Integrando-se no grupo de mostras organizadas pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em colaboração com o Istituto Italiano di Cultura em Portugal, esta exposição visou a afirmação do «renovado voto de um estreitamento cada vez maior das relações artísticas entre Portugal e a Itália» (Desenhos Italianos da Academia Carrara de Bérgamo, 1968).

Antes de ser apresentada em Portugal, esta mostra foi exibida em Essen (Alemanha), em Madrid e em mais três cidades espanholas, «tendo suscitado sempre vivo interesse entre os estudiosos e os cultores das artes figurativas» (Ibid.).

A pertinência da sua montagem em Lisboa foi defendida por Artur Nobre de Gusmão, que salientou a importância de se abrir uma nova linha de ação dedicada à divulgação da arte antiga, uma vez que até aí a FCG centrara as suas mostras em dois grandes grupos: «artes contemporâneas, nacionais ou estrangeiras, e de carácter arqueológico» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 23 set. 1968, Arquivos Gulbenkian, SBA 15559).

Nesta exposição foram exibidos vários desenhos pertencentes à Accademia Carrara, de Bérgamo, instituição fundada no século XVIII, cujos fundos gráficos só começaram a ser alvo de aturado estudo científico a partir de 1962. A mostra, que contou com uma seleção de 60 desenhos, organizou-se em vários núcleos: «Artistas lombardos», «Artistas venezianos», «Artistas emilianos», «Artistas genoveses» e «Artistas de Bérgamo do século XIX».

O objetivo último da exposição era aproximar cada visitante do «génio multiforme de tantos mestres celebrados», estimulando-o quiçá a aventurar-se «cada vez mais no mundo da cultura e da arte, descobrindo em si próprio sensibilidade e gosto acaso ignorados» (Desenhos Italianos da Academia Carrara…, 1968).

A receção do público lisboeta à exposição foi louvada por Riccardo Averini, um dos seus organizadores: «O interesse da exposição ultrapassou bastante uma participação confinada e restrita apenas a iniciados. Isto é, o público de Lisboa, não a visitou só para aproveitar dados de um mostruário técnico, atendendo às preciosas referências filológicas que o catálogo continha; fez mais: demonstrou apreciar o acontecimento no seu significado mais alto: aquele que os desenhos transmitem como mensagem estática, como expressão artística completa e auto-suficiente.» (Averini, Colóquio. Revista de Artes e Letras, n.º 52, jan. 1969, p. 31)

Joana Baião, 2015