Exposição itinerante dedicada à obra do fotógrafo francês Jacques Minassian (1946), bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em 1977. A iniciativa da exposição coube ao administrador da FCG, José Blanco, contando para a organização com o Serviço de Exposições e Museografia da FCG e com o comissariado do então diretor deste serviço, José Sommer Ribeiro.

A exposição realizou-se primeiramente em Lisboa, seguindo-se a sua apresentação no Porto, no Museu Nacional de Soares dos Reis, e, já no ano seguinte, no Centre Culturel Portugais (CCP), sede da FCG em Paris.

Minassian começou a trabalhar em Portugal ainda antes do 25 de Abril de 1974, corria o ano de 1973. As 53 fotografias a preto-e-branco apresentadas na exposição revelavam aspetos aparentemente aleatórios do Portugal rural e urbano da década de 1970. Algumas destas fotografias foram posteriormente adquiridas pela Fundação Calouste Gulbenkian em março de 1983, pertencendo hoje à Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian.

O projeto museográfico da edição de Lisboa foi da autoria de Vítor Manaças.

Tratando-se de uma das primeiras apresentações da FCG dedicadas à fotografia enquanto género artístico, o projeto procurou adequar as condições de leitura das obras ao tipo de suporte, uma vez que a disposição espacial e as soluções técnicas das salas estavam mais vocacionadas para a apresentação de trabalhos em pintura e escultura: «Para uma melhor integração da exposição de Jacques Minassian nas salas que lhe estão destinadas, no piso 01, torna-se necessária a construção de 52 painéis que permitam não só uma maior ligação entre os tectos e paredes, como limitem a sala na zona de tecto baixo existente; o espaço assim criado permitirá uma melhor leitura das obras expostas, não só do ponto de vista do espaço, como da cor.» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 12 out. 1978, Arquivos Gulbenkian, SEM 00130)

O catálogo da exposição, com prefácio de Patrick Bensard, além da reprodução das fotografias e da biografia de Jacques Minassian, conta ainda com um poema de Alexandre O’Neill, dedicado ao artista e à sua obra.

Em Lisboa, para assistir à inauguração da exposição, foi convidado Pierre de Fenöyl, diretor do departamento de fotografia do Centre Pompidou, tendo em consideração o estreito relacionamento institucional verificado durante este período entre esta entidade e a FCG.

A contrastar com a inauguração da exposição no Porto, cuja afluência foi diminuta, ao ato inaugural no CCP compareceram centenas de pessoas, entre as quais vários representantes oficiais e personalidades ligadas ao meio artístico parisiense. Segundo o crítico e historiador de arte José-Augusto França, «em suma, num claro-escuro tão propositadamente contrastado, raramente se terá visto um jogo de sinais assim claro, ou cru, da realidade portuguesa» (França, Colóquio/Artes, dez. 1978, p. 75).

Filipa Coimbra, 2016