Pintura Espanhola Contemporânea

Exposição que reuniu um conjunto de 183 telas de artistas espanhóis contemporâneos, inaugurada pelos reis de Espanha por ocasião de uma visita oficial a Portugal. A mostra integrou ainda um pequeno núcleo com obras de Manolo Millares (1926-1972), artista consagrado pioneiro da vanguarda na arte espanhola.
Exhibition of 183 paintings by contemporary Spanish artists, which was inaugurated by the Spanish Royal Family on their official visit to Portugal. The show included a small section of works by Manolo Millares (1926-1972), a pioneering artist in avant-garde Spanish art.

Exposição de pintura espanhola realizada na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), inaugurada pelos reis de Espanha no dia 4 de maio de 1978. Aproveitando uma visita oficial dos monarcas espanhóis a Portugal, a exposição reuniu um significativo conjunto de 183 obras. A mostra resultou do trabalho de parceria entre o Serviço de Exposições e Museografia da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), coordenado por José Sommer Ribeiro, e a Direção-Geral de Relações Culturais do Ministério Espanhol de Assuntos Exteriores, com o apoio institucional da Embaixada de Portugal em Espanha. A seleção de obras e o comissariado da exposição ficaram a cargo do crítico de arte Luis González Robles, membro AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte.

Nas palavras do comissário, a exposição reunia um conjunto de 92 artistas, representativos das «tendências em que a pintura se move nos nossos dias: desde a figuração distanciadora até ao construtivismo conceptual, desde o hiper-realismo até ao surrealismo, desde a crítica social até ao "ingenuismo", desde o neoexpressionismo ao intimismo» (Pintura Espanhola Contemporânea, 1978).

Por conseguinte, foram selecionados para o efeito artistas maioritariamente jovens com um percurso considerado consistente e seguro, e cuja atividade expositiva, com diversas participações em bienais e exposições de referência histórica, permitia compreender os caminhos contemporâneos da arte espanhola dos finais da década de 1970.

A par deste núcleo, a exposição incluiu, em jeito de homenagem póstuma, uma apresentação da obra de Manolo Millares (1926-1972), um autor consagrado e «introdutor da nova arte em Espanha», que representa, no contexto da exposição, a «geração que rompeu com classificações provincianas e abriu portas internacionais aos artistas espanhóis» (Ibid.).

Na brochura que acompanha o catálogo da exposição, dedicada na íntegra à figura de Millares, o autor do texto de apresentação, José Hierro, escreve, reforçando a referencial importância do pintor no curso da história da arte espanhola do século XX: «[…] em 1957, Manolo Millares surpreendeu-nos com a sua exposição celebrada no Ateneu de Madrid. Tinham desaparecido todas as referências à realidade. Os seus quadros eram pedaços de sacos desfiados, toscamente cosidos, queimados. Podiam ser andrajos de hábitos de ermitãos, rudimentares mantas para o sonho dos mendigos.» (Millares, 1979)

A Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian integra duas obras de Millares, datadas de 1962 e 1971, adquiridas em 1981 (Inv. 81PE40 e Inv. 81PE41).

A propósito da exposição, Edgardo Xavier refere que, «sendo obras de autores relativamente jovens[,] se percebe a segurança dos que[,] tocando quase todas as tendências da pintura actual[,] desde a figuração distanciadora ao construtivismo conceptual, do surrealismo ao hiper-realismo, do neo-expressionismo ao intimismo, o fazem na plenitude da convicção. O resultado é uma qualidade com nota alta em todos [os] autores presentes» (Xavier, A Luta, 10 mai. 1978). Esta crítica confirma a relevância desta iniciativa na conjuntura cultural do país, num claro contraciclo face ao «isolamento português» (Ibid.).

A Fundação Calouste Gulbenkian já tinha apresentado em 1971, no âmbito da Semana Espanhola em Lisboa, uma exposição intitulada «A Paisagem na Pintura Espanhola Contemporânea», que reunia, maioritariamente, obras de datação anterior, realizadas por pintores em atividade na primeira metade do século XX cuja temática dominante versava inevitavelmente a figuração de temática paisagista.

Os monarcas espanhóis deslocaram-se a Portugal numa visita oficial em maio de 1978, durante a qual, além da inauguração da exposição «Pintura Espanhola Contemporânea», na Fundação Calouste Gulbenkian, e de encontros oficiais com individualidades portuguesas e membros da comunidade espanhola, assinaram, em Guimarães, a ratificação do Tratado de Amizade e Cooperação Ibérica, somente três anos após a nomeação de Juan Carlos I.

Isabel Falcão, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita oficial

[Pintura Espanhola Contemporânea]

mai 1978
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria Principal / Galeria Exposições Temporárias (piso 0)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Reis de Espanha, Juan Carlos I e Sofía de Grécia y Dinamarca, José Sommer Ribeiro

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00124

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, recortes de imprensa. 1978 – 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0030-D00095

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0030-D00096

Coleção fotográfica, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / F03-04440

Coleção fotográfica, p.b.: inauguração (FCG, Lisboa) 1978


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