Bernard Frize. Isto é uma ponte

Exposição individual do artista francês Bernard Frize (1954), com curadoria de Isabel Carlos. A mostra integrou 49 pinturas, algumas delas inéditas, organizadas em quatro séries de trabalhos. Propôs uma ponte entre os conceitos de abstrato e figurativo, natural e cultural e pintura e fotografia.
Solo exhibition of French artist Bernard Frize (1954) curated by Isabel Carlos. The show featured 49 paintings, some unknown, arranged in four series. The display offered a bridge between the concepts of the abstract and the figurative, the natural and the cultural, painting and photography.

Exposição individual de Bernard Frize (1954), organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM), com curadoria da diretora, Isabel Carlos, na sequência de proposta do artista francês.

Distinguido com o Prémio Kathe Kollwitz em 2015, atribuído pela Academia das Artes de Berlim «pelo processo artístico astuto e conceptual», Bernard Frize começou a ganhar notoriedade com as séries de pinturas All Over, realizadas em 1977. Dois anos depois, levava a cabo a sua primeira mostra individual, na Galerie Lucien Durand, em Paris (Marques, Diário de Notícias, 15 fev. 2015).

A exposição apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian reuniu 49 obras, algumas delas inéditas, criadas durante a segunda metade da sua carreira artística, recuando ao início da década de 1990, com produções como o conjunto de cinco telas Cinq Vues dans un Carré, de 1992, e trabalhos mais recentes, como as pinturas Palter e Procter, de 2012 (Ibid.).

O projeto, baseado na apresentação de quatro séries de trabalhos, foi concebido pelo artista com o apoio curatorial de Isabel Carlos, visando constituir-se não como uma retrospetiva, mas como uma mostra transversal de diversas pinturas produzidas em momentos diferentes ao longo de um período de vinte anos, «evidenciando ressonâncias e ligações entre grupos de trabalhos diferentes e investigando a forma como as ideias que atravessam estas séries se interligam, transformam e evoluem» (Bernard Frize. Isto é uma ponte, 2015, p. 9).

Isabel Carlos assinalou a existência de uma relação entre a arte de Frize e a fotografia, visível em obras como Nuage en Vendée e Nuage sur la Côte Atlantique, ambas de 1988, e sublinhou que «a pintura deriva não só do legado minimalista mas também de uma dimensão fotográfica», remetendo para as imagens de nuvens que, inconscientemente ou não, nos levam a imaginar as mais diversas formas e seres (Bernard Frize. Isto é uma ponte, 2015, pp. 11-12). Outras obras, como ROC (2010) ou NANNI (2011), igualmente expostas, apelavam a uma dimensão digital, por parecerem, de acordo com Isabel Carlos, «uma imagem distorcida de computador ou uma imagem desfocada de uma ligação de Facetime ou Skype» (Ibid.).

Tal como o título indica, a exposição fez a «ponte entre a abstração e a figuração, a natureza e a cultura, a fotografia e a pintura, através de uma linguagem singular e de um vocabulário preciso que é simultaneamente enigmático e atraente aos sentidos» (Bernard Frize. Isto é uma ponte, 2015, p. 9).

No âmbito da mostra, foram publicados um catálogo e um caderno de exposição. O catálogo, de edição bilingue (em português e inglês), conta com um texto da curadora responsável, Isabel Carlos, e com um ensaio crítico de Sumi Kang, crítica de arte e professora de estética e teoria da arte na Dongduk Women's University.

Sumi Kang destaca as várias «sensações indiscritíveis» que lhe são proporcionadas em cada piscar de olhos ao observar as obras de Frize, e percorre, comentando, várias ideias de outros teóricos sobre a produção artística do pintor. Considera-o um «pintor conceptual», que se mantém distante da «autoridade artística associada à arte abstrata modernista» e que produz trabalhos focados nas ideias, nos padrões, em cada pincelada ou no tempo de produção (Bernard Frize. Isto é uma ponte, 2015, pp. 15-16). Para Kang, o objetivo principal na arte de Frize é conseguir «suprimir a todo o custo qualquer intervenção da subjetividade que é produzida pelo estrito e pesado controlo subjetivo do artista» (Ibid., p. 18).

Na proposta que apresentou ao CAM, o artista explicava que na maioria das suas pinturas pensadas para a exposição utilizou uma única cor, por vezes duas, nunca mais do que isso, e que uma camada foi, em geral, suficiente. Com esta redução formal coexiste, no entanto, uma panóplia de gestos fortes, repetidos e impressivos.

Como se lê no texto de Sumi Kang para o catálogo, «o exigente e rigoroso trabalho intelectual que Bernard Frize investe no seu processo criativo transforma-se numa experiência poética tão variada quanto o espectro de um arco-íris. É uma experiência efémera, que se dissolve pouco depois de se formar, mas é precisamente isso que a torna uma experiência artística tão preciosa» (Ibid.).

No dia da inauguração, Leonor Nazaré (em substituição da curadora, que não pôde estar presente) conduziu uma conversa pública com o artista, em forma de visita guiada, no espaço da exposição.

Durante os 82 dias em que esteve patente no Centro de Arte Moderna, a exposição recebeu 19 283 visitantes e foi acolhida com interesse por parte da comunicação social, principalmente por se tratar da primeira exposição individual do pintor francês em Portugal.

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Appetizer. Um Pouco de Arte à Hora do Almoço

mar 2015
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

À Conversa com o Artista. Bernard Frize e Isabel Carlos

fev 2015
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

À Descoberta do CAM. Visitas de Domingo

mar 2015 – mai 2015
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Caderno de Apontamentos. Visitas Desenhadas

mai 2015
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Cristina Sena da Fonseca (à esq.) e Bernard Frize (ao centro)
Teresa Gouveia (à esq.) e Leonor Nazaré (à dir.)
Teresa Gouveia (de costas), Bernard Frize (ao centro) e Artur Santos Silva (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00704

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite e relatórios de conservação das peças. 2013 – 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 3835

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 3806

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 2015


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