Robert C. Smith: um norte-americano no Barroco de Portugal e do Brasil

Conheça a vida e trabalho de Robert C. Smith, uma figura intimamente ligada à história da arte em Portugal e no Brasil.
Ana Barata, Filomena Serra, Sílvia Ferreira 02 dez 2022 17 min
Artistas e autores

Cosmopolita e intelectual culto, Smith continua a ser considerado um dos mais eminentes investigadores da arquitetura e das artes decorativas portuguesas e brasileiras – talha, mobiliário, porcelana, azulejaria, ourivesaria – do período barroco.

Em conjunto com o seu compatriota George Kubler, o inglês John Bury e o francês Germain Bazin, Smith foi um dos primeiros historiadores da arte estrangeiros a interessar-se e a estudar a arte e a arquitetura portuguesas.

Robert C. Smith ao colo de sua mãe, Nancy Clark Smith, 1915
Robert C. Smith e sua mãe, Nancy Clark Smith, c. 1926

A formação em Harvard e o início da ligação à arte portuguesa

Nascido em Cranford (New Jersey) em 26 fevereiro de 1912, Robert C. Smith fez os seus estudos académicos na Universidade de Harvard. Enquanto aluno da licenciatura (1929-1932), viajou para Itália em 1932, para se documentar sobre a arte italiana, com o objetivo de escrever a sua dissertação de mestrado.

Em Nápoles, na Biblioteca da Reggia di Caserta, descobriu os desenhos do arquiteto napolitano Luigi Vanvitelli (1700-1773), encomendados por Dom João V, em 1742, para a capela de São João Baptista da igreja de São Roque, em Lisboa.

Esta descoberta mudou o curso da sua investigação e, depois de se ter formado Bachelor of Arts summa cum laude em 1933, obteve o grau de mestre em 1934, com a dissertação The minor architect Luigi Vanvitelli.  Mais tarde observaria:

“Encontrei em Nápoles os desenhos de Vanvitelli para a capela de São João Baptista de Lisboa, e de repente abriu-se-me o caminho para Portugal.”

— Robert C. Smith

Um ano depois, em 1935, graças a uma bolsa de estudo da Universidade de Harvard, Robert C. Smith veio para Portugal para fazer investigação para a sua dissertação de doutoramento sobre o arquiteto João Frederico Ludovice (1673-1752) e o palácio-convento de Mafra.

Concluída em 1936, uma síntese deste trabalho, intitulado João Frederico Ludovice, an eighteenth century architect in Portugal, foi publicada no The art bulletin (Vol. 18, n. 3, Sept. 1936, pp. 273-370), revista do College Art Association of America.

A carreira académica nos Estados Unidos

Ao longo da sua atividade como professor, lecionou na Universidade do Illinois (1937-1939) no Sweet Briar College (1945-1946) e na School of Fine Arts da Universidade da Pensilvânia (1947-1975), em disciplinas dedicadas à arte e à arquitetura em Portugal, em Espanha, na América do Sul e na América do Norte.

Entre 1939 e 1946 ocupou o cargo de vice-diretor da Fundação Hispânica. Foi consultor e professor no Winterthur Museum, em articulação com a Universidade do Delaware (1959-1967).

Em 1978, a Decorative Arts Society criou em sua homenagem o Robert C. Smith Award, prémio anual destinado a recompensar o melhor artigo publicado no ano no campo das artes decorativas, perpetuando desta forma a sua memória e o “seu interesse permanente pelos estudantes, generosidade inabalável na partilha de informação e capacidade de lançar luz sobre áreas de investigação anteriormente negligenciadas”.

Notificação da nomeação de Robert C. Smith como membro correspondente da Hispanic Society of America
Sala Hispânica da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, 1940

Os estudos sobre o Barroco em Portugal e no Brasil

Ainda estudante em Harvard, o seu interesse pela arte portuguesa e brasileira do barroco levou-o a aperfeiçoar os seus conhecimentos da língua portuguesa, tendo vindo a Portugal entre 1934-1935 com uma bolsa de estudos da sua universidade.

Robert C. Smith frente à Igreja de São Pedro dos Clérigos

Esta aprendizagem e as inúmeras viagens que realizou em Portugal e no Brasil, tornaram-no fluente no português escrito e falado, embora nunca tivesse perdido o forte sotaque americano. Escreveria à mulher de Flávio Gonçalves o seguinte:

“Tenho sempre a minha lista de palavras, que estudo todos os dias, tendo até construído uma frase artificial que as emprega todas… ontem na Biblioteca de Braga, tive a sorte de encontrar um senhor completamente honesto… e este disse que a minha pronúncia não mostrava melhoramento, porque não sei tratar do R português…”

— Nota para a Ex.ma Sr.a D. Ziza, Maia, 14 de março de 1968

Ao longo dos anos, Smith foi estabelecendo relações académicas e, em certos casos, de amizade, com investigadores e historiadores da arte portugueses e brasileiros, com quem trocou correspondência, utilizando a língua portuguesa como idioma.

