Pintura Portuguesa da Colecção Anastácio Gonçalves

Exposição organizada pela Comissão Instaladora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, com a primeira apresentação pública do núcleo de pintura portuguesa do acervo da coleção de Anastácio Gonçalves. A mostra contou com um total de 78 pinturas.
First public presentation of the Anastácio Gonçalves collection's painting section featuring 78 paintings displayed at the Temporary Exhibitions Gallery of the Calouste Gulbenkian Foundation. The exhibition was organised by the Founding Committee of the Dr. Anastácio Gonçalves House Museum in partnership with the Foundation.

Exposição temporária organizada em parceria pela Secretaria de Estado da Cultura, pela Comissão Instaladora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). Esta mostra representou a primeira apresentação pública de uma parte significativa da coleção de pintura portuguesa do acervo da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, encerrada ao público por motivos da sua instalação museográfica no antigo ateliê do pintor José Malhoa e também antiga residência do médico e colecionador Anastácio Gonçalves, localizada na Avenida 5 de Outubro em Lisboa e que viria a abrir as suas portas no ano seguinte, em 1980. A exposição pretendia preparar o anúncio desta abertura, assim como permitir um primeiro contacto do público com a coleção.

Neste sentido, a FCG disponibilizaria a sua Galeria de Exposições Temporárias com a intenção de apresentar um dos núcleos de referência da pintura naturalista em Portugal, pertencentes a uma coleção do Estado, pela doação feita pelo seu colecionador. Este posicionamento era assumido desde logo na introdução do catálogo, onde era destacada a «significativa acção» da FCG «no âmbito da Museologia em Portugal» e junto de outras instituições (Pintura Portuguesa da Colecção Anastácio Gonçalves, 1979).

Além da implícita evocação ao colecionador, que tinha também sido médico privado de Calouste Sarkis Gulbenkian, a exposição apresentava exemplos significativos (óleos e aguarelas) da pintura portuguesa do século XIX, de um movimento que contou com vários seguidores em Portugal, desde logo com Silva Porto (1850-1893), Marques de Oliveira (1853-1927), José Malhoa (1885-1933) ou Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929). Nas palavras de Margarida Matias, comissária da exposição: «[…] podemos considerar o que se expõe como uma preciosa amostra do que foi a linguagem pictórica do “Grupo do Leão” e seus continuadores.» (Ibid.)

A mostra contaria assim com um total de 78 pinturas, sendo 29 destas da autoria de Silva Porto, o pintor mais representado na coleção e, também, na exposição. Significativa era também a representação de Columbano Bordalo Pinheiro que contava com um total de 14 óleos, destacando-se a sua vocação retratista. No conjunto foram também apresentadas duas obras do rei D. Carlos I de Portugal (1863-1908), que na opinião do historiador e crítico de arte José-Augusto França «poderia ter sido o melhor discípulo de Silva Porto» (Pintura Portuguesa da Colecção Anastácio Gonçalves, 1979)

Numa crítica à exposição, publicada na revista Colóquio/Artes, o pintor Fernando de Azevedo referiria a qualidade de alguns exemplares em exibição, em especial o núcleo de pinturas realizadas por Silva Porto, passando igualmente revista pelo academismo que marcou a pintura portuguesa de datação anterior a este pintor.

Nas suas palavras: «E vê-se bem, e dá para já ver-se, nesta exposição a existência dessas qualidades, o gosto oficial da pintura, o respirar a cor do ar-livre, o surpreender de atmosferas em contrastes luminosos, a pincelada habilíssima, descritiva e fluente, que serve os valores descobertos da paisagem, das cenas de interior, e do retrato, numa busca de um seu carácter oposta não só à técnica, mas esteticamente, ao idealismo académico imediatamente anterior.» (Azevedo, Colóquio/Artes, jun. 1979, p. 69)

A exposição não contemplou a totalidade das obras da coleção de Anastácio Gonçalves, na qual se incluíam mais exemplares da pintura nacional e internacional do século XIX e início do século XX, mas também núcleos consideráveis de cerâmica, mobiliário e artes decorativas.

O catálogo da exposição contou, afora as reproduções das obras a preto-e-branco e a cores, com um ensaio-síntese do naturalismo português da autoria de José-Augusto França, no qual se reportaria, à semelhança de Fernando de Azevedo, à «décalage do nascimento do naturalismo português»: «Uma exposição que assim muito acertadamente se faz, tem a maior utilidade de levar a pôr o problema do naturalismo na pintura portuguesa, no seu pecado original de tempo e de espaço, culturais ambos.» (Pintura Portuguesa da Colecção Anastácio Gonçalves, 1979)

O certame despertou o interesse do público e da crítica, atestado pelos números de visitantes, vendas de catálogos e pelas críticas publicadas na imprensa nacional.

Como atividades complementares à exposição e prevendo um enquadramento didático destinado ao público, foram ainda programadas três visitas orientadas pelos prefaciadores do catálogo da exposição, por José-Augusto França, pela então conservadora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Maria Margarida Marques Matias, e pelo colecionador João Gonçalo do Amaral Cabral, responsável pela comissão instaladora da Casa-Museu Anastácio Gonçalves.

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Pintura Portuguesa da Colecção Anastácio Gonçalves]

9 mai 1979 – 6 jun 1979
Fundação Calouste Gulbenkian / Museu Calouste Gulbenkian – Galeria de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Madalena de Azeredo Perdigão (ao centro.) e Eng.º Aquilino Ribeiro Machado, presidente da Câmara de Lisboa (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00149

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência recebida e expedida, orçamentos e recortes de imprensa. 1979 – 1979

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03065

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite para a inauguração da exposição. 1979 – 1981

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02031

4 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0043-D01282

20 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0043-D00146

2 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0043-D00147

15 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1979


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