Tesouros do Museu de Bagdade

Exposição organizada pela Direção-Geral das Antiguidades do Iraque, que reuniu uma seleção de 242 obras, de 5000 a.C. ao século XIV, provenientes do Museu do Iraque, em Bagdade. De origem profana e religiosa, eram peças representativas de expressões populares ou eruditas, executadas em técnicas e materiais muito variados.
Exhibition of 242 works, dated from the year 5000 BCE to the 14th century, from the collection of the National Museum of Iraq. Organised by Iraq's Directorate General of Antiquities, the show displayed a selection of works highly diverse in media and technique, of both secular and religious origin and representative of folk as well as high art forms.

Organizada pela Direção-Geral das Antiguidades do Iraque, esta exposição foi primeiramente apresentada em Colónia, Hamburgo, Berlim e Turim. A sua vinda para Lisboa começou a ser pensada a 5 de maio de 1964, data em que foi dada a «aprovação para que se realizasse durante o ano de 1965 a exposição de Arte do Iraque sob o patrocínio da Fundação» (Memorandum, 23 out. 1964, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354).

No sentido de preparar a vinda desta mostra para Lisboa, o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) propôs que Artur Nobre de Gusmão, diretor do Serviço de Belas-Artes, e Fernando de Azevedo, colaborador do Serviço de Projetos e Obras, se deslocassem a Hamburgo e a Colónia para iniciarem as «necessárias formalidades relacionadas com a vinda da exposição a Lisboa» (Ibid.) e assistirem à sua apresentação naquelas cidades. Na sequência desta viagem foram redigidos dois importantes relatórios (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 25 nov. 1964, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354).

Na mostra organizada em Lisboa foram apresentados 242 objetos pertencentes ao Museu do Iraque, em Bagdade. As obras expostas tinham origem profana e religiosa, eram representativas de expressões populares ou mais eruditas e executadas em técnicas e materiais muito variados. A sua seleção foi feita «de modo a permitirem o conhecimento das principais tendências artísticas que se foram sucedendo na Mesopotâmia, durante um período muito longo, que se estende desde o V milénio antes da nossa Era até ao século XIV, já em plena época muçulmana. Deste modo, a panorâmica que se traça reúne exemplos notáveis do alto nível demonstrado pelos artistas contemporâneos de tão antigas civilizações como a da Suméria, ou a de Babilónia, a da Assíria, as dos tempos dos Selêucidas e dos Sassânicas, etc.» (Comunicado de imprensa, 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354).

Patente na sala de exposições temporárias do Museu Nacional de Arte Antiga, esta exposição começava com um núcleo onde era apresentada uma série de imagens fotográficas que evocavam «a devastação secular que submergiu o próprio esqueleto de cidades monstruosas, as quais abrigaram povos iniciadores da astronomia, da hidráulica, da geometria e da mecânica, além de terem sido os inventores da escrita» (Pernes, Colóquio. Revista de Artes e Letras, n.º 35, out. 1965).

Visando «concorrer para o seu mais perfeito e generalizado conhecimento e para lhe assegurar a mais larga difusão pedagógica», a FCG organizou uma série de conferências com temas alusivos à exposição, em que participaram «alguns dos mais reputados especialistas da História e da Arqueologia da Mesopotâmia» (Comunicado de imprensa, 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354).

A organização da exposição em Portugal contou com o contributo da Direção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes, da Direção-Geral das Alfândegas, do Secretariado-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Museu Nacional de Arte Antiga.

A edição do catálogo teve a colaboração de W. Frölich, diretor do Rautenstrauch-Joest Museum (Colónia), que autorizou a utilização dos textos do catálogo alemão, na versão portuguesa.

Embora prevista para estar patente ao público apenas cerca de um mês, o «interesse despertado pela exposição motivou […] o desejo de a Fundação a manter aberta ao público por mais tempo», o que levou a que o prazo de encerramento fosse adiado até ao início de dezembro de 1965 (Carta de Artur Nobre de Gusmão, 29 jul. 1965 e 6 dez. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354).

Um dado curioso relacionado com este evento prende-se com o facto de a FCG ter, então, ponderado adquirir uma aparelhagem que permitiria «a escuta individual de um texto explicativo da exposição, previamente gravado, e emitido no local por um pequeno posto emissor. […] Visa-se possibilitar a um número avultado de visitantes, sem a necessidade de um ou mais guias, uma lição curta, objectiva e clara, especialmente destinada a estudantes, da arte que a exposição documenta» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 1 abr. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15354). Contudo, não foi possível confirmar, na documentação consultada, a concretização desta ideia.

