Arpad Szenes. Œuvres Gravées, 1933 – 1944

Exposição individual do artista húngaro, naturalizado francês, Arpad Szenes (1897-1985). A exposição partiu da proposta do Comité Arpad Szenes-Vieira da Silva e foi articulada com a retrospetiva do artista, produzida pela Association pour la Promotion des Arts e realizada na mesma cidade.
Solo exhibition of work by Hungarian-born French artist Arpad Szenes (1897-1985). The exhibition was proposed by the Arpad Szenes-Vieira da Silva Committee and arranged as a retrospective on the artist’s work, held by the Association pour la Promotion des Arts.

A exposição dedicada ao artista húngaro, naturalizado francês, Arpad Szenes (1897-1985) foi realizada no ano 2000 e produzida pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), em Paris.

A exposição foi proposta ao CCCG pelo Comité Arpad Szenes-Vieira da Silva e esteve articulada com a grande exposição retrospetiva de Arpad produzida pela Association pour la Promotion des Arts, realizada no mesmo ano na Mairie de Paris (Hôtel de Ville).

Além de se distinguir por uma notável obra de desenho, pintura, guache e têmpera, Arpad Szenes também se dedicou, embora irregularmente, à gravura. Iniciou-se nesta técnica em Paris, no ano de 1931, no reconhecido Atelier 17, de Stanley William Hayter (1901-1988), que frequentou até ao início da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A sua aprendizagem não se limitou ao domínio da técnica, tendo sido enriquecida pelo estimulante convívio e influências dos artistas que frequentavam o Atelier 17, em particular os surrealistas Yves Tanguy (1900-1955), Max Ernst (1891-1976), Joan Miró (1893-1983), entre outros. As gravuras deste período refletem «a segurança, a força e a delicadeza dos seus desenhos e das suas pinturas. […] Apesar de se tratar de uma produção descontínua e esporádica, a gravura foi um meio privilegiado para as pesquisas plásticas de Arpad Szenes» («Arpad Szenes», 1999).

Segundo Francisco Bethencourt, então diretor do Centre Culturel Calouste Gulbenkian, a relevância da presente exposição prendia-se com a necessidade de divulgar a excecional qualidade das gravuras do artista: «La qualité exceptionnelle de l'œuvre graphique d'Arpad Szenes nous a convaincus de la nécessité de cette exposition de gravures dans l'espace du Centre Culturel Calouste Gulbenkian.» (Arpad Szenes, 2000, p. 7)

A par desse pretexto, o diretor sublinhou a intenção de tornar a exposição uma iniciativa complementar da exposição retrospetiva supracitada: «Nous avons également pensé que cette initiative au Centre viendrait compléter la grande rétrospective d'Arpad à la Salle-Jean organisée par la Ville de Paris.» (Ibid.)

Francisco Bethencourt referiu ainda um segundo objetivo desta exposição. Foi dirigido um convite aos estudiosos de Arpad, para que revisitassem a sua produção gráfica, com o intuito de se vir a produzir um catálogo com a correta datação das gravuras e a identificação das técnicas utilizadas pelo artista: «[…] inviter les amateurs d'art à revisiter le monde d'Arpad Szenes dans son expression graphique et produire un petit catalogue innovateur, avec une datation exacte des œuvres et une identification très précise des techniques utilisées.» (Ibid.)

Alain de la Bourdonnaye colaborou na produção e na edição do catálogo da mostra. Pintor, gravador e ilustrador, Alain de la Bourdonnaye foi aluno do ateliê de Arpad Szenes ao longo dos anos 50 e 60, onde realizou as suas primeiras pinturas. Ambos os artistas mantiveram uma relação próxima de amizade.

De acordo com Georges Jaeger, então presidente do Comité Arpad Szenes-Vieira da Silva: «La Bourdonnaye a en effet été le très proche et dernier élève d'Arpad Szenes dans les années 50-60. C'est Arpad lui-même qui, en 1953, vingt ans après son propre passage chez Hayter l'a vivement engagé à fréquenter l'Atelier 17, où il apprendra de 1952 à 1955 les bases d'un métier qui font de lui un graveur et ilustrateur de livres d'une grande qualité. C'est d'ailleurs Szenes qui rédigera en 1958 la préface pleine de finesse, d'amitié et d'humour du catalogue de la première exposition de peinture d'Alain de la Bourdonnaye à la galerie Pierre.» (Arpad Szenes, 2000, p. 9)

Nesse sentido, os organizadores da exposição consideraram Bourdonnaye a pessoa indicada para apresentar a obra gráfica de Arpad, assinando um dos textos do catálogo: «Personne, aujourd'hui, n'etait mieux placé pour nous présenter cet ensemble que le peintre-graveur Alain de la Bourdonnaye.» (Ibid.)

