Forma e Estrutura. O Construtivismo na Arte Moderna, na Arquitectura e nas Artes Aplicadas Finlandesas

Exposição itinerante da arte finlandesa do século XX, fruto da iniciativa do Ministério da Educação da Finlândia, juntamente com a Embaixada da Finlândia em Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian. Dividida em artes plásticas, arquitetura e design, a mostra tornou-se testemunho global da situação das artes naquele país.
Travelling exhibition presenting the art scene of twentieth-century Finland, providing an overall view of artistic production at the time with artworks divided into exhibits on fine art, architecture, and design. The show was the result of a collaborative initiative by Finland's Ministry of Education, the Finnish Embassy in Portugal and the Calouste Gulbenkian Foundation.

Exposição itinerante da arte finlandesa do século XX, fruto da iniciativa do Ministério da Educação da Finlândia, juntamente com a Embaixada da Finlândia em Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Estruturou-se em três áreas distintas: artes plásticas, arquitetura e design. Nos trabalhos de organização colaboraram diversas instituições finlandesas, entre as quais a Suomen Taideyhdistys (Sociedade Finlandesa de Arte), o Arkkitehtuurimuseo (Museu de Arquitetura da Finlândia) e a Associação das Artes Aplicadas Finlandesas. Anteriormente à sua apresentação em Lisboa, a exposição havia passado por outros países europeus, tais como a Áustria, a República Federal da Alemanha, a Hungria e a Espanha.

Em virtude da dimensão diplomática e de Estado que o evento assumiu, contou com o alto patrocínio dos presidentes da República de Portugal e da Finlândia, respetivamente António Ramalho Eanes e Urho Kekkonen.

A montagem da exposição em Portugal foi orientada pelo chefe do departamento internacional da Embaixada da Finlândia em Portugal, Kalervo Siikala, e pelo conselheiro cultural Raija Kallinen, contando para tal com a colaboração e supervisão do diretor do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, José Sommer Ribeiro.

Seguindo a linha das anteriores mostras panorâmicas, tal como a exposição «Finlândia 1900» (realizada em 1970), esta mostra apresentava-se como testemunho da situação das artes finlandesas, concebido a partir das suas principais tendências, ligadas ao construtivismo ou dele derivadas.

Nesse sentido, os organizadores da exposição procuravam definir uma tendência artística dominante, que havia florescido principalmente entre as décadas de 20 e 50 do século XX, fundamentada no abstracionismo e no geometrismo: «Esta exposição representa uma certa orientação, dentro da arte finlandesa, durante a independência do país, desde 1918 até aos nossos dias. […] A exposição, entre outras coisas, quer salientar a cooperação entre as artes plásticas e, especialmente, a orientação construtivista na Finlândia, que tem empregado grande número de artistas e arquitectos internacionalmente mais conhecidos do país.» (Forma e Estrutura…, 1981, p. 5)

Entre os 120 participantes contavam-se vários artistas plásticos, designers e arquitetos, incluindo o destacado Alvar Aalto, integrado nesta perspetiva de dar a conhecer ao público português a importância fulcral da arquitetura construtivista finlandesa para a arquitetura moderna e para o diálogo com as restantes práticas artísticas.

Esse diálogo e fluidez disciplinar seria tido em consideração no projeto expositivo e na montagem da exposição, estando visível na relação entre núcleos, mais ou menos heterogéneos, que integravam obras em diversos suportes, sem que nenhum se sobrepusesse ao outro, e na própria dimensão panorâmica do conjunto. Assim, pinturas, esculturas, fotografias de arquitetura, objetos de mobiliário e outros objetos utilitários conviviam entre módulos comunicantes. A disposição de algumas esculturas ao longo da galeria permitia também uma circulação dinâmica pelo espaço expositivo.

Na sua crítica à exposição para a revista Colóquio/Artes, o pintor Fernando de Azevedo traçaria uma retrospetiva da arte e da arquitetura finlandesas, convocando a influência e univocidade do construtivismo russo, o papel pioneiro de Birger Carlstedt (1907-1975) e do grupo «l’Espace» e a transversalidade do desenho, desde a arquitetura, às artes plásticas, passando pelo design dos objetos do uso quotidiano e dos equipamentos urbanos (Azevedo, Colóquio/Artes, jun. 1981, p. 63). Classificando-a como «pedagógica», Fernando de Azevedo sintetizaria os pressupostos da exposição como «proposta estética» de «importantes consequências sociais» (Ibid.).

Além dos intuitos didáticos, outro dos objetivos dos organizadores do certame centrava-se na divulgação artística, e até diplomática, com vista a aproximar culturalmente a Finlândia e Portugal, dois países que, pela sua geografia, se situam «em áreas diametralmente opostas», estreitando relações e possibilitando o intercâmbio cultural.

No ato inaugural esteve presente o ministro da Educação da Finlândia, Kalevi Kivist, acompanhado de outras entidades oficiais e de diplomatas finlandeses e portugueses. A exposição esteve patente durante cerca de um mês, totalizando 18 518 visitantes, número que incluía os participantes das diversas visitas orientadas, entre os quais alguns grupos escolares e universitários.

O catálogo da exposição, que constituiu um relevante estudo monográfico sobre o construtivismo finlandês, foi assumido pelos organizadores da exposição como sendo «outra importante parte da exposição» (Ibid.). Esta publicação, que contou com documentação visual e textual diversificada, integrou ainda comunicações de uma palestra sobre o construtivismo na arquitetura finlandesa, na qual participaram os arquitetos Erkki Kairamo e Kirmo Mikkola.

No âmbito da exposição, foi igualmente organizada uma conferência dedicada à arquitetura e ao desenho finlandeses, que juntou o professor Kaj Franck e o arquiteto Markku Komonen.

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

Forma e Estrutura

5 mar 1981
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José de Azeredo Perdigão e Tapio Periäinen (à esq.) e José Sommer Ribeiro (atrás, à esq.)
Pedro Tamen (à esq.), José de Azeredo Perdigão (ao centro) e José Sommer Ribeiro (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00209

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites, orçamentos, programa da visita do ministro da Educação da Finlândia, correspondência recebida e expedida e recortes de imprensa. 1980 – 1982

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02113

8 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0052-D00166

55 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0052-D00164

7 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0052-D00165

29 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02106

2 provas, p.b.: conferência de Kaj Franck e Markku Komonen (FCG, Lisboa) 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0052-D00167

7 provas, p.b.: conferência de Kaj Franck e Markku Komonen (FCG, Lisboa) 1981


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