Assinaturas do Invisível

Semana Europeia da Ciência

Exposição temporária e itinerante de arte contemporânea e ciência, organizada pelo London Institute e o CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear) em colaboração com o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian. Paralelamente à exposição, foi realizado um simpósio científico que reuniu artistas e físicos.
Temporary travelling exhibition on contemporary art and science organised by the London Institute and CERN (the European Organization for Nuclear Research) in collaboration with the Calouste Gulbenkian Foundation’s Modern Art Centre José de Azeredo Perdigão. A scientific symposium was held in parallel with the exhibition, bringing together artists and physicists.

«Assinaturas do Invisível» esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias (piso 0) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e resultou da colaboração entre o London Institute, a University of the Arts de Londres e o CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear), em Genebra. O projeto da exposição foi concebido por Ken McMullen, Michael Benson e Grace Adam, do London Institute, e por Neil Calder, do CERN. Em Lisboa, a exposição contou com a colaboração de Jorge Molder, a museografia de Cristina Sena da Fonseca e o apoio da equipa de montagem do CAMJAP.

Enquanto parte de um programa mais vasto de atividades inseridas na Semana Europeia da Ciência, evento organizado pela Comissão Europeia, «Assinaturas do Invisível» teve o apoio financeiro desta entidade. A exposição partiu de um projeto que teve como ponto de partida a apresentação de obras de arte que refletissem soluções para alguns problemas da física teórica, campo da física que utiliza modelos e conceitos matemáticos de modo a explicar e prever fenómenos físicos através de ferramentas como a lógica e a análise crítica (Assinaturas do Invisível, 2002, p .7).

Para tal, foi selecionado um grupo de 11 artistas, dos quais quatro eram membros do corpo letivo do London Institute e dois eram antigos alunos, que trabalharam durante dois meses no CERN, em estreita colaboração com os cientistas e técnicos daquele centro. Além de refletir sobre as relações que podem existir entre arte e ciência, o trabalho resultante desta colaboração permitiu dar a conhecer a diversidade de resultados que daí podem advir e favoreceu a perceção de um lado estético e artístico inerente à pesquisa científica (Ibid.).

Esta iniciativa constituiu «um risco para o London Institute e para o CERN», segundo se lê no catálogo: «não sendo o tipo de coisa que fazemos habitualmente. E, no entanto, aqui estamos a fazê-la. Houve alturas em que parecíamos perdidos – como se tivéssemos ambicionado demasiado.» (Assinaturas do Invisível, 2002, p. 8)

Foram apresentados trabalhos dos artistas visuais Roger Ackling (1947-2014), Jérôme Basserode (1958), Richard Deacon (1949), Patrick Hughes (1939), Ken McMullen (1948), Tim O'Riley (1965), Paola Pivi (1971), John Berger (1926-2017) e Monica Sand (1958). Apesar de constar no catálogo da exposição, a instalação Meditation Room, de Sylvie Blocher, não chegou a integrar a mostra, por decisão da artista.

A organização da exposição contemplou uma vasta itinerância internacional, que incluiu Londres (Atlantis Gallery; março de 2001), Genebra (Centre d'Art Contemporain; novembro de 2001 a fevereiro de 2002), Estocolmo (abril a junho de 2002), França (abril a junho de 2003), Nova Iorque (The Institute of Contemporary Art – ICA-P.S.1); 29 de junho a 14 de setembro de 2003), Japão (novembro de 2003 a fevereiro de 2004), Atenas e Austrália (abril a junho de 2004). A exposição foi ainda apresentada na Tsinghua University, em Pequim, e no Complesso del Vittoriano, em Roma, apesar de não ter sido possível apurar datas (CERN, «Signatures of the Invisible», 29 jun. 2000).

O nome da exposição tinha origem na caracterização desvalorizadora das físicas teóricas enquanto meras «assinaturas» da matemática, e na necessidade de tornar visível algo que muitas vezes não o era, como as disciplinas da relatividade, da antimatéria e da mecânica quântica, cuja fulcral relevância para a compreensão do mundo devia, no entanto, ser assinalada. Procurava-se desafiar os artistas a abordar temas diretamente associados ao conhecimento científico, integrado no quotidiano contemporâneo através dos computadores, do poder nuclear, das armas atómicas, dos microchips, da televisão, da Internet e do vídeo, e na alteração do paradigma da cultura (Ibid.).

Depois de algumas visitas preliminares ao CERN, que permitiram uma relação de troca de informações, os artistas começaram uma residência de dois meses neste centro, que originou trabalhos muito variados: «[…] from engravings based on particle collisions, installations around non-radioactive Roman lead, metal sculpture in collaboration with CERN workshop technicians, computer art, print making, a collection of fashion figures and video art.» (CERN, «Signatures of the Invisible», 29 jun. 2000)

A receção da exposição foi bastante positiva, como afirmou Nick Kaplony, produtor do London Institute, num e-mail dirigido a Ana Gomes da Silva, produtora do CAMJAP, no qual aludiu ao facto de várias pessoas considerarem ter sido esta a melhor mostra da itinerância. O êxito da exposição foi igualmente testemunhada por Ana Gomes da Silva num e-mail dirigido a Christine Rugemer, jornalista do European Service Network: «Suite à votre e-mail concernant l'exposition Signatures of the Invisible, j'ai le plaisir de vous informer que l'exposition est très visitée, soit par des adultes soit par des enfants, et nous avons beaucoup de demandes de visites guidées à cette exposition.» (E-mail de Ana Gomes da Silva para Christine Rugemer, 20 dez. 2002, Arquivos Gulbenkian, CAM 00505) Nesta mensagem surge ainda a informação de que foi realizado um ateliê muito concorrido que teve como base a gravura exposta de Bartolomeu Cid dos Santos, apesar de não ter sido possível apurar a data em que ocorreu e tão-pouco o responsável pela sua organização.

O programa da exposição foi acompanhado pela realização de um simpósio, intitulado «Nothing… Symposium», com coordenação de João Caraça, do Departamento de Ciência da FCG. Entre 8 e 9 de novembro de 2002, «Nothing… Symposium» reuniu na Sala Polivalente do CAMJAP físicos e artistas envolvidos neste projeto, como Michael Doser, Filipe Duarte Santos, Monica Sand, Ken McMullen, Gustav Metzger, John March-Russell, Alessandro Pascolini, Richard Deacon, Tim O'Riley, Maurice Jacob, Carlos Matos Ferreira, Bartolomeu Cid dos Santos, Jorge Dias de Deus, Janna Levin, Patrick Hughes, Benoit Mandelbrot, Jean-Marc Lévy-Leblond e Don Foresta.

Carolina Gouveia Matias, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Congresso / Simpósio

Nothing... Symposium

8 nov 2002 – 9 nov 2002
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00505

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, apólices de seguro, programa do simpósio e material para o catálogo. 2000 – 2003

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 110406

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2002


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