Embora entusiasta da gravura, Arpad Szenes apenas se dedicou a essa prática entre os anos de 1931 e 1968. Por isso mesmo, a sua produção enquanto gravador é limitada – existem apenas cerca de 70 gravuras. Para a exposição foram selecionadas 43 gravuras, referentes à primeira década de produção do artista (1932 a 1944), ou seja, trabalhos realizados no Atelier 17. Segundo Georges Jaeger, essa escolha devia-se à importância que esses anos tiveram na produção e estímulo criativo de Arpad Szenes: «Si nous avons choisi de limiter la preséntation […] aux premières gravures d'Arpad datant de 1932 à 1944 […], c'est en fonction de leur importance primordiale dans le développement de la pensée créative d'Arpad Szenes.» (Ibid.)

Georges Jaeger acrescenta que, ao trabalhar em gravura, Arpad Szenes complementa a pesquisa temática e desenvolve o seu estilo pessoal, em virtude das várias experimentações a que se dedicou: «Celui-ci aborde là une technique qui lui est peu familière et plutôt contraire à sa nature. Mais les difficultés qu'il rencontre à s'exprimer ainsi lui imposent de préciser la représentation de ses thèmes familières: les portraits de Marie-Hèléne, Le couple, Carrousel, Course de taureaux, Métamorphoses, Guerriers ou Hommes-trompettes. Contrairement aux graveurs de métier, il n'a pas comme but le tirage de ces épreuves, mais plutôt leur étude, par approches successives parfois enrichies de crayons noirs ou de couleurs, voire d'encre de Chine, qui sont autant d'états successifs – de passages, comme il les appelait – comme ceux présentés ici, qui permettront de suivre pas à pas la nature de sa recherche et de son style personnel.» (Arpad Szenes, 2000, p. 9)

A «dificuldade» que Arpad encontraria na gravura devia-se, entre outras razões, ao facto de essa prática lhe ser «pouco familiar». Segundo Alain de la Bourdonnaye, a gravura é uma arte na qual um artista colorista se depara com uma maior dificuldade em encontrar o seu lugar: «C'est donc un art où le peintre coloriste se sent mal à l'aise et trouve difficilement sa place.» (Arpad Szenes, 2000, p. 11)

Todavia, Bourdonnaye sublinha que Arpad Szenes, ao estar integrado na dinâmica criativa do Atelier 17, vai encontrar na gravura e no desenho um meio para contrariar a «facilidade do gesto», que dominava: «[…] il trouvera son chemin en développant son dessin et surtout il se servira des difficultés de la gravure pour lutter contre la facilité du geste, exigence qu'il aura toute sa vie.» (Ibid.)

Como Georges Jaeger já tinha mencionado, Bourdonnaye volta a sublinhar a relevância do Atelier 17 no crescimento artístico de Arpad e, em especial, no aprofundamento das suas temáticas: «L'Atelier 17 est donc une étape très importante dans l'évolution de son travail de peintre, en reprenant et en développant certains thèmes qui jalonnent toute son œuvre et, comme dans toute son œuvre, les thèmes s'interfèrent et se superposent.» (Ibid.) No mesmo texto, o autor consagra as gravuras de Arpad Szenes: «La taille-douce est la technique la plus noble de la gravure et Arpad sut admirablement s'en servir, même si selon lui “la technique n'est pas une fin en soi”.» (Ibid.)

As gravuras apresentadas ilustram os temas comuns da obra de Arpad: Le Couple; Carroussel; Métamorphose; Coq; La Sirène; Course de taureaux; La Chasse; Femme sur la plage; Le Guerrier; Chant de l'amour et de la mort, entre outros.

O catálogo da mostra é uma interessante publicação de recolha e estudo das gravuras de Arpad Szenes. Segundo Francisco Bethencourt, só o catálogo já justificaria a realização da mostra: «Ce catalogue présenté par Alain de la Bourdonnaye […] justifierait à lui seul la réalisation de l'exposition.» (Arpad Szenes, 2000, p. 7) A par dos textos, são incluídas as reproduções das 43 gravuras apresentadas na exposição, com a respetiva ficha técnica. Para cada uma das gravuras, Bourdonnaye escreveu também uma nota sobre a temática representada.

A publicação cumpre o desejo anunciado pelo diretor do CCCG, de editar um catálogo completo e que contribuísse para aprofundar o estudo da obra do artista: «[Le catalogue] s'agit d'un Outil de travail qui, nous l'espérons, permettra de nouveaux développements dans la connaissance de l'œuvre d'Arpad Szenes.» (Bethencourt, Arpad Szenes, 2000, p. 7)

Durante o período em que a mostra esteve patente, a CCCG organizou diversas visitas guiadas.

Conforme ficou registado no Relatório e Contas de 2000, as exposições organizadas pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian alcançaram «uma boa frequência de público, cerca de 700 pessoas cada uma» (Relatório Balanço e Contas. FCG. 2000, 2001, p. 152).

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da inauguração da exposição

Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Presidência), Lisboa / PRS 05377

Pasta com folhetos de exposições organizadas no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris. 1979 – 2004

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04887

Albúm com coleção fotográfica, cor: inauguração (CCCG, Paris) 2000


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