Apresentada em Portugal pela Embaixada dos Países Baixos, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, esta exposição itinerante teve como objetivo dar a conhecer ao público português um grupo de artistas contemporâneos cujos trabalhos estivessem, de algum modo, relacionados com a natureza.
Hosted in Portugal by the Embassy of the Netherlands, in collaboration with the Calouste Gulbenkian Foundation, this travelling exhibition was aimed at exposing the Portuguese public to a group of contemporary artists producing broadly nature-themed works.
Na segunda metade da década de 1970, os artistas na Europa e nos Estados Unidos começaram a trabalhar na natureza e com a natureza. O seu campo de trabalho passou a ser a terra, o mar e mesmo o céu, e «na maioria dos casos não se tratava de uma fuga romântica da realidade, mas de uma expansão sem precedentes dos seus recursos materiais, técnicos e visuais. Por exemplo, uma paisagem pode ser transformada mediante certas intervenções, tornando-se uma obra de arte em si mesma, sem qualquer imitação da natureza. No entanto, por vezes era dado ênfase a um estilo de vida mais orgânico, como alternativa à complexidade da vida num ambiente urbano centrado na indústria. A arte apoiou-se de tal forma na natureza que, […] no final dos anos 70, verificamos que muitas das obras dos artistas holandeses se reportam directamente à natureza, ou são mesmo feitas com a ajuda desta» (Com a Natureza, 1980).
Foi neste contexto que o artista cinético Gerhard von Graevenitz sugeriu que se organizasse uma exposição sobre o tema da arte e da natureza na produção contemporânea. Desta ideia emergiu um grupo de trabalho, constituído pelo próprio Gerhard von Graevenitz e pelos artistas Gijs van Tuyl, Piet van Daalen e Jan van Munster (1939), que viria a organizar uma exposição intitulada «To Do with Nature». Esta exposição, concebida inicialmente para representar o pavilhão holandês na Bienal de Veneza de 1978, seria apresentada em Lisboa em 1981, por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), com o título «Com a Natureza».
A mostra apresentada em Lisboa manteve a estrutura da exposição original, dividindo-se em três secções temáticas distintas, mas complementares: «A Natureza e a Arte, 1967-1972», «A Natureza como processo» e «A Natureza como metáfora».
Na primeira secção, «A Natureza e a Arte, 1967-1972», era apresentada uma visão documental (fotografias, mapas, textos, livros) das diversas maneiras como os artistas trabalharam com a natureza entre 1967 e 1972. Seguia-se a secção «A Natureza como processo», dedicada ao trabalho de artistas cujo ponto de partida era a natureza ou um estilo de vida natural. Finalmente, a secção «A Natureza como metáfora» reunia uma seleção de trabalhos fotográficos em que a natureza surge de modo casual, e em geral de uma forma indireta.
No texto do catálogo, Fernando de Azevedo menciona que o objetivo da exposição na FCG era dar a conhecer em Portugal o trabalho de um conjunto diversificado de artistas holandeses, em atividade desde meados dos anos 60, na sua relação com a natureza. É chamada a atenção para o facto de essa relação não implicar um mero processo imitativo, alcançando antes uma maior identidade e consequências no campo artístico:
«[…] este retorno da arte à natureza, esta eco-arte que, nesse mesmo período, se pratica um pouco por toda a parte, é substancialmente um reencontro e uma descoberta. Reencontro do homem com o natural, por um lado, e descoberta dos processos íntimos dessa relação mútua, por outro, processos que, não sendo imitativos em termos de espetáculo, assentam, porém, numa hipótese de representação visual. Esta hipótese é, essencialmente, do domínio da capacidade estética que o registo das experiências pode atingir, da convicção metodológica dos seus processos, da redução do campo estritamente analítico à sua virtualidade para proporcionar a imagem emotiva. Requer, ainda, a entrega do artista, do operador, numa complexa integração na natureza, nos ambientes naturais, para assumir a sua simplicidade, a sua pureza autêntica.» (Colóquio/Artes, n.º 48, mar. 1981, p. 71)
Depois de Lisboa, a FCG patrocinou a montagem desta exposição na ilha da Madeira (sob a responsabilidade de Américo Silva, funcionário do Serviço de Exposições e Museografia da FCG), havendo ainda indícios da sua apresentação no Porto e em Évora.
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00207
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, convites e recortes de imprensa relativos às itinerâncias em Lisboa e no Funchal.1980 1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02102
4 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa)1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0066-D00222
2 provas, cor: aspetos (FCG, Lisboa)1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0066-D00225
13 provas, p.b.: aspetos (Évora)1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0066-D00226
12 provas, p.b.: aspetos (Porto)1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0066-D00224
13 provas, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa)1981
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0066-D00223