A exposição «A Imagem Holográfica. Oito Artistas na Era do Laser» partiu de uma proposta que o diretor do Serviço de Belas-Artes, Artur Nobre de Gusmão, dirigiu à artista inglesa Susan Gamble, quando esta se deslocou a Lisboa, em 1982, para selecionar os artistas portugueses que iriam frequentar o «Holography Workshop», que iria ser ministrado na Goldsmith College, em Londres. O título inicialmente proposto por Susan Gamble, mas que viria a ser preterido, foi «The Holography» (ou, em português, «Holografia: Uma Técnica Moderna»).

O workshop foi um projeto-piloto de iniciativa da Goldsmith College que previa a realização de residências, conferências e intercâmbios entre vários artistas interessados em holografia. O projeto foi subsidiado pela FCG, através da sua Delegação em Londres, tendo o workshop sido frequentado por vários artistas portugueses, nomeadamente Emília Nadal, Eduardo Nery, Sérgio Pinhão e Luís Noronha da Costa.

Em 1983, a dupla britânica de artistas-hológrafos Michael Wenyon e Susan Gamble começaria a produção da exposição sobre a técnica da holografia na Fundação Calouste Gulbenkian. Este projeto expositivo foi concretizado em parceria com três serviços da FCG: o Serviço de Belas-Artes (SBA), o Centro de Arte Moderna (CAM) e o Serviço de Exposições e Museografia (SEM).

A exposição «A Imagem Holográfica. Oito Artistas na Era do Laser» foi a primeira mostra de holografia em Portugal e visou dar a conhecer a evolução desta técnica, existente desde 1960. Para tal, foram apresentados cerca de 50 hologramas, acompanhados dos desenhos que ilustravam a evolução do trabalho de conceção. A escolha dos oito artistas selecionados refletiu uma procura de representação internacional e a preocupação de apresentar estéticas diversificadas.

Apesar das diferentes nacionalidades, todos os artistas que participaram nesta exposição eram residentes nos EUA: os ingleses Wenyon & Gamble, Margaret Benyon e Jeremy Diggle, os norte-americanos John Kaufman e Doug Tyler, o holandês Rudie Berkhout e o alemão Dieter Jung. A curadoria esteve a cargo de Susan Gamble e Michael Wenyon, os dois artistas associados à Goldsmith College que dirigiam em Londres o workshop de holografia e que também participaram na exposição.

A exposição holográfica decorreu na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 01), oferecendo livre acesso ao público (gratuita). Foi vista por 18 229 visitantes.

Aproveitando o facto de Dieter Yung, um dos oito participantes na exposição, se encontrar em Lisboa a convite do Goethe-Institut, o CAM organizou uma mesa-redonda, no dia 17 de outubro, para refletir sobre a obra deste artista e sobre a técnica da holografia em geral. Para esta mesa-redonda, foram convidados quatro artistas internacionais representados na exposição – Susan Gamble, Michael Wenyon, Rudie Berkhout e o próprio Dieter Yung – e oito artistas portugueses – Eduardo Nery, Emília Nadal, José de Guimarães, Helena Almeida, Eduardo Sérgio, Guilherme Parente, David de Almeida e Sérgio Pinhão. Foram ainda convidados os artistas Fernando Calhau e Jorge Martins, que não chegariam a participar.

A propósito da celebração do vigésimo quinto aniversário da descoberta do laser, foi pedida uma itinerância da exposição ao Centro UNESCO do Porto. Esta, porém, não se realizaria devido a compromissos assumidos com a devolução das obras de arte.

Ainda no contexto da exposição, a Delegação da FCG em Londres doou ao CAM quatro obras de dois artistas britânicos (três de Margaret Benyon e uma de Adrian Lines) que anteriormente haviam beneficiado de uma bolsa concedida pela Delegação para a utilização da técnica da holografia.

Foi ainda proposta pelos diretores dos Serviços de Belas-Artes, do Centro de Arte Moderna e do Serviço de Exposições e Museografia a aquisição de um holograma de cada um dos artistas participantes na exposição (Apontamento Serviço de Belas-Artes, 30 jan. 1986, Arquivos Gulbenkian, SBA 15515). Os proponentes manifestavam-se convictos de que, com esta aquisição, a Fundação ficaria, «de forma pioneira entre nós, a contar, nas suas colecções, com um núcleo importante de hologramas que são excelentes exemplos de uma linguagem nova a inscrever no acervo do Centro de Arte Moderna e, desse modo, com uma informação permanente e muito actualizada, após a cultura visual da grande massa de público que o frequenta». Apesar do esforço feito pelos referidos serviços, a compra não viria a concretizar-se.

Ana Lúcia Luz, 2017