Langages. Entre le dire et le faire

Festival Chantiers d'Europe du Théâtre de la Ville

Exposição coletiva que abordou o tema da linguagem, organizada pela Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a Bienal de São Paulo, distribuindo-se por vários espaços da capital francesa. A mostra apresentou trabalhos em vídeo, fotografia, instalação e performance.
Collective exhibition on language, organised by the Calouste Gulbenkian Foundation’s Délégation en France in collaboration with the São Paulo Biennale and staged in several locations throughout Paris. The show featured video works, photography, installation and performance art.

«Langages. Entre le dire et le faire» foi uma iniciativa da Fondation Calouste Gulbenkian (FCG) – Délégation en France, organizada em parceria com a Fundação Bienal de São Paulo e com curadoria de Filipa Oliveira. A exposição ocupou vários espaços parisienses, repartindo os trabalhos dos 16 artistas convidados: na FCG – Délégation en France estiveram Aurélien Froment (1976), Bas Jan Ader (1942-1975), Fernanda Fragateiro (1962), João Penalva (1949), Manon de Boer (1966), Meris Angioletti (1977), Shilpa Gupta (1976) e Susan Hiller (1940-2019), na Fondation Nationale des Arts Graphiques et Plastiques, esteve Pierre Leguillon (1969), e na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, foram apresentadas as performances de Pedro Barateiro (1979) e de Susana Mendes Silva (1972).

Por se associar a importantes espaços do panorama artístico parisiense, a mostra constituiu um momento importante para a delegação da FCG em França, não só pelos artistas e trabalhos reunidos, mas também por ter representado mais um passo «no esforço continuado de estabelecer relações com a cidade [Paris] e com os seus organismos» (Relatório e Contas FCG. 2013, 2014, p. 217).

«Langages» integrou a programação complementar do Chantiers d'Europe 2013, festival que marcou as comemorações dos quinze anos do tratado de amizade entre Lisboa e Paris e que foi organizado pelas câmaras das duas cidades, em colaboração com o Instituto Francês, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

O projeto dividiu-se em duas partes: a primeira em Paris, no quadro da programação do Théâtre de la Ville, e depois em Lisboa, no âmbito do Festival de Outono, que acolheu diversas iniciativas culturais francesas. No espaço do Chantiers d'Europe, a FCG – Délégation en France organizou um debate à volta do tema «Les nouveaux horizons des arts visuels portugais», do qual fizeram parte António Contador, performer e artista visual, Caroline Hancock, comissária, escritora e editora, Filipa Oliveira, crítica e comissária, e Tiago Bartolomeu Costa, jornalista e crítico do jornal Público.

A exposição apresentou trabalhos em diferentes formatos (vídeos, fotografias, instalações sonoras e visuais, performances e um livro), subordinados a três questões essenciais relacionadas com a linguagem. O que é a linguagem? Como é utilizada? Quais são os seus limites? Apesar de terem na sua base estas interrogações, os trabalhos expostos não davam ao visitante respostas ou conclusões, antes incitavam ao debate, criando um lugar de reflexão e de diferentes abordagens do tema da linguagem, como ficou registado na documentação de divulgação da mostra: «Plus que de faire un constant définitif, l'exposition cherche à ouvrir les réflexions liées au langage. Elle donne à voir comment les usages des différents langages affectent les relations entre les personnes, les objets et comment le fait de comprendre ou pas un langage peut affecter nos corps.» (Comunicado de imprensa, 2013, Arquivos Gulbenkian, ID: 129498)

Para Artur Santos Silva, presidente da FCG, mais do que fazer uma abordagem da linguagem, a exposição tratou questões relacionadas com a sociedade contemporânea, com o intuito de tentar percebê-la melhor através dos trabalhos apresentados, que funcionariam como «outils de compréhension du monde et de ses individus» (Langage. Entre le dire et le faire, 2013, p. 5).

