, empréstimos e elementos para catálogo. 1981 – 1982
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém conferência de imprensa, relatório acerca de incidente com a escultura de Pablo Gargallo, que se encontrava em exposição no Parque Gulbenkian, assim como informação sobre incorporação de obra do artista na coleção FCG, ficha técnica do edifício do CAM e vários textos sobre o CAM e o seu acervo. 1981 – 1982
34 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1981
Coleção fotográfica, cor: aspeto (FCG, Lisboa) 1981
1965 / Pavilhão Temporário Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1980 – 1981 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1974 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
1985 / Sede Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa