Drawing a Tension. Obras da Colecção Deutsche Bank

Exposição organizada em parceria pelo Deutsche Bank e pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, que integrou 134 obras da instituição estrangeira. Com curadoria de Jürgen Bock, a mostra apresentou o diálogo e o confronto entre artistas de renome e artistas mais «periféricos» do modernismo e pós-modernismo europeu.
Exhibition organised by Deutsche Bank together with the Modern Art Centre José de Azeredo Perdigão and featuring 134 works from Deutsche Bank. Curated by Jürgen Bock, the show contrasted distinguished artists with artists from the “periphery” of European Modernism and Postmodernism.

Exposição coletiva organizada em parceria pelo Deutsche Bank e pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP). Apresentou um conjunto de 134 obras escolhidas a partir das cerca de 53 mil peças que constituem a coleção de arte do Deutsche Bank, uma das mais importantes coleções de arte contemporânea do mundo (Drawing a Tension. Obras da Colecção Deutsche Bank, 2008).

A mostra reuniu trabalhos em fotografia, desenho, litografia, pintura e escultura realizados entre 1922 e a atualidade, e deu a conhecer, em cinco núcleos, um diálogo entre artistas de renome e artistas mais «periféricos», com destaque para nomes como Josef Albers (1888-1976), Hans Arp (1886-1966), Zoe Leonard (1961), Heimo Zobernig (1958), Rosemarie Trockel (1952) e ainda os portugueses Pedro Barateiro (1979) e João Penalva (1949) (Ibid.).

A coleção de arte do Deutsche Bank, criada na viragem para os anos 80, foi feita inicialmente para os espaços da instituição e para os seus colaboradores, numa iniciativa apelidada de «Art at Work» e que, posteriormente, passou a denominar-se «Workplace as Art», um conceito que levou a «um nunca mais parar de aquisições, conceitos, encomendas, exposições, empréstimos, como se a arte fosse o principal produto da instituição» (Ferreira, L+Arte, jul. 2008, p. 94).

A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) acolheu a proposta desta instituição alemã para apresentar um conjunto de obras nas suas instalações. O alemão Jürgen Bock, crítico de arte e diretor da Escola de Artes Visuais Maumaus, em Lisboa, foi convidado a comissariar o projeto (Drawing a Tension, p. 7).

Radicado em Portugal há muitos anos, Bock voltou ao país de origem para estudar a vasta coleção de obras de arte do Deutsche Bank e decidiu apresentar um conjunto de trabalhos que se relacionassem entre si, «não por proximidade histórica, mas por novas interacções que hoje podemos ver como curiosas e muitas vezes irónicas, não só a nível formal mas também conceptual» (Pomba, Artes & Leilões, jul.-ago. 2008).

O jogo de palavras «Drawing a Tension», que Bock pediu emprestado a Jimmy Durham para utilizar como título da mostra, convida o espectador a pensar na relação íntima entre obras e autores, num ambiente de «tensão» que destaca uma diversidade de práticas artísticas que questionavam muitas das questões conceptuais suscitadas pelo modernismo e, por outro, reformulavam essas críticas com obras do pós-modernismo.

O projeto museográfico de Marcos Corrales teve em conta a própria arquitetura do edifício da Sede e Museu da FCG, um projeto da década de 1960. De acordo com o curador, as obras escolhidas refletiam também esta época, e o desenho feito por Corrales remetia para a estrutura projetada por Ruy Jervis d'Athouguia (1917-2006), Pedro Cid (1925-1983) e Alberto Pessoa (1919-1985) (Drawing a Tension, pp. 13, 16-17).

A peça mais destacada foi o site-specific» da artista alemã Karin Sander (1957). Expressamente encomendada para a ocasião e instalada no meio da exposição, a parede pintada de branco foi polida pela artista com o intuito de refletir as obras dos artistas circundantes (Drawing a Tension, pp. 172-175).

Heimo Zobernig integra a exposição com uma série de litografias obtidas pela integração do suplemento de um jornal português que anunciava a abertura pública da exposição num conjunto já existente, num processo de reapropriação que origina, necessariamente, um novo olhar perante o objeto (Ibid., p. 13).

