Filipa César

Porto, 1975

A obra de Filipa César carateriza-se por uma investigação sobre o comportamento humano, utilizando vários meios – fotografia, vídeo, instalação – numa linguagem cinematográfica muito pessoal. Os seus trabalhos em vídeo têm por base o documentário, à volta do qual desenvolve várias camadas ficcionais. Uma tensão similar à que surge deste lugar intermediário – entre a realidade e a ficção – é visível nas numerosas oposições que habitam a obra de César. Quietude e movimento, privado e público, dentro e fora, presente e passado (memória) – são dualidades que ela (re)combina de forma fecunda nos seus trabalhos. Uma outra interrogação dominante é a da relação e dos mecanismos de influência entre a conduta humana e os espaços em que esta conduta se desenrola. Atualmente vive e trabalha em Berlim.

Nascida no Porto em 1975, Filipa César estudou nas Faculdades de Belas-Artes do Porto e de Lisboa, onde se licenciou em Pintura em 1999. De seguida, já em Munique, estagiou numa empresa de pós-produção e manipulação de vídeo (ArriDigital Film). Esta experiência profissional deu-lhe uma oportunidade para desenvolver a sua forma muito própria de tratar e moldar a imagem em movimento que viria a caracterizar a sua obra. Em 2002 recebeu uma bolsa da organização Pépinières européennes pour jeunes artistes para uma residência na Künstlerhaus Schloss Balmoral em Bad Ems, Alemanha, onde produziu Monologues [Monólogos] (2002), aprofundando uma linha de investigação que tinha vindo a perseguir em obras como Waiting Citizens II [Cidadãos à espera II] (1999) ou Letters [Cartas] (2000).

 

Em 2004 finalizou um mestrado em Arte em Contexto na Universidade das Artes de Berlim, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Nesta altura concluiu Berlin Zoo (2001-2003), uma intrincada análise de «momentos de ausência» nas vidas de habitantes da cidade, arbitrariamente selecionados, que reflete o interesse crescente da artista pelo tema do olhar.

 

O trabalho mais recente de Filipa César demonstra uma firme coerência com as análises empreendidas no passado, parecendo, contudo, alargar este questionamento para um posicionamento mais diretamente político. Em vez do ambiente quase abstrato em que inicialmente explorava situações universais – por exempolo em Le Passeur [O passante] (2008), Memograma (2010) ou Porto 1975 (2010) – nota-se agora uma perspetiva mais atenta à especificidade de situações sociopolíticas.

 

Filipa César está representada em galerias em Lisboa (Cristina Guerra Contemporary Art), Madrid (Distrito Cu4tro) e Zurique (Mai 36 Galerie). Expôs na Solar – Galeria de Arte Cinemática (Vila do Conde), na Galeria Cristina Guerra e na Ellipse Foundation (Lisboa), entre outras. Em 2010 ganhou o prémio BES Photo e participou na 12º Bienal de Arquitetura em Veneza, na 29º Bienal de São Paulo e na Manifesta 8, em Cartagena (Espanha).

 

 

JL

Janeiro de 2011

 

 

 

Atualização em 10 março 2016

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