- Egito, Império Médio, XI dinastia (c. 2000 a. C.)
- Madeira de ébano policroma
- Inv. 142
Estátua funerária
Figura masculina feita de madeira de ébano pintada, encontrada na região de Deir el-Bahari, em Tebas Ocidental. Tem como indumentária um saiote simples, feito de tela coberta com gesso. A cabeleira preta, curta e redonda, é assinalada por pequenos caracóis gravados na madeira, com os lóbulos das orelhas à mostra, faltando os olhos, que eram embutidos. A sua perna esquerda está avançada, o braço direito pendente e o esquerdo dobrado, faltando-lhe já as insígnias que segurava nas mãos: um bastão e o cetro de autoridade.
A pose da estatueta, que representa o ka, a força vital do defunto, obedece a uma das mais importantes regras da arte egípcia, «a lei da frontalidade»: a figura hirta no seu eixo axial, em perfeita simetria e olhando em frente, e a pintura em castanho, típico das figuras masculinas.
As estatuetas representando o ka do defunto eram colocadas nas capelas funerárias dos túmulos, dentro de uma câmara fechada, serdab, de onde o ka poderia «ver» quem entrava na capela, através de ranhuras ou buracos na parede. O ka era como que o duplo do defunto, a sua força vital e sexual, feita à semelhança do corpo, mas com a particularidade de ser invisível, até porque era uma criação espiritual e psíquica.
Coleção Paul Mallon. Adquirida por Calouste Gulbenkian na Casa Paul Mallon, Paris, 31 de janeiro de 1920.
A. 69 cm
Araújo 2006
Luís Manuel de Araújo, Arte Egípcia. Colecção Calouste Gulbenkian. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2006, pp. 63-65, cat. 3.