Após o seu encerramento, a exposição seguiu para Paris, onde veio a ser apresentada no Musée du Louvre.

Joana Baião, 2015

Organised by the Directorate-General for Antiquities of Iraq, the exhibition was first shown in Cologne, Hamburg, Berlin and Turin. Its trip to Lisbon was first considered on 5 May 1964, the date on which approval was given for an exhibition, sponsored by the Foundation, on the Art of Iraq to be held in 1965 (Memorandum, 23 Oct. 1964, Gulbenkian Archives, SBA 15354).
To prepare for the exhibition's arrival in Lisbon, the Calouste Gulbenkian Foundation Board of Directors suggested that Artur Nobre de Gusmão, head of the Fine Arts Department, and Fernando de Azevedo, who worked in the Works and Projects Department, should go to Hamburg and Cologne to start dealing with the necessary formalities connected to the exhibition's journey to Lisbon (ibid.) and observe the exhibition in the two cities. Following the trip, two important reports were drawn up (Note by the Fine Arts Department, 25 Nov. 1964, Gulbenkian Archives, SBA 15354).
The show organised in Lisbon displayed 242 objects belonging to the Museum of Iraq in Baghdad. The pieces exhibited were both secular and religious in origin and represented folk and more erudite artistic expression, produced using a highly varied range of techniques and materials. The pieces were selected so as to understand the main artistic trends that emerged in Mesopotamia over a very long period of time, stretching from the 5th millennium before our age to the 14th century, well into the Islamic era. The panorama it shows therefore includes notable examples of the highest level demonstrated by the contemporary artists of such ancient civilisations as the Sumerian or the Babylonian, the Assyrian, the civilisations of the Seleucids and the Sasanians, etc. (Press release, 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15354).
On display in the temporary exhibition room at the Museu Nacional de Arte Antiga, the exhibition began with a section showing a series of photographs depicting the centuries-old devastation which submerged the very skeleton of monstrous cities that housed the first peoples of astronomy, hydraulics, geometry and mechanics, as well as having been the inventors of writing (Pernes, Colóquio. Revista de Artes e Letras, no. 35, Oct. 1965).
Aiming for the greatest and fullest knowledge [of the event] to ensure it has the widest pedagogical dissemination, the FCG organised a series of conferences on themes related to the exhibition with the participation of some of the most renowned specialists on the history and archaeology of Mesopotamia (Press release, 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15354).
The organisation of the exhibition in Portugal involved the cooperation of the Directorate-General for Higher Education and Fine Arts, the Directorate-General for Customs, the Secretary-General of the Ministry of Foreign Affairs and the Museu Nacional de Arte Antiga.
The catalogue involved cooperation from W. Frölich, director of the Rautenstrauch-Joest Museum (Cologne), who allowed texts from the German catalogue to be used in the Portuguese version.
Although it was due to remain open to the public for only around a month, the interest attracted by the exhibition led (...) the Foundation to wish to keep it open to the public for longer, and its closing date was pushed back to the beginning of December 1965 (Letter from Artur Nobre de Gusmão, 29 Jul. 1965 and 6 Dec. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15354).
One curious fact related to this event is that the FCG had, at the time, considered acquiring equipment that would make it possible to individually listen to an explanatory text in the exhibition, recorded beforehand, and broadcast on site by a small post. (...) The aim is to allow for a high number of visitors without the need for one or more guides; a short, objective, clear lesson, particularly designed for students, on the art shown in the exhibition (Note by the Fine Arts Department, 1 Apr. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15354). It has not been possible, however, to confirm in the documents consulted whether this idea came to fruition or not.
Once it closed, the exhibition moved on to Paris, where it was displayed at the Musée du Louvre.

Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

[Arte da Mesopotâmia]

24 jun 1965 – 12 jul 1965
Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15354

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, relatórios, comunicados de imprensa, preparação do catálogo, assim como um «Relatório da viagem efectuada a Hamburgo e a Colónia entre 19 e 22 de Novembro corrente» (redigido por Fernando de Azevedo, 25 nov. 1964) e «The Travelling Iraqi Archaeological Exhibition. Explanatory note on the conditions governing the availability of the exhibition for show in recipient countries» (produzido pelo Directorate-General of Antiquities, Bagdad, 24 ago. 1964). 1964 – 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 13706

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, rascunhos das comunicações proferidas, dados biográficos dos conferencistas e comunicados de imprensa. 1965 – 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/026-D01656

1 prova, p.b.: inauguração (Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa) 1965

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / CFT003.7700 a CFT003.7786

Coleção fotográfica, p.b.: objetos (Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Projectos e Obras), Lisboa / SPO-S013-D01318

1 prova, p.b.: aspeto (Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa) 1965


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