- Bibliografia
- Passiva
- Periódico
Dacosta revisitado
- Autor(es)
- FERNANDES, Maria João
- Periódico
- Jornal de Letras, Artes e Ideias
- Local
- Lisboa
- Data
- 12 abr 1988
- Página(s)
- 1, 24-25
Obras Relacionadas







Antologia Crítica
«A personagem principal nestes cenários de Dacosta é uma figura andrógina, o Prometeu agrilhoado acorrentado, de Serenata Açoriana, de 1940. Exilado, torturado, condenado eternamente a um destino cruel que o homem a seu lado segurando um pássaro morto igualmente evoca, parece ignorar as promessas de luz, o berço das águas que muito perto lhe oferece […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«A postura do Bailador, numa composição de 1986, é a mesma postura do Cristo, participa numa celebração de mistérios, num ritual dionisíaco, que o vinho numa taça colocado sobre uma mesa, junto da tela, expressamente evoca. Excessos, volúpias, delícias da terra fecunda e devoradora, dança genesíaca que recria o espaço, devolvendo-lhe a energia, a beleza […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«Acorrentado, mutilado, é o “usurário” de 1940, impotente, vencido, pela usura do tempo e da matéria, de olhar cego e boca selada, de costas para a beleza do mundo, sem corpo e sem alma, receptáculo vazio do ser, com a casa que o sugere.» (FERNANDES, 1988, p. 24)
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«Águas estagnadas, sombrias, esverdeadas, (uma imagem negativa do inconsciente) rodeiam o condutor dos mortos no além, no seu majestático pedestal de pedra, um cão de olhar humano, parado e melancólico, ele próprio parecendo esculpido em pedra, os volumes acentuados pela luz, que desenha as figuras e as suas sombras espectrais (Episódio com um Cão, 1941). […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«Já em 42 é uma composição muito solar A Festa, onde a criança como um jovem deus, instaura uma temática de alegria e renovação de sentido cósmico, composição que parece anunciar a renovação da pintura do artista, o aparecimento nos anos 80 de uma nova expressão e de uma nova poética.» (FERNANDES, 1988, pp. 24-25)
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«Mundo de desespero, nocturno, onde o céu se carrega de tons escuros de tempestade, mundo da “antítese da calma”, título de uma obra de 1940, povoado de monstros, serpentes e dardos, onde as figuras humanas em poses dramáticas e insólitas parecem participar num ritual, numa fantástica crucificação, onde se figura sem amanhã (apesar da presença […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«Na primeira fase da sua pintura, Dacosta apresenta-nos um universo de melancolia hermética (evocamos De Chirico), universo de divisões, de antíteses, de solidão, povoado de símbolos, de mensagens cifradas. Em Melancolia, de 1942, o castelo com as suas ameias rosadas, evoca uma construção espiritual, uma ascese, a transcendência que a luz dourada confirma e a […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25
«O mundo desdobra-se nas suas facetas incontroláveis e ocultas e o artista é ele mesmo e um outro, o artista enquanto jovem (A Flor, a Máscara e Eu Adolescente), assistindo num espaço aquático ao crescimento como o de uma flor, do seu imaginário, o artista menino evoluindo no espaço colorido e mágico da sua infância, […]
Fernandes, Maria João, Dacosta revisitado. Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 12 abr 1988, pp. 1, 24-25