Peter Blake

1932

Nome imediatamente associado ao movimento Pop Art britânico, Peter Blake oscilou, ao longo da sua carreira, entre um tom irónico e uma ingenuidade «naïf», respeitando sempre a estética realista que constitui a base para a sua criação. Se a pintura foi o seu meio privilegiado de expressão, desde cedo as ligações à cultura de massas e a submersão na ambiência da Swinging London, nos anos 60, introduziram a colagem na sua produção, de que Love Wall (1961), na coleção do CAM, é exemplo. Atualmente vive e trabalha em Londres.

Nascido a 1932, em Dartford, Kent, Blake inicia a sua formação artística aos 16 anos na Gravesend Art School, como desenhador técnico. Entre 1951 e 1953 serviu a Royal Air Force britânica, para depois prosseguir estudos na Royal College of Art de Londres, onde é colega, entre outros, de Bridget Riley, David Hockney e Frank Auerbach. Em 1955 começa a trabalhar numa das obras icónicas da Pop Art britânica, On the Balcony [Na Varanda] (1955-1957). A tela, hoje na Tate Modern, é um «piscar de olho» à técnica da colagem, sendo, no entanto, inteiramente pintado a óleo.

Se nos anos 60 continua a trabalhar com colagens, a década veio também trazer ao artista, pelo contexto em que se encontrava mergulhado, um profundo interesse pela cultura Pop. Como resultado, surgem vários trabalhos gráficos para capas de álbuns de grupos musicais: a sua capa do álbum Sgt. Peper’s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles, persiste ainda no nosso imaginário coletivo.

The first real target [O primeiro verdadeiro alvo], de 1961, assim chamado pela resposta direta aos Targets [Alvos] de Jasper Johns (n. 1930), é também um ponto incontornável da sua produção artística. Enquanto Johns utilizava ainda a pintura para representar os alvos de tiro com arco e flecha, Blake leva ao extremo esta proposta: a utilização de um verdadeiro alvo, comprado por ele mesmo numa loja de desporto, veio estreitar a fronteira entre o objeto quotidiano e o objeto artístico. Nesta década teve a sua primeira exposição monográfica, na Portal Gallery, em 1962. Dois anos depois começa a ensinar na St. Martin’s School of Art de Londres, onde permanecerá até 1976.

Desde muito cedo Blake demonstrou um interesse pela arte popular e pelo folclore, chegando mesmo a ganhar o Leverhulme Research Award pelos estudos nesta área. Essa vertente da sua criação veio mais tarde manifestar-se quando, entre 1969 e 1979, Blake se muda de Londres, onde havia estabelecido a sua carreira artística e profissional (no ensino), para Bath (no sudoeste de Inglaterra), fundando a Brotherhood of the Ruralists [Irmandade dos Ruralistas] (1975). As temáticas deste grupo eram essencialmente paisagísticas, por vezes com referências a um universo feérico, fantástico, ou mesmo aludindo a uma estética oitocentista. Desta associação nasceram, entre outros, as ilustrações de Blake para Alice do Outro Lado do Espelho (1871), de Lewis Carroll, ou a série Six French Postcards. A memória da dissolução dos Ruralistas conduziu, ainda em 2008, a colagens como I may not be a ruralist anymore, but this morning I saw a fairy in my garden in Chiswick (na Tate Gallery).

Nos anos 80 e 90 Blake volta a utilizar a colagem, voltando a realizar capas para cd’s (Face Dances, The Who, 1981; Stop the Clocks, Oasis, 2006) e reforçando a presença de personalidades do star system na sua produção (Shrine to Marilyn Monroe, 1990).

Peter Blake ganhou um prêmio Guggenheim (1958), foi nomeado Royal Academician (1981) e Comendador do Império Britânico (1983), e recebeu o título de cavaleiro (2002). A primeira grande exposição retrospetiva consagrada a Peter Blake data de 1996, organizada pela National Gallery de Londres. As várias exposições que lhe seguiram são prova do constante diálogo da sua obra com a sociedade contemporânea.

MM

Janeiro de 2012
Revisto por GV, Junho de 2012

Atualização em 10 março 2016

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