A exposição «No Tempo em Que os Animais Falavam II. Gravuras» teve lugar na Sala de Conferências da Fundação Calouste Gulbenkian, de 24 de janeiro a 30 de março de 1996, e apresentou 68 gravuras de 42 autores. Fruto da oficina de xilogravura que Maria Irene Ribeiro conduziu no átrio da Biblioteca de Arte, a 18 de maio de 1995, no âmbito da ação cultural da exposição «No Tempo em Que os Animais Falavam. Fábulas de La Fontaine na Colecção Calouste Gulbenkian», as gravuras expostas foram inspiradas pelas ilustrações destes contos presentes em aguarelas, livros e tapeçarias em móveis de assento pertencentes ao acervo do Museu Calouste Gulbenkian e que haviam sido apresentadas ao público no ano anterior.

Estas calcografias refletiam a experiência estética vivenciada por alunos dos cursos de Gravura da Cooperativa Diferença e da Associação de Gravura da Amadora, e por professores do Grupo de Professores das Escolas do Concelho de Vila Franca de Xira, aos quais se associaram alguns artistas utilizadores destes espaços.

A exposição foi coordenada por Maria Teresa Gomes Ferreira, diretora do Museu Calouste Gulbenkian, que, no texto de apresentação do catálogo, destacou que esta exposição foi um dos resultados do investimento pedagógico da mostra realizada entre 1994 e 1995: «Foi intenção do museu proporcionar ao público a sua inserção num clima no qual se pudesse exprimir através dos objectos que fosse descobrindo, aproveitando as manifestações criativas que fossem emergindo, assim reactivando constantemente o interesse pela exposição permanente e conferindo-lhe uma dinâmica sempre renovada.» (No Tempo em Que os Animais Falavam II. Gravuras, 1996)

De facto, a vertente pedagógica foi o traço mais importante da mostra «No Tempo em Que os Animais Falavam. Fábulas de La Fontaine na Colecção Calouste Gulbenkian», o que motivou a conceção de um cenário que acolhesse as peças expostas, com o objetivo de reativar o interesse do seu público habitual e de atrair novos públicos. O cenário foi da responsabilidade de Antónia Augusta Peixoto, que, para a Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, concebeu um ambiente de floresta, constituído por um labirinto em madeira, rodeado por animais, árvores gigantes de esferovite e apontamentos de terra seca, ervas e arbustos.