Coro Gulbenkian A Cappella
Noite de Natal
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Data
- / Cancelado / Esgotado
Local
Grande Auditório Fundação Calouste GulbenkianCoro Gulbenkian
Jorge Matta Direção
Sérgio Silva Órgão
Joana Siqueira
Lucília de Jesus
Manon Marques
Joana Nascimento
Artur Afonso
João Barros
João Costa
Mário Almeida
Maria
Llibre Vermell de Montserrat (séc. XIV)
Mariam matrem virginem
Jean Mouton (c. 1459-1522)
Ave Sanctissima Maria
Tomás Luis de Victoria (1548-1611)
Ave Maria
Franz Liszt (1811-1886)
Ave Maria
Sergei Rachmaninov (1873-1943)
Ave Maria
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Improvisação sobre o coral n.º 12 da Oratória de Natal (BWV 248) “O Menino Jesus será a nossa consolação e trará a paz” (órgão)
Noite de Natal
Jean-Philippe Rameau (1683-1764)
Himne à la nuit
Fernando Lopes-Graça (1906-1994)
Pela noite de Natal
Do varão nasceu a vara
O Menino nas palhas
Morten Lauridsen (n. 1943)
O nata lux
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Improvisação sobre o coral n.º 17 da Oratória de Natal (BWV 248), “No presépio repousa o Menino” (órgão)
O Menino Jesus
Eurico Carrapatoso (n. 1962)
Ó meu Menino
Vaughan Williams (1872-1958)
What child is this (arr.)
John Rutter (n. 1945)
Angels’ Carol
Alfred Schnittke (1934-1998)
Ave Maria, Cheia de Graça
Senhor Jesus
Peter Aston (1938-2013)
Alleluya Psallat
Noite de Natal
O programa do presente concerto divide-se em três partes, distintas mas intimamente relacionadas. São separadas por dois corais da Oratória de Natal de J. S. Bach, o Coral n.º 12, “O Menino Jesus será a nossa consolação e trará a paz”, e o Coral n.º 17, “No presépio repousa o Menino e a Virgem”, ambos improvisados em órgão.
A primeira parte é uma espécie de Anunciação: “Ave Maria, sejas abençoada, tu e o fruto do teu ventre, Jesus”. Começa com Maria Matrem Virginem, a 3 vozes, do Libre Vermell de Montserrat, uma coleção de manuscritos dos séculos XIII e XIV que está conservada no Mosteiro de Montserrat, na Catalunha. Os manuscritos indicam que “são danças feitas para os peregrinos de Montserrat, para se manterem acordados durantes as vigílias, mas também podem ser praticados durante o dia, [...] mas com a obrigação de decência e respeito [...]”.
Ave Sanctissima Maria, a 4 vozes bastante contrapontísticas, é de Jean Mouton (c. 1459-1552), o principal compositor da corte francesa no seu tempo, responsável pela música para as grandes ocasiões cerimoniais. Segue-se outro Ave Maria, do espanhol Tomás Luis de Victoria (c. 1548-1611), um dos grandes compositores renascentistas, notável pela expressividade das suas harmonias, antecipando de algum modo as cores harmónicas barrocas.
Depois interpretaremos o Ave Maria (1853), para vozes e órgão, do húngaro Franz Liszt (1811-1886), pianista virtuoso e compositor. A escrita é simples, geralmente homofónica, mas com uma harmonia densa e requintada que noz faz penetrar no expressivo ambiente romântico. Finalmente teremos a música do russo Sergei Rachmaninov (1873-1943), compositor, maestro e ímpar pianista. Bogoroditse Devo (“Alegrai-vos, Virgem Maria...”), interior e majestosa, a 8 vozes, é uma das secções das Vésperas (1915), um dos grandes monumentos da música coral do século XX.
A segunda parte, sobre a noite de Natal e o nascimento de Jesus, começa com o Hymne à la nuit, originalmente um excerto da ópera Hippolyte et Aricie (1733), de Jean-Philippe Rameau (1683-1764), um dos mais importantes compositores barrocos franceses.
Fernando Lopes-Graça (1906-1994), grande estudioso das canções tradicionais portuguesas, foi um dos mais extraordinários harmonizadores de música popular, com uma linguagem própria, mas mantendo a mais pura essência da dura ruralidade e também do mais terno lirismo das canções tradicionais. O Natal foi um tema muito cultivado por Lopes-Graça, reunindo entre 1955 e 1960 as suas canções em duas importantes coletâneas, as Cantatas de Natal. Destas escolhemos Pela noite de Natal, que fala do caminho de Maria e José para Belém, procurando ansiosamente um sítio para ficar (“só encontraram pousada dentro duma estrebaria”); Do varão nasceu a vara, que fala da alegria do nascimento de Jesus; e O Menino nas palhas, que retrata “O Jesus Menino, mal agasalhado, tremendo com frio, em palhas deitado”.
O texto de O nata lux é-nos transmitido através da música do americano Morten Lauridsen (n. 1943), numa obra geralmente a 4 vozes, podendo chegar a 8 vozes em divisis de grande transparência. É intimista, com uma harmonia tonal, mas em que as vozes, à volta de um polo principal, deambulam com extrema expressividade por tonalidades vizinhas.
A terceira parte é sobre o Menino Jesus. Ó meu Menino (1997), de Eurico Carrapatoso (n, 1962), um dos mais expressivos compositores contemporâneos portugueses, tem uma harmonia muito requintada, sobre uma melodia tradicional do Alentejo, que o compositor classifica como “profundamente hipnótica”. What child is this? é um arranjo do inglês Vaughan Williams (1872-1958) sobre Greensleeves, uma conhecida melodia tradicional do seu país. Angel’s Carol (1980), para 4 vozes e órgão, do muito conhecido maestro e compositor inglês John Rutter (n. 1945), é uma peça de grande intimidade e transparência.
Alfred Schnittke (1934-1998) nasceu na Alemanha, mas cresceu em Moscovo, onde fez toda a sua formação. De início influenciado por Chostakovitch, ficou depois conhecido sobretudo pela música para cinema, tendo composto cerca de 60 bandas sonoras. Ave Maria, Cheia de Graça e Senhor Jesus (1984), a 8 vozes, são solenes e místicas.
Por fim, Alleluya Psallat, do professor e maestro inglês Peter Aston (1938-2013), é uma brilhante despedida, quase só sobre a palavra “Alleluya”, com uma harmonia relativamente simples, mas com uma elaborada estrutura rítmica em que alternam constantemente as pulsações binária e ternária.
Jorge Matta
Para o terceiro concerto do miniciclo Coro Gulbenkian A Cappella, o maestro Jorge Matta elaborou um programa focado na temática do Natal. Selecionou um conjunto de inspiradas composições alusivas a este evento da quadra natalícia, criadas desde a Idade Média até aos nossos dias. O programa divide-se em três partes – Anunciação a Maria, Noite de Natal e Menino Jesus – separadas por dois corais da Oratória de Natal de J. S. Bach interpretados pelo organista Sérgio Silva.