Entre os portugueses contam-se, por exemplo, José Augusto França, José João Rigaud de Sousa, Jorge de Moser, José Val Henriques, Mário Tavares Chicó, Reinaldo dos Santos, o então jovem arquiteto Tasso de Sousa, aluno da Escola Superior de Belas Artes do Porto, que com ele colaboraria, mas também Flávio Gonçalves, seu amigo e companheiro de inúmeras pesquisas no Norte de Portugal.

Na correspondência trocada com Flávio Gonçalves é bem visível a empatia que sentia pelo investigador português e por Portugal.

“Penso constantemente na Póvoa, não somente por causa da grande felicidade que cada visita me deu, mas também pelo motivo das duas camisolas que de lá levei. Em Lisboa mandei fazer uma samarra à ribatejana, que igualmente me tem dado grande satisfação, evocando diariamente tantas recordações saudosas de Portugal.”

— Carta a Flávio Gonçalves, 5 de janeiro de 1964

Postal de Flávio Gonçalves a Robert C. Smith, Porto, 1972
Postal de Flávio Gonçalves a Robert C. Smith, Porto, 1972
Carta de Flávio Gonçalves a Robert C. Smith, Póvoa do Varzim, 1964
Carta de Flávio Gonçalves a Robert C. Smith, Póvoa do Varzim, 1964

Ao longo dos anos que visitou Portugal, Robert C. Smith publicou um conjunto de monografias dedicadas maioritariamente às artes decorativas e a arquitetos e escultores do Norte do país.

Entre as suas obras mais destacadas incluem-se: A talha em Portugal; Nicolau Nasoni; Frei José de Santo António Vilaça; The art of Portugal e Cadeirais de Portugal.

Para além das obras de fundo, Smith escreveu dezenas de artigos em periódicos nacionais e estrangeiros, proferiu palestras, ministrou cursos, divulgando o resultado das suas investigações.

Nicolau Nasoni, arquitecto do Porto
The art of Portugal, 1500-1800
Cadeirais de Portugal
André Soares
Agostinho Marques «enxambrador da cónega»

A lista das suas publicações é longa e diversificada e nela encontram-se, tanto as mais respeitadas e reputadas revistas da época na área da história da arte, – Apollo, Art bulletin, Antiques, The connoisseur… -, como revistas e jornais regionais portugueses e brasileiros.

Sem preconceitos académicos, o mais importante para Robert C. Smith, enquanto investigador e historiador da arte, era a partilha das suas investigações para lá dos muros da academia. Esta era também uma forma de envolver as populações locais, tornando-as conscientes do valor do património que as rodeava.

Rosto de “O tripeiro”. Ano VII, n.º 2 (fevereiro 1967)
Capa do número temático da revista “Apollo”. Nr. 134 (April 1973)
Página 134 do número temático da revista “Apollo”. Nr. 134 (April 1973)

A partir dos seus primeiros estudos académicos, Robert C. Smith interessou-se também, de imediato, pelo Brasil, que visitou, pela primeira vez em 1937, graças a uma bolsa de estudo American Council of Learned Societies.

É desse ano a publicação do seu primeiro estudo sobre arte brasileira, um artigo, que escreve em português, intitulado Minas Gerais no desenvolvimento da arquitectura religiosa colonial. Smith fez neste estado brasileiro uma investigação profunda sobre a arquitetura colonial e realizou o registo fotográfico completo dos monumentos do barroco mineiro.

Congonhas do Campo
Arquitectura colonial bahiana
Folha de um original sobre a arte do barroco no Brasil
The colonial architecture of Minas Gerais in Brazil
The colonial architecture of Minas Gerais in Brazil

Esta ligação ao Brasil está igualmente presente na correspondência que integra o Legado Robert Chester Smith, nomeadamente, em cartas trocadas com instituições – Escola Nacional de Belas-Artes, Inspetoria de Museus e Monumentos do estado da Bahia, Livraria Agir Editora, Real Gabinete Português de Leitura, Universidade da Bahia, Universidade de São Paulo (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), Universidade Federal de Pernambuco, entre outras.

