A exposição «Aspectos da Arquitectura Barroca Luso-Brasileira» foi organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em Salvador da Bahia, por ocasião do I Festival Luso-Brasileiro do Barroco, que decorreu entre 16 e 26 de setembro de 1968 e contou com um vasto programa de exposições e concertos. Para além da montagem da exposição, a participação da FCG neste festival consistiu na realização de uma série de concertos da orquestra de câmara, em várias cidades brasileiras (Tournée da Orquestra de Câmara Gulbenkian ao Brasil, Arquivos Gulbenkian, SBA 15600).

O mote da exposição era perspetivar a arquitetura luso-brasileira religiosa, civil e militar, desde o final do século XVI até às manifestações do Rocaille e do Neoclassicismo (estes últimos incluídos «apenas a título de exemplificação final») (Aspectos da Arte em Portugal no Século XVIII, 1973). A narrativa iniciava-se com «exemplos de obras maneiristas como S. Vicente de Fora ou a Sé Nova de Coimbra para recordar a situação da arquitectura portuguesa no período imediatamente anterior à definição da arte barroca», e tinha como referências finais algumas obras edificadas em Lisboa em contexto pós-pombalino. Apesar do tema, os exemplos da arquitetura barroca brasileira foram introduzidos com «uma intenção apenas complementar» (Aspectos da Arquitectura Barroca Luso-Brasileira, 1968), tendo sido dado destaque à apresentação de exemplos da arte barroca em Portugal «continental, insular e ultramarino» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 11 jul. 1968, Arquivos Gulbenkian, SBA 15600).

Nesta exposição, «além de documentação fotográfica propriamente dita, enriquecida com apreciável número de transparências a cores», foram expostos vários modelos e diversas gravuras. As três maquetes de monumentos apresentadas (Forte da Berlenga, Torre dos Clérigos e Capela do Senhor das Barrocas) foram realizadas pelo artista Ticiano Volante, a pedido da FCG (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 17 jun. 1968, Arquivos Gulbenkian, SBA 15600). Foram ainda exibidos alguns exemplos de talha e de azulejaria, «com o objectivo de darem apontamento acessório relativamente à integração destas Artes no contexto arquitectónico para cuja modelação tão caracterizadamente contribuíram» (Aspectos da Arquitectura Barroca Luso-Brasileira, 1968).

Em maio de 1972, Artur Nobre de Gusmão dirigiria ao presidente da FCG, José de Azeredo Perdigão, um pedido de autorização para a remontagem desta exposição (com algumas alterações) no hall da Biblioteca da Fundação, de modo a estar patente ao público aquando da realização da reunião do Comité International d’Histoire de l’Art, que teve lugar na FCG entre 5 e 9 de junho desse ano. Apesar de haver registo de preparativos, a remontagem não chegaria a concretizar-se (Arquivos Gulbenkian, SBA 15379).

Em 1973, a exposição seria revista e ampliada, dando origem à mostra «Aspectos da Arte em Portugal no Século XVIII», que percorreu várias localidades portuguesas entre 1973 e 1986.

Joana Baião, 2015