Stéphane Rocher. Portugal, Atlantique: Bord du Monde

Exposição de fotografias do artista francês Stéphane Rocher (1968). Francisco Bethencourt, então diretor do Centre Culturel Calouste Gulbenkian, assegurou a organização da mostra. A exposição reuniu uma série de fotografias de paisagens da costa atlântica, da costa de França e da costa do Sara Ocidental.
Exhibition of photographs by French artist Stéphane Rocher (1968). Organised by Francisco Bethencourt, then-director of the Centre Culturel Calouste Gulbenkian, the show featured a series of photographs depicting landscapes of Atlantic coastlines, from France to the Western Sahara.

Realizada em 2003, a exposição dedicada ao artista Stéphane Rocher (1968) foi produzida pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), em Paris. Francisco Bethencourt, então diretor do CCCG, assegurou a organização da exposição.

Stéphane Rocher é um notável fotógrafo francês, particularmente dedicado à fotografia de paisagem a preto-e-branco. Segundo se lê no folheto publicado por ocasião da exposição, «par sa façon de sélectionner les objets, de choisir les encadrements, d'ouvrir le diaphragme ou de régler la vitesse d'exposition, le photographe est toujours l'interprète d'un espace» (Stéphane Rocher. Portugal, Atlantique: Bord du Monde [folheto], 2003).

O resultado de uma fotografia de paisagem pode ter configurações bastante distintas se registada em diferentes momentos e horas do dia – as condições da luz, a interferência de objetos e pessoas ou a sua composição ou escala estão diretamente implicadas no suporte fotográfico. Associada a essas condições, digamos naturais ou incontroláveis, a opção estética e sentimental do fotógrafo está igualmente sempre presente: «L'option esthétique (et sentimentale) du photographe est toujours présente, elle s'impose d'une certaine façon au paysage, ce qui prouve que les choses n'ont pas d'existence en soi, elles sont plutôt “activées” (et, du coup, transformées) par le regard que l'on pose sur elles.» (Ibid.)

A presente exposição reuniu uma série de fotografias de paisagens da costa atlântica, da costa de França e da costa do Sara Ocidental, as quais, nas palavras de Francisco Bethencourt, revelam a ligação indissociável entre a geografia e o homem, interpretada pela lente de Stéphane Rocher: «Cette exposition […] révèle le lien inextricable entre la géographie et l'homme, dans un ensemble de médiations où la réalité construite est altérée par le regard de Stéphane Rocher.» (Ibid.)

A paisagem alterada pelo homem é assim um tema central na obra de Rocher. Pretendendo salientar que, particularmente nos últimos séculos e em muitas zonas do mundo, a paisagem deixou de ser um dado «puro» criado pela natureza, Rocher regista essencialmente uma paisagem moldada pela ação do homem, através de diversos tipos de intervenção: trabalho agrícola, construção de vias de comunicação, de casas e equipamentos ou desenvolvimento florestal. Assim, o olhar do fotógrafo justapõe-se a essa realidade transformada pelo homem, numa pesquisa que visa a sua própria perceção do espaço, «comme si son univers mental trouvait une forme privilégiée d'expression (et de projection) dans une nature déjà abusée» (Ibid.).

Segundo Bethencourt, as fotografias de Rocher denotam por isso «reações emocionais», entendidas como uma clara recusa da imagem estereotipada, conhecida e reconhecida por todos. «L'homogénéité de son univers esthétique nous est communiquée par la lumière voilée, l'ambiance automnale, l'accent mis sur les lignes de construction […], l'isolement des gens (et des bêtes), la désagrégation des objets, comme si la nature cherchait à reprendre les espaces qui lui ont été confisqués.» E continua: «La différenciation des paysages de l'arc atlantique finit par s'introduire dans cet univers d'auteur, même si ses photos pouvaient se prêter à un jeu d'identification.» (Ibid.)

O conjunto de fotografias selecionadas para esta exposição assinalava a relação entre natureza e homem, constituindo, sobretudo, uma aproximação ao olhar do artista perante a paisagem que ele subjetivamente observa: «Cette exposition parle, donc, d'une comparaison de lieux et de gens, mais surtout d'un parcours et du mûrissement d'un regard qui nous fait découvrir les différents sentiments de l'auteur.» (Ibid.)

A delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian organizou diversas visitas guiadas à exposição. À semelhança do que sucedeu com várias iniciativas, não foi editado catálogo mas um desdobrável de apresentação e divulgação da exposição. O folheto-desdobrável inclui uma biografia do artista e reprodução de algumas das fotografias exibidas.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05378

Pasta com folhetos de exposições organizadas no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris. 1979 – 2003


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