José Augusto França
1922 – 2021
Frequentou o curso Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1941-1944), e participou no denominado “Grupo Surrealista de Lisboa” (1947-1949) com, entre outros, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny, António Pedro e João Moniz Pereira.
Como bolseiro do governo francês (1959-1963), diplomou-se em Sociologia da Arte com a tese L’art dans la société portugaise au XXe siècle, e fez o Doutoramento em História, com a tese Une ville des Lumiéres: la Lisbonne de Pombal – orientada pelo historiador de arte francês Pierre Francastel -, e depois o Doutoramento em Letras e Ciências Humanas (1969), com o trabalho de investigação intitulado Le romantisme au Portugal.
Dirigiu, com Fernando Lemos, a Galeria de Março (1952-1954), e comissariou diversas exposições individuais e coletivas, em galerias e museus em Portugal e no estrangeiro, entre as quais 40 anos de arte portuguesa (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1981) e La Lisbonne de Pombal (Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, 1987).
Professor catedrático jubilado pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanos da Universidade Nova de Lisboa, na qual fundou o Departamento de História da Arte (1976) e criou o primeiro mestrado nacional em História da Arte.
Foi diretor do Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris (1983-1989), e presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1976-1980) e do Centro Nacional de Cultura (1974-1978).
Autor de vasta bibliografia publicada (livros, textos em catálogos de exposições e artigos em jornais e revistas), merecem especial referência, no domínio da História da Arte, as obras A arte em Portugal no século XIX (1.ª edição, 1967) e A arte em Portugal no século XX (1.ª edição, 1974). Colaborou com inúmeros jornais e revistas, portugueses e estrangeiros, entre as quais: Seara Nova (1948-1959), Colóquio. Artes da qual foi diretor (1971-1996), Art d’aujourd’hui (1960-1967), Cahiers du cinema (1960-1967), Diário de Lisboa, Diário de notícias, Jornal de letras e Cadernos do meio-dia.
Foi membro e, mais tarde, presidente (1985-1988) da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte, tendo sido responsável pela sua reestruturação (1967-1969), na sequência da realização do I Congresso dos Críticos de Arte Portugueses (1967). Entre outros cargos que ocupou, foi membro da Academia Nacional de Belas Artes (presidente entre 1976-1979), membro honorário do Comité Internacional de História da Arte (Paris) e da Federação Francesa de Críticos de Cinema, e integrou o Comité do Património Mundial da UNESCO (2001-2005).
Em 1992, José Augusto França doou parte da sua coleção bibliográfica à Fundação Calouste Gulbenkian onde, em 2012, foi realizado, em sua homenagem, o IV Congresso de História da Arte Portuguesa.
Distinguido com o ‘Prémio Vida e Obra de Autor Nacional’ (Sociedade Portuguesa de Autores, 2014), recebeu diversas condecorações honoríficas, entre as quais se contam a Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública (1992), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (a título póstumo, 2021) e Chevalier des Arts et des Lettres (França).
José Augusto França nasceu em Tomar (1922) e faleceu em Jarzé Villages, França (2021).