Mario Botta. Arquitecturas 1980 – 1990

Exposição itinerante e individual do arquiteto suíço Mario Botta (1943), organizada por iniciativa do Musée d'Art et d'Histoire (Genebra). A mostra contou com o comissariado de Mario Botta e de Claude Ritschard, e a apresentação em Lisboa teve a coordenação geral de José Sommer Ribeiro e Cristina Sena da Fonseca.
Travelling solo exhibition of work by Swiss architect Mario Botta (1943) organised by the Musée d’Art et d’Histoire (Geneva). It was curated by Mario Botta and Claude Ritschard (1948) and was coordinated in Lisbon by José Sommer Ribeiro and Cristina Sena da Fonseca.

Exposição itinerante dedicada ao arquiteto suíço Mario Botta (1943), realizada por iniciativa do Musée d'Art et d'Histoire (Genebra, Suíça), onde esteve patente no mês de junho de 1991. Posteriormente, percorreu várias cidades da Europa e da América do Sul, num périplo que atravessou os anos de 1991 e 1995.

Mario Botta, notável arquiteto do século XX, adquiriu uma considerável projeção logo na década de 1970, graças a vários projetos construídos na sua região natal, Ticino, na Suíça. Na altura, o jovem arquiteto surgiu como um dos expoentes do «regionalismo crítico», corrente baseada em valores locais e na resistência ao cosmopolitismo.

Nas décadas de 1980 e 1990, Botta cimentou os seus projetos junto da crítica especializada internacional. O seu trabalho assimilou uma complexa rede de influências, desde a arquitetura utópica de Boullé (1728-1799), do final do século XVIII, passando por uma vertente moderna racionalista-formalista de Le Courbusier (1887-1965), até aos pressupostos teóricos de Robert Venturi (1925-2018), inserido na arquitetura pós-moderna dos anos 60 e 70 do século XX. Alguns dos seus projetos estão localizados em Tóquio, São Francisco, Suíça, Holanda, Itália ou França.

Em colaboração com a Pro Helvetia (fundação suíça para a cultura), a Fundação Calouste Gulbenkian encarregou-se da organização da exposição em Lisboa, que decorreu entre uma itinerância por Espanha e Alemanha, e teve lugar na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM).

O comissariado da exposição foi comum a todas as suas edições internacionais, tendo sido assegurado pelo próprio arquiteto Mario Botta e pela historiadora de arte Claude Ritschard. Em Lisboa, a mostra contou com a coordenação geral de José Sommer Ribeiro e Cristina Sena da Fonseca, então diretor e arquiteta do CAM, respetivamente.

A exposição apresentou o percurso criativo de Botta ao longo das décadas de 1980 e 1990, com foco em algumas das obras dos seus últimos anos de criação, tanto de edifícios privados como públicos. O projeto expositivo incluiu 14 maquetas de obras realizadas e não realizadas do arquiteto, complementadas por vários painéis de texto, fotografias a cores e pranchas emolduradas, diversos slides e um vídeo de M. A. Pfäffli. Os projetos para o San Francisco Museum of Modern Art e para a Catedral d'Évry estiveram em destaque na exposição. Foram ainda expostos trabalhos de design de Botta – cadeiras, poltronas, mesas, garrafas, candeeiros e relógios.

No dia da inauguração, Mario Botta realizou uma conferência sobre a sua obra, na Sala Polivalente do CAM. A par da conferência, foram organizadas visitas guiadas à exposição.

O catálogo da exposição, que é também uma extensa monografia sobre Mario Botta e a sua obra, foi produzido pela instituição organizadora da mostra internacional (Musée Rath – Musée d'Art et d'Histoire), tendo sido editado e traduzido para português, com vista à sua disponibilização na FCG. A publicação contém o texto introdutório sobre o percurso de Botta, da autoria do historiador suíço Werner Oechslin; vários textos de Emilio Pizzi, sobre os projetos unifamiliares e urbanos do arquiteto; e ainda o registo de uma entrevista-conversa entre os arquitetos Mario Botta e Pierluigi Nicolin. A conversa é um interessante documento de estudo sobre a passagem dos anos 80 para os anos 90 na arquitetura do século XX. Entre outros temas, é abordada a arquitetura moderna; arquitetura das décadas de 80 e 90 tendo em conta as perturbações históricas que marcaram o fim daquele decénio; assim como a «nova imagem profissional do arquiteto», a propósito das noções de quantidade e qualidade e da revisão entre os ecologistas e os arquitetos, entre os conservadores e os inovadores.

O acolhimento por parte da crítica à exposição foi positivo. A título exemplificativo recolhemos a observação do crítico e historiador de arte Paulo Varela Gomes, na qual o autor sublinha a pesquisa de Botta relativamente à construção em planta circular e a intenção da exposição: «O arquitecto suíço tem desde já um lugar cativo na história da arquitectura moderna por ter aparentemente resolvido um velho problema: a planta circular. Pode parecer fácil projectar com essa planta uma igreja, uma sala de assembleia ou de espetáculo. Mas pense-se numa casa ou num local de trabalho […]. Veja-se a elegância refinada das obras de Botta.» (Gomes, Expresso, 29 mai. 1992)

«O refúgio por excelência, a fuga ao mundo […] só é possível no centro de um círculo fechado e perfeito. Tão perfeito como as perfeitas listas regulares de pedra ou tijolo que revestem as obras de Mario Botta na Suíça, no Japão, na Califórnia e em França, mudando de cor e textura com a mudança do material, mantendo sempre idêntica a sua quietude defensiva e a sua imagem de marca.» (Ibid.) Varela Gomes termina dizendo: «A exposição na Gulbenkian é boa e será proveitosa tanto para os interessados na arquitectura como para aqueles que gostam de imagens e objectos bem-feitos.» (Ibid.)

Finda a edição em Lisboa, esta voltou a ser programada na Alemanha, de onde prosseguiu itinerância para a Grécia, Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Chile.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

[Mario Botta. Arquitecturas 1980 – 1990]

21 mai 1992
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00703

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convites das edições internacionais, recortes de imprensa nacionais e internacionais (montagens internacionais) e correspondência oficial, seguros e orçamentos. 1988 – 1994

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0275-D00886

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0275-D00888

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 1992


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