E em cartas trocadas com personalidades dos meios académico e artísticos, como Amândio Feliciano, Amim B. Atta, Aracy Amaral, Augusto Telles, Ayrton Carvalho, Benício W. Dias, Cândido Portinari, Carlos Gomes, Daisy Pinto Ribeiro, Donato Mello Junior, Gilberto Ferrez, Heliodoro Pires, Joaquim Souza Leão, João Hermes Pereira de Araújo, José Wanderley Pinho, Lucio Costa, Luis Delgado, Maria Helena Flexor, Marieta Alves, Pedro Guimarães Pinto, Renato Soeiro e Rodrigo Mello Andrade.

Recorte de imprensa de jornal do Rio de Janeiro
Recorte de imprensa de um suplemento brasileiro
Recorte de imprensa de jornal do Rio de Janeiro
Recorte de imprensa de jornal do Rio de Janeiro
Diploma do título de “Professor Honoris Causa” atribuído a Robert C. Smith pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1969

Robert C. Smith fotógrafo

Enquanto conservador da seção de gravuras e fotografias da Fundação Hispânica, da Biblioteca do Congresso, em Washington, Robert C. Smith reuniu mais de 10.000 fotografias para o acervo fotográfico daquela instituição.

Nas suas viagens fotografava os edifícios e os seus interiores e investigava em arquivos e bibliotecas a documentação existente sobre eles.

Podemos, de facto, afirmar que a fotografia era um instrumento de trabalho que privilegiava, enquanto registo mais fiável das obras que analisava, complementado pelas fichas de trabalho e cadernos onde anotava as suas observações.

Através do seu pensamento analítico e crítico sobre o material investigado, registava o cruzamento de informações de origens várias.

Igreja do Mosteiro de Arouca
Igreja da Misericórdia de Vila da Feira
Igreja e Mosteiro de Tibães
Igreja e Mosteiro de Tibães
Igreja de São Francisco, Braga
Sé de Faro
Igreja de São Roque, Lisboa
Igreja de Nossa Senhora da Pena, Lisboa

Smith era conhecido pelo seu perfecionismo e a captação fotográfica confirmava também esse traço da sua personalidade. Os seus contemporâneos testemunham o cuidado e tempo que dedicava às missões de estudo que empreendia.

A compra de máquinas fotográficas e demais equipamento adequados às tarefas que queria executar ou o compasso de espera pelas horas do dia mais favoráveis à captação de imagens, testemunham este rigor e a importância que dava a esta fase do seu trabalho.

Os seus relatórios de investigação são também prova disso, neles anotava meticulosamente o número de fotografias que tirava, associando igualmente a correspondência nos pedidos de encomendas, trocas com outros historiadores e até pagamentos.

Os principais estúdios portugueses de fotografia e mesmo fotógrafos amadores, em atividade nos anos de 1960 e 1970, colaboraram com Robert C. Smith, casos concretos entre outros, o estúdio de Mário Novais ou a Casa Alvão no Porto.

Correspondência trocada ente Robert C. Smith e a Casa Alvão, 1972
Correspondência trocada ente Robert C. Smith e a Casa Alvão, 1975

Estudos inacabados: Biblioteca Joanina de Coimbra, História e Arte

Biblioteca Joanina, Coimbra

Quando morre em 1975, Robert C. Smith deixou por publicar um livro que estava a preparar desde finais dos anos sessenta.

O livro em causa era dedicado à Biblioteca Joanina de Coimbra e versava sobre a história construtiva do edifício e das artes presentes no seu interior.

Fruto de vários anos de investigação intensa, os documentos inéditos revelam o empenho e o investimento pessoal de Smith neste projeto. Deles fazem parte os dois capítulos que escreveu para o livro, largas dezenas de anotações manuscritas e datilografadas, fichas de trabalho, fotocópias de contratos de obra, plantas, gravuras e cartas trocadas com diversas personalidades em Portugal e no estrangeiro, com vista a recolher informações para o tema.

Destacam-se Guilherme Braga da Cruz (diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra), Maria Helena da Rocha Pereira (vice-reitora da Universidade de Coimbra), Lígia Brandão (arquivista da Biblioteca da Universidade de Coimbra), Flávio Gonçalves (Escola de Belas Artes do Porto), Egídio Guimarães (diretor da Biblioteca Pública de Braga) e ainda os historiadores da arte como Yves Bottineau (professor universitário e conservador do Museu do Louvre, Paris) e Germain Bazin (curador-chefe da seção de pintura do Museu do Louvre).

Original do estudo sobre a Biblioteca Joanina de Coimbra
Original do estudo sobre a Biblioteca Joanina de Coimbra

Os dois capítulos que deixou escritos testemunham o processo de investigação que empreendeu, a que apenas o excesso de trabalho acumulado e a sua morte precoce impediram de realizar.