Em «Langages. Entre le dire et le faire», a linguagem foi entendida como uma condição do pensamento e algo que vive para além do discurso e das regras gramaticais. «Nous prenons pour base le fait que le langage est une condition qui forme, établit et solidifie les cultures, avec pour ambition de questionner les limites d'un tel édifice. Ce processus nous a mené à considérer pas tant les limites mais plutôt l'adaptabilité de la notion de “champ élargi” du langage. Comment peut-on prendre en compte des façons alternatives de penser au langage en relation à ce qui est visuel par rapport aux exercices et aux expériences du passé?», questão levantada pela curadora da exposição no texto que assina no catálogo (Ibid., p. 8).

Inicialmente a exposição tinha como título «La fin du langage», não com a intenção de transmitir um tom apocalíptico, mas de partir desta premissa para levantar uma série de questões que extrapolavam o seu significado literal. Uma dessas questões tinha que ver com a distinção entre entidade abstrata e ato performativo associado à linguagem, para a qual o uso do corpo é essencial.

Assim, a dimensão performativa da linguagem assumiu um dos aspetos mais importantes no desenvolvimento do projeto, que teve como consequência direta a alteração do nome da exposição para «Langage. Entre le dire et le faire», título que remetia para um estado intermédio entre o dizer e o fazer e que estabelecia uma ponte entre todas as intervenções artísticas apresentadas: «Tous les artistes qui participent opèrent dans un domaine au-delà des mots et sont occupés par des gestes dans le sens le plus vaste possible du terme. Ils ont différentes manières de décaler le langage en le performant et en le transportant vers une autre dimension (visuelle).» (Ibid., p. 10)

Para o desenvolvimento do projeto, foi também essencial o conceito de impossibilidade da tradução, no sentido em que não seria possível existir uma transposição direta entre uma realidade e o seu exato equivalente, traduzido noutro sistema, impossibilidade essa que esteve na base da construção do catálogo. Não sendo possível haver uma tradução direta entre a exposição e o seu catálogo, os artistas foram convidados a refletir sobre a forma de transpor os seus trabalhos para o formato de livro, sem a reprodução literal dos mesmos. Isto resultou na conceção do catálogo como uma extensão da exposição, na qual foram convidados a intervir mais três artistas e um escritor de ficção. Assim, este incluiu as intervenções de John Wood & Paul Harrison, Julia Rometti & Victor Costales e Rosa Barba, além de um texto de Gonçalo M. Tavares, intitulado «Langage, traduction et imagination. Et la méthode de Pina Bausch, par exemple».

A abordagem do catálogo enquanto parte integrante da exposição, e não apenas como o seu registo documental, permitia, segundo Filipa Oliveira, um acesso mais fácil e ilimitado aos trabalhos dos artistas: «Le principe est donc que vous, le lecteur, puissiez maintenant tenir ces projets entre vos mains. Afin de les lire et de les apprécier encore et encore, loin des contraintes d'une exposition (les murs, les dates, les localisations, le personnel de la galerie…), suspendus hors du temps.» (Ibid. p. 12)

A exposição foi elogiada pela revista cultural francesa Télérama, que considerou a iniciativa bem pensada, apesar da grande ambição da sua curadora, para quem «le message passe bien en dépit de l'ambition du propos, à la frontière de la philosophie et d'autres domaines. Dense et bien pensé, il se situe aux antipodes du verbe "communiquer"» (Philippe, Télérama, 2013).

Carolina Gouveia Matias, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

Les Nouveaux Horizons des Arts Visuels Portugais

12 jun 2013
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France
Paris, França
Visita(s) guiada(s)

Langages. Entre le dire et le faire

13 jun 2013
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France
Paris, França

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 129507

Coleção fotográfica, cor: aspetos (Délégation en France-FCG, Paris) 2013

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 129521

Coleção fotográfica, cor: inauguração (Délégation en France-FCG, Paris) 2013


Exposições Relacionadas

Trois Fois Rien

Trois Fois Rien

2012 / Fondation Calouste Gulbenkian – Delégation en France, Paris

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