Francisco Keil do Amaral
Arquitecto, formou-se na EBAL entre 1928 e 1934, tendo trabalhado inicialmente com Carlos Ramos. Foi um dos primeiros arquitectos portugueses cuja actividade revelou uma plena consciência moderna, tendo-se desde o início afastado das oscilações entre nacionalismo e modernismo, procurando uma terceira via onde articula valores de genuinidade com a modernidade tranquila da arquitectura holandesa referenciada a Dubok. A partir de então a sua obre define um quadro de resistência à ortodoxia do modernismo internacionalista e do tradicionalismo historicista. A funcionalidade estrita das primeiras obras passa a conviver com a organicidade atenta aos locais, e a austeridade das formas acusa articulações volumétricas mais complexas, ao mesmo tempo que o encontro entre a arquitectura e a natureza era sempre motivo de cuidado desenho e escolha de materiais. A sua actividade como arquitecto foi marcada pela militância crítica e pelo empenho cívico no seio da classe profissional dos arquitectos , lançando a ideia do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, iniciativa que seria concretizada na segunda metade da década de 50 pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos. Opositor ao regime político ditatorial, participou na actividade sindical e política. Da sua actividade intensa ficaram vários textos de divulgação e crítica.
No conjunto da sua obra destacam-se:
Instituto Pasteur (Porto, 1933-1935); Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Paris (Paris, 1936-1937); Escola Secil (Setúbal, 1938-1940); Aeroporto (Lisboa, 1938-1942); Casa do Rodízio (Rodízio, 1943); Restaurante dos Montes Claros (Monsanto, Lisboa, 1939-1949); Clube de Ténis de Monsanto (Lisboa, 1947-1950); Feira das Indústrias Portuguesas (Lisboa, 1952-1957); Piscina do Campo Grande (Lisboa, 1960); Estádio (Bagdade, 1961-1967).
Ana TOSTÕES, Fundação Calouste Gulbenkian – Os Edifícios, F.C.G, Lisboa, 2006, p.269.