Neste momento prepara-se a edição crítica desta obra, no âmbito do seed project de Sílvia Ferreira (investigadora integrada no Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), A Biblioteca Joanina de Coimbra, história e arte. Um estudo inédito de Robert C. Smith, levado a cabo com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) e em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra e a Fundação Calouste Gulbenkian.

Robert C. Smith e a Fundação Calouste Gulbenkian

Em 1962, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu a Robert C. Smith uma bolsa que lhe permitiu prosseguir com os estudos sobre a talha em Portugal, que remontavam já a 1948, quando Smith iniciou o registo fotográfico de centenas de peças e publicou o artigo de 1950 The Portuguese woodcarved retable 1600-1750 (Belas Artes. Lisboa. S. 2, n. 2 (1950), p. 14-57).

Capa da revista “Belas artes”. N.º 2 (1950)
Primeira página do artigo “The Portuguese woodcarved retable 1600-1750”

Graças a esta bolsa, entre 1962 e 1964, Robert C. Smith realizou o levantamento e o inventário das peças de talha em território nacional, constituindo um acervo visual com 1.878 provas fotográficas e 1.416 negativos.

Deste trabalho sistemático e exaustivo resultou o livro A talha em Portugal (publicado originalmente em 12 fascículos) publicado em 1963, e a exposição com o mesmo nome inaugurada no mesmo ano.  

Em 1966 recebe novo apoio da Fundação Calouste Gulbenkian para a continuação dos seus estudos dedicados à arte portuguesa, nomeadamente para continuar a sua investigação sobre o frade beneditino e artista José de Santo António Vilaça.

Em 1972, é publicado pela Fundação um dos seus mais relevantes trabalhos: o livro Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. Escultor beneditino do século XVIII.

Em 1973 é-lhe concedido novo apoio financeiro para a preparação da obra que intitulou Miscelânea de Estudos de Arte e História Social dos séculos XVIII e XIX em Portugal.

Recebeu ainda ao longo dos anos apoios da Fundação para a participação em congressos, de que se destaca o internacional de estudos em homenagem a André Soares, que decorreu em Braga e no Porto.

Para além dos apoios financeiros mais diretos, Robert C. Smith foi formador em cursos e proferiu várias palestras na Fundação, a par de alguns historiadores da arte e investigadores destacados do país, entre eles João Couto, Carlos de Azevedo, Mário Tavares Chicó ou João Miguel dos Santos Simões.

Capa de “Frei José de Santo António Ferreira Vilaça, escultor beneditino do século XVIII”

A exposição itinerante A talha em Portugal

Cartaz da exposição e conferência no Centro Cultural de Bragança, 1990

A exposição “A talha em Portugal” foi organizada pelo Serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pelo historiador da arte Artur Nobre de Gusmão (1920-2001), serviço através do qual Robert C. Smith obteve a sua bolsa.

A sua primeira apresentação foi em 1963, em Lisboa, num pavilhão que a Fundação utilizou para realizar alguns eventos expositivos antes da construção do complexo da avenida de Berna. A exposição teve como comissário o próprio Smith e apresentava apenas uma muito pequena parte do seu trabalho de levantamento e inventário, ainda em curso.

De facto, o número de imagens fotográficas que constituíam o percurso expositivo – 87 fotografias realizadas por Robert C. Smith – era relativamente modesto, em comparação com o número total que veio a realizar: 1.878 provas fotográficas e 1.416 negativos.

Aspeto da exposição “A talha em Portugal”
Aspeto da exposição “A talha em Portugal”
Aspeto da exposição “A talha em Portugal”
Aspeto da exposição “A talha em Portugal”

Desenhada para poder ser itinerante, esta exposição foi mostrada em várias cidades do país, permitindo assim levar a um público mais alargado a arte da talha em Portugal.

Inaugurada em 1978, com comissariado de Flávio Gonçalves e só encerrada em 1991, foi aquela que mais tempo esteve em circulação, através da política de descentralização cultural da Fundação.

A pedido de municípios, universidades e outras instituições de cultura, a exposição visitou cidades como Vila do Conde (1978); Guimarães (1979); Arcos de Valdevez (1979); Paris (1980); Pequim (1982); Xangai (1982); Cantão (1982); Macau (1982); Hong-Kong (1982); Vila Nova de Gaia (1983); Dakar (1984); Viana do Castelo (1984); Lamego (1985-86); Viseu (1986) Miranda do Corvo (1987); Porto (1989); Évora (1989); Arouca (1990); Bragança (1990) e Coimbra (1991).

