Exposição de um núcleo de gravuras e peças em cerâmica de Sonia Delaunay (1885-1979), pertencente à coleção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP).

Na área de exposições rotativas do piso 01 do CAMJAP foi apresentada uma seleção de litografias produzidas na década de 1970 e doadas pela artista à Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). As obras foram agrupadas tendo em consideração aspetos formais e cromáticos, revelando diferentes pesquisas com base na teoria do simultaneísmo, a qual defendia o poder construtivo e dinâmico da cor. No espaço de planta retangular foram dispostas frente a frente composições geométricas, criadas com cores primárias e não-cores, e outras dominadas por linhas circulares, com maiores variações cromáticas. Deste modo, são revelados diferentes resultados das suas experiências simultaneístas; de um lado, uma espécie de sucessão de padrões rítmicos e, do outro, movimentos centrípetos e centrífugos ilusórios, um tanto hipnóticos.

A aplicação destas pesquisas de contrastes simultâneos às designadas artes decorativas surge através de duas peças em cerâmica: Rythmes Circulaires e Venise, um prato e uma jarra em porcelana dura de Limoges, produzidos pela Artcurial Paris, e adquiridos em 1980 pela FCG.

A produção de múltiplos esteve, desde cedo, presente no percurso de Sonia Delaunay. Na década de 1920, a artista começa a colaborar com uma casa comercial de Lyon, produzindo «tecidos simultâneos». A excelente aceitação destes tecidos e o número crescente de encomendas levaram-na a abrir a Casa Sonia, em Madrid, e, em 1925, a apresentar a sua Boutique Simultanée na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de Paris.

A esta exposição, comissariada por Ana Vasconcelos, seguiu-se «Bernardo Marques. Paisagens», patente entre 17 de setembro de 2002 e 17 de março de 2003.

Mariana Roquette Teixeira, 2019