A exposição, que funcionou como uma «permanente auto-reflexão crítica» (Drawing a Tension, p. 15), integrou ainda desenhos do belga Francis Alÿs (1959), uma representação escultórica de um isqueiro de grandes dimensões, da autoria de Thomas Hirschhorn (1957), com caras de personalidades artísticas (Warhol, Duchamp, Mondrian, entre outros) e pôs em confronto, num género de «batalha saudável», obras de Marcel Broodthaers (1924-1976) versus Blinky Palermo (1943-1977), ou, mais no final, Joseph Beuys (1921-1986) versus Markus Lüpertz (1941). Os artistas portugueses foram igualmente submetidos a diálogos: Pedro Barateiro ao lado de Zoe Leonard (1961) e André Thomkins (1930-1985), e João Penalva versus Rosemarie Trockel (1952).

Na crítica que redigiu para a revista L+Arte, Nuno Alexandre Ferreira, que colaborava desde 2004 com João Pedro Vale na produção de exposições, performances e filmes, refere que a mostra foi uma verdadeira «chalaça entre “tensão” e atenção» (Ferreira, L+Arte, jul. 2008, p. 94).

Ao pôr os trabalhos em diálogo, a mostra procurou também conservar uma certa «urgência» sentida na altura em que foram realizados, centrando-se mais numa «perspectiva de continuidade» e não tanto em «rupturas e começos» (Newsletter. Fundação Calouste Gulbenkian, n.º 94, jun. 2008, p. 3).

O catálogo publicado no âmbito da exposição conta com prefácios de Teresa Gouveia, administradora da FCG, e de Filipe Crisóstomo Silva, CEO do Deutsche Bank Portugal. Contém três ensaios da autoria de Jürgen Bock, da crítica de arte Gertrud Sanqvist (consultora para este projeto expositivo) e do ensaísta José Bragança de Miranda, que proporcionam um melhor entendimento da Coleção e das obras apresentadas.

Além das habituais visitas guiadas organizadas pelo Serviço Educativo do Museu Calouste Gulbenkian, a exposição foi acompanhada pela realização de um ciclo de conferências, juntando oradores como Heimo Zobernig, Diedrich Diederichsen, Olav Christopher Jenssen, Karin Sander, Gertrud Sandqvist e José Bragança de Miranda (Comunicado de imprensa, 25 jul. 2008, Arquivos Gulbenkian, ID: 42200).

Joana Atalaia, 2019

Group exhibition organised in partnership between Deutsche Bank and the Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão [José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre] (CAMJAP). It featured a group of 134 works selected from almost 53,000 pieces belonging to the Deutsche Bank art collection, one of the largest contemporary art collections in the world (Drawing a Tension. Obras da Colecção Deutsche Bank, 2008).

The exhibition spanned works of photography, lithography, painting and sculpture produced between 1922 and the present day and, over the course of five areas, created a dialogue between renowned artists and “lesser known” figures, shining a spotlight on names such as Josef Albers (1888-1976), Hans Arp (1886-1966), Zoe Leonard (1961), Heimo Zobernig (1958), Rosemarie Trockel (1952) and Portuguese artists Pedro Barateiro (1979) and João Penalva (1949) (Ibid.).

The Deutsche Bank art collection, established at the dawn of the 1980s, was initially intended for display in the institution’s buildings, for its staff, as part of an initiative called “Art at Work”, later renamed “Workplace as Art”, a scheme that led to “never-ending acquisitions, concepts, commissions, exhibitions and loans, as if art was the institution’s main product” (Ferreira, L+Arte, Jul 2008, p. 94).

The Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) accepted the German institution’s offer to present a selection of works in its galleries. German art critic Jürgen Bock, director of Escola de Artes Visuais Maumaus (Maumaus Visual Arts School) in Lisbon, was invited to curate the project (Drawing a Tension, p. 7).

Having lived in Portugal for several years, Bock returned to his home country to study the vast collection of artworks belonging to Deutsche Bank and settled upon exhibiting a group of works that relate to one another, “not due to historical proximity, but through the intriguing and often ironic new interactions that we can identify between them today, on both the formal and the conceptual level” (Pomba, Artes & Leilões, Jul-Aug 2008).

