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João Onofre

Instrumental Version

Em Instrumental Version (2001), um coro a capela interpreta o tema «The Robots», composto pelos Kraftwerk e integrado no álbum Die Mensch Machine/The Man Machine (1978). A banda germânica, considerada pioneira da música electrónica europeia, explorou com eficácia sonoridades obtidas com o uso extensivo de sintetizadores, a par de uma imagem visual limpa e geminada com ecos de estética futurista. Sendo o próprio tema original dos Kraftwerk uma teatralização musical sobre o argumento da máquina e da transformação do Homem em máquina, ele alimenta-se da repetição de sons electronicamente programados, de uma gestualidade despojada de afectos, idealização de uma super-humanidade sem falhas, livre de indeterminações.

 

Com a recontextualização do tema «The Robots» para coro a capela, segundo João Onofre, dá-se um retorno paradoxal da emoção, da tonalidade e do calor estritamente humanos através dos vocalizos, sem suporte textual, dos cantores. Tal inversão acontece nesta, como noutras obras de João Onofre, como forma de questionar – através da progressão temporal que o vídeo permite – certas coordenadas culturais, nomeadamente o efeito de mixagem de referências estéticas (neste caso, musicais), aqui assinalado na interpretação de um tema (e de um estilo ainda hoje aclamado pelos inúmeros adeptos dos géneros «electro»), por permuta de contexto.

 

Na proposta de João Onofre, o arranjo da música sintetizada para as vozes humanas obriga os cantores, ao longo dos quase sete minutos de duração da obra, a uma execução funcional e repetitiva de vocalizos, como se de música automaticamente programada se tratasse (conforme sugere a letra original dos Kraftwerk). Finalmente, a adaptação de uma obra popular electrónica para uma orquestração de tradição histórica, coral, remete para a verificação do carácter convencional/institucional dos valores e das hierarquias simbólicas associadas a certos géneros musicais, por exemplo, bem como para a dependência dessas hierarquias relativamente aos seus contextos espaciotemporais de produção. Instrumental Version é, como o nome indica, uma inversão ela própria do registo musical, que não é propriamente instrumental mas vocal, embora sem palavras. Na obra, o Coro da Universidade de Lisboa foi filmado com recurso a uma câmara fixa e a uma tomada de vista frontal, tendendo a neutralizar efeitos poéticos ou plásticos exteriores à própria «acção». Os vinte cantores foram dirigidos pelo maestro José Robert, figura ausente do quadro mas adivinhada pelos olhares furtivos que eles dirigem para fora de cena, enquanto simulam a leitura de partituras inexistentes.

 

João Onofre é artista plástico de formação. Estudou na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e no Goldsmiths College da Universidade de Londres. O vídeo tornou-se desde cedo o seu meio de trabalho principal, e é com obras realizadas nesse suporte que tem participado em importantes mostras internacionais ligadas à performance e à videoarte. As referências sonoras e musicais são importantes nas suas obras, tal como a fusão e a interacção de referências simbólicas oriundas do universo do cinema, do teatro, da dança ou da moda.

 

AFC

Novembro de 2011

 

 

TipoValorUnidadesParte
Altura274cmDimensões de projecção
Largura370cmDimensões de projecção
TipoAquisição
DataJunho de 2001
50 Anos de Arte Portuguesa
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2007
ISBN:978-972-678-043-4
Catálogo de exposição
50 Anos de Arte Portuguesa
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian
6 de Junho de 2007 a 9 de Setembro de 2007
Sede da FCG, Piso 0 e 01
Exposição programada pelo Serviço de Belas-Artes e pelo Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian. Comissariado: Raquel Henriques da Silva, Ana Ruivo e Ana Filipa Candeias
Atualização em 23 janeiro 2015

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