Rui Vasconcelos. Lugar da Água

Exposição individual do artista Rui Vasconcelos (1967) organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Com curadoria de Jorge Molder, a mostra integrou duas pinturas e cinco desenhos sobre a temática mais explorada pelo artista: a paisagem.
Solo exhibition by the artist Rui Vasconcelos (1967) organized by the José de Azeredo Perdigão Modern Art Center. Curated by Jorge Molder, it included two paintings and five drawings on the theme most explored by the artist: landscape.

Exposição individual do artista português Rui Vasconcelos (1967), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), com curadoria do seu diretor, Jorge Molder.

Este «Lugar da Água», que integrou duas pinturas a encáustica de grandes dimensões e cinco desenhos, foi apresentado cerca de oito anos depois de uma outra exposição igualmente organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e de que o artista também fez parte: «Últimos Dias», que reunira 46 trabalhos de quatro artistas cujas afinidades incluíam o desenho enquanto veículo principal de criação.

Rui Vasconcelos ingressou no Curso Avançado de Artes Plásticas do Ar.Co, concluindo-o em 1996, ano em que se dedica exclusivamente à representação da paisagem. Tendo começado a expor em 1998, a sua obra foi apresentada pela primeira vez ao público numa das primeiras edições da iniciativa «Sete Artistas ao Décimo Mês», que visava dar foco a artistas em início de carreira (Relatório Balanço e Contas Fundação Calouste Gulbenkian, 2009).

No texto que redigiu para o catálogo, Leonor Nazaré, curadora do CAMJAP, escreve: «Cada paisagem repete um arquétipo, apesar das variações que o artista vai introduzindo. O deliberado hiper-realismo destas manchas florestais surge da necessidade de conseguir a ilusão fotográfica de um lugar que apenas é pictórico.» (Nazaré, Rui Vasconcelos. Lugar da Água, 2009) Esse lugar de assumida fantasia era também proporcionado por uma larga margem de papel deixada virgem em volta das suas criações, que, de acordo com Leonor Nazaré, assinalava o seu verdadeiro «palco de ficção» (Ibid.).

A noção de que o imaginário ligado à experiência sensorial da floresta é alimentado pelo modo de definir a mancha desenhada sobre o papel está já expressa, cinco anos antes, no catálogo da exposição «Arte Contemporânea na Assembleia» (2004), no qual o artista afirmara sobre o seu trabalho: «Os registos funcionam na esfera da intensidade, em termos de maior ou menos densidade, em profundidade e ao longo da superfície. O que é que está lá e não se vê, mas de alguma forma se pressente, o ressoar, um conjunto de pequenos momentos.» (Nazaré, Rui Vasconcelos. Lugar da Água [Folha de sala], 2009)

Em «Lugar da Água», tanto nas duas pinturas como nos cinco desenhos expostos, construídos em módulos sucessivos, era visível o detalhe e a profundidade das manchas florestais, em que «cada árvore é um monumento e cada floresta um património vivo, quase impenetrável» (Ibid.). Com vista a ilustrar o sentimento mais íntimo proporcionado por estas obras, Leonor Nazaré apoia-se num excerto da obra de María Zambrano, «Clareiras do Bosque» (1995), no qual a clareira do bosque surge como um lugar «onde nem sempre é possível entrar», onde tudo se sabe e nada se procura (Nazaré, Rui Vasconcelos. Lugar da Água, 2009). Segundo a autora, esse lugar intacto e valioso pode apresentar-se como arriscado ou, pelo contrário, salvífico.

Em maio de 2009, mês de encerramento da exposição, a obra Estudo (lugar da água) (2008) seria adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian e integrada na coleção do Centro de Arte Moderna (Inv. DP311).

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Estudo (lugar da água)

Rui Vasconcelos (1967-)

Estudo (lugar da água), 2008 / Inv. DP311

Estudo (lugar da água)

Rui Vasconcelos (1967-)

Estudo (lugar da água), 2008 / Inv. DP311


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

mar 2009 – mai 2009
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

mar 2009
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Teresa Gouveia e Manuel Costa Cabral (ao centro)
Teresa Gouveia (atrás, à esq.)
Jorge Molder (à esq.) e Leonor Nazaré (à dir.)
Teresa Gouveia (à esq.). Cristina Sena da Fonsenca (ao centro) e Manuel Costa Cabral (à dir.)

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 01075

Pasta com documentação referente à aquisição da obra de Rui Vasconcelos, «Estudo (lugar da água)», pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. 2009 – 2009

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00609

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos e informação sobre a aquisição da obra «Estudo (lugar da água)». 2009 – 2009

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 9584

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2009

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 9583

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAMJAP, Lisboa) 2009


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