The play on words “Drawing a Tension”, which Bock borrowed from Jimmy Durham for use as the title of the exhibition, invites viewers to consider the intimate relationship between works and artists against a backdrop of “tension”, highlighting a range of artistic practices that interrogated many of the conceptual issues arising from modernism, while reformulating these critiques through postmodern works.

The exhibition design by Marcos Corrales was sensitive to the architecture of the FCG Main Building and Museum, built in the 1960s. According to the curator, the selected works also represented that era and the layout devised by Corrales referenced the structure designed by Ruy Jervis d'Athouguia (1917-2006), Pedro Cid (1925-1983) and Alberto Pessoa (1919-1985) (Drawing a Tension, pp. 13, 16-17).

The standout piece was a site-specific work by German artist Karin Sander (1957). Commissioned specifically for the occasion and located at the centre of the exhibition, the white painted wall was polished by the artist in order to reflect the surrounding artworks (Drawing a Tension, pp. 172-175).

Heimo Zobernig is represented in the exhibition by a series of lithographs created by incorporating a Portuguese newspaper supplement advertising the public opening of the exhibition into a set of existing works, a process of reappropriation which, by its nature, creates a new perspective on the object (Ibid., p. 13).

The exhibition, which functioned as a “constant critical self-reflection” (Drawing a Tension, p. 15), also included drawings by Belgian artist Francis Alÿs (1959), a large-scale sculpture of a lighter by Thomas Hirschhorn (1957) and appearances from household names (Warhol, Duchamp, Mondrian, among others). It also placed works head-to-head in a “healthy battle”, for instance Marcel Broodthaers (1924-1976) versus Blinky Palermo (1943-1977) and, towards the end of the exhibition, Joseph Beuys (1921-1986) versus Markus Lüpertz (1941). Such dialogues were also established with Portuguese artists: Pedro Barateiro next to Zoe Leonard (1961) and Thomkins (1930-1985) and João Penalva versus Rosemarie Trockel (1952).

In his review for magazine L+Arte, Nuno Alexandre Ferreira, who had been working with João Pedro Vale on the production of exhibitions, performances and films since 2004, praises the exhibition for its genuine “play on ‘tension’ and ‘attention’” (Ferreira, L+Arte, Jul 2008, p. 94).

By establishing a dialogue between the works, the exhibition also sought to maintain the sense of “urgency” felt at the time of their production, adopting an “approach based on continuity” rather than “rupture and new beginning” (Newsletter. Fundação Calouste Gulbenkian, Nº 94, Jun 2008, p. 3).

The catalogue published to mark the exhibition features prefaces by FCG board member Teresa Gouveia and Filipe Crisóstomo Silva, CEO of Deutsche Bank Portugal. It also contains essays by Jürgen Bock, art critic Gertrud Sanqvist (a consultant in the planning of the exhibition) and essayist José Bragança de Miranda, offering a deeper insight into the Collection and the works exhibited.

In addition to the usual guided tours organised by the Calouste Gulbenkian Museum Education Department, a series of lectures by speakers including Heimo Zobernig, Diedrich Diederichsen, Olav Christopher Jenssen, Karin Sander, Gertrud Sandqvist and José Bragança de Miranda was also organised to coincide with the exhibition (Press release, 25 Jul 2008, Gulbenkian Archives, ID: 42200).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Encontros Imediatos

jun 2008 – set 2008
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

[Drawing a Tension. Obras da Colecção Deutsche Bank]

19 jun 2008
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Zona de Congressos
Lisboa, Portugal
30 jun 2008
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Zona de Congressos
Lisboa, Portugal
16 jul 2008 – 31 jul 2008
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Encontros Imediatos

jun 2008 – set 2008
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Isabel Carlos
Teresa Gouveia (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00562

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência interna e externa, lista de obras e outra documentação de caráter organizativo. 2009 – 2008

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00563

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém lista de obras e reprodução das obras. 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 9978

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 9977

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2008


Exposições Relacionadas

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.