Carlos Nogueira. A Ver

Esta exposição individual de Carlos Nogueira parte da iniciativa de Jorge Molder, apresentando a obra deste artista na sua relação com a arquitetura. Foi ainda apresentado o documentário «Da Natureza das Coisas», de Luís Miguel Correia, realizado pelo Laboratório de Criação Cinematográfica da Universidade Nova de Lisboa.
Initiated by Jorge Molder, director of the Gulbenkian Modern Art Centre, this exhibition consisted of the first solo show of Carlos Nogueira at the Calouste Gulbenkian Foundation. In addition to the presentation of the artist's work and its relationship with architecture, the exhibition included the documentary Da Natureza das Coisas (On the Nature of Things), by Luís Miguel Correia, produced by LabCC at the Universidade Nova de Lisboa.

Esta exposição surgiu da necessidade de destacar a obra de Carlos Nogueira (1947) no contexto artístico português, artista que já havia estado integrado na exposição retrospetiva que em 1998 a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) dedicara ao arquiteto Luís Cristino da Silva. Esta proposta constituiu, pois, uma nova oportunidade de aproximar artista e público.

Comissariada pelo então diretor do CAMJAP, a mostra pretendeu apresentar o trabalho do artista plástico Carlos Nogueira, revelando-o na sua proximidade com a disciplina da arquitetura, no sentido espacial, relacional e organizacional dos elementos empregados.

O título da exposição, «A Ver», relaciona-se não só com a série homónima, como transmite a indicação de um processo percetivo singular em curso e, portanto, uma performatividade pontuada, no circuito expositivo, por espaços interpenetráveis, designados por aproximações semânticas ao tema central da mostra: «a ver (haver)»; «a ver. dentro»; «a ver. do outro lado», num jogo de aproximações e distanciamentos cuja exploração parece corresponder, também, a uma intenção curatorial.

O catálogo, além de apresentar reproduções fotográficas das esculturas/instalações no espaço expositivo (mostrando imagens da complexidade e aleatoriedade da movimentação dos visitantes), reforça a presença do desenho: o desenho enquanto ideia, projeto, conceptualização seminal, e que se materializará nas suas construções/intervenções.

O material de arquivo relacionado com a produção desta exposição dá ele próprio a ver o envolvimento de Carlos Nogueira em todo o processo. O artista apresenta, por diversas ocasiões, novas propostas e sugestões que são posteriormente selecionadas para integrar a versão final do catálogo.

Como atividade integrada na programação da exposição, foi ainda apresentado um documentário sobre o artista (Da Natureza das Coisas, 36’, 2003), da autoria de Luís Miguel Correia. Encomendado pela FCG ao Laboratório de Criação Cinematográfica (LabCC), da Universidade Nova de Lisboa, este documentário viria a obter uma menção honrosa no International Film of Fine Arts de Szolnok (Hungria, 2003).

O Serviço de Belas-Artes da FCG apoiou a ação do LabCC através da concessão de subsídios destinados a permitir a realização de vídeos sobre artistas portugueses reconhecidos. Este projeto, de orçamento reduzido, foi desenvolvido por jovens cineastas sob a orientação do professor João Mário Grilo, e visou uma articulação com o calendário de programação do CAMJAP e com os artistas aí apresentados.

As obras ocuparam dois espaços distintos, um interior («a ver. dentro») e outro exterior («a ver. do outro lado»). Na Galeria de Exposições Temporárias do CAM foi criado «um chão elevado com uma fissura no centro, em cuja profundidade se apercebem cinzas, elemento físico que estabelece o lugar onde o cheiro a terra molhada ou o som ocasional do vento evocam memórias e universos simbólicos» (Nazaré, Arquivos Gulbenkian, CAM 00492).

Já no Jardim, foi instalada «uma construção em altura e em profundidade [que] oferece em suspenso um vidro reflector no qual e através do qual se vêem, respectivamente, as nuvens e o fundo da terra» (Ibid.).

Tratou-se de uma exposição em que o artista instigou o visitante a «ver extra-ordinariamente», nas palavras do crítico irlandês Caoimhín Mac Giolla Léith, conhecedor da obra do artista e convidado a assinar o texto de catálogo da exposição (Léith, Carlos Nogueira. A Ver, 2002, p. 30).

Correspondendo à mesma motivação, Carlos Nogueira assumiria: «Gosto do dentro, gosto do fora e de todos os lados que ainda não conheço» (Nogueira, Diário de Notícias, 14 set. 2002), abordando desta forma a dicotomia interior/exterior. Foi, pois, justamente a esta ideia que o projeto expositivo procurou corresponder.

Filipa Coimbra, 2016


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

construção com chão banco a partir de dentro

Carlos Nogueira (1947-)

construção com chão banco a partir de dentro, Inv. 98E1258

construção com chão banco a partir de dentro

Carlos Nogueira (1947-)

construção com chão banco a partir de dentro, Inv. 98E1258


Eventos Paralelos

Exibição audiovisual

Da Natureza das Coisas / Bitola / Short Story

2003 – 2004
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Multimédia


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 22507

Pasta com documentação referente ao protocolo estabelecido entre a FCG e o Laboratório de Criação Cinematográfica da Universidade Nova de Lisboa para a realização de filmes sobre artistas integrados na programação do CAMJAP. 1996 – 2005

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00492

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém maquete do catálogo e plantas. 2002 – 2003


Exposições Relacionadas

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