Exposição “A talha em Portugal”, Arouca, 1990
Recorte de jornal com a notícia da exposição “A talha em Portugal”, Évora, 1989
Cartaz da exposição “A talha em Portugal”, Viseu, 1986

As 87 fotografias que foram mostradas nesta exposição constituíram posteriormente um núcleo sobre a talha, que integrou outras duas exposições apresentadas, respetivamente, no Brasil – Aspetos da arquitetura barroca luso-brasileira (São Salvador, 1968) – e em várias cidades do território nacional, entre 1973 e 1986, sob o título Aspetos da arte em Portugal no século XVIII.

Aspectos da arte em Portugal no século XVIII
Les bois sculpté et doré au Portugal
Aspectos da arte em Portugal no século XVIII

 

HISTÓRIA DA EXPOSIÇÃO ITINERANTE: A TALHA EM PORTUGAL

O Legado Robert C. Smith

O seu percurso de trabalho e investigação sobre a arte portuguesa e brasileira do barroco, as suas várias e longas estadias em Portugal e a relação que veio a estabelecer com a Fundação Calouste Gulbenkian, levaram Robert C. Smith a legar, por testamento, a esta instituição o seu arquivo de trabalho.

Em 1977, sob a supervisão dos historiadores da arte Helmut Wohl e Flávio Gonçalves, o Legado Robert C. Smith chegou a Lisboa e foi integrado no Arquivo de Arte do Serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, à época dirigido por Artur Nobre de Gusmão. Com a extinção deste serviço em 2001, este conjunto documental foi integrado nas coleções especiais da Biblioteca de Arte.

Este legado é composto por um leque variado de documentação escrita e visual. A parte visual é composta por 34.811 espécies fotográficas, que incluem imagens de edifícios situados em Portugal e no Brasil.

Uma parte substancial destas imagens foi realizada pelo próprio Smith nas suas viagens de trabalho, outra resultou de encomendas a fotógrafos, e existem ainda reproduções fotográficas de documentos de arquivos, sobretudo respeitantes à arquitetura colonial luso-brasileira. Muitas destas imagens acompanharam os artigos e os livros que Robert C. Smith escreveu durante a sua carreira de historiador da arte e professor.

Ficha de requisição de consulta Art Library. The Metropolitan Museum
Ficha de requisição de consulta The Library of Congress
Ficha de requisição de consulta The New York Public Library
Ficha de requisição de consulta Biblioteca Pública Municipal do Porto

A documentação escrita contém diversas tipologias de documentos, como textos – manuscritos e dactilografados –, originais, alguns transcritos e outros fotocopiados, fichas de pesquisa com anotações, correspondência numerosa com instituições académicas e culturais norte-americanas, portuguesas e brasileiras, com historiadores e historiadores da arte portugueses, brasileiros, franceses e anglo-saxónicos e editores.

Documentação do Espólio Robert C. Smith
Documentação do Espólio Robert C. Smith
Documentação do Espólio Robert C. Smith
Documentação do Espólio Robert C. Smith
Documentação do Espólio Robert C. Smith
Documentação do Espólio Robert C. Smith

No ano 2000, assinalando a doação do legado, o Serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian organizou a exposição Robert C. Smith, 1912-1975: a investigação na História da Arte, com a curadoria do investigador Dalton Sala, que acompanhou a inventariação da documentação no Arquivo de Arte.

O catálogo, para além de reproduzir alguma documentação escrita e visual do legado, contou com textos de renomados historiadores da arte portugueses e estrangeiros.

Capa do catálogo da exposição “Robert C. Smith, 1912-1975: a investigação na História da Arte”

Para além das condecorações com que foi agraciado em Portugal e no Brasil (grande oficial da Ordem Militar de Cristo, Portugal, 1940; oficial da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, Brasil, 1954; grande oficial da Ordem Militar de Santiago, Portugal, 1969; oficial da Ordem Nacional de Rio Branco, Brasil, 1973; medalha de Ouro da Cidade de Braga, 1973; medalha de mérito da cidade do Porto, 1973) Robert C. Smith recebeu ainda o prémio José de Figueiredo, 1963, referente ao livro A talha em Portugal e o prémio Camões em 1968, referente ao livro The art of Portugal.

Certificado da atribuição de medalha de mérito da cidade do Porto, 1973
Atribuição do Prémio Camões, 1968

Presentemente, o espólio Robert C. Smith, como é designado, encontra-se em fase de tratamento documental.

Acessíveis já para pesquisa e visualização estão as fotografias que resultaram do levantamento fotográfico, realizado por Smith na década de 1960, sobre a talha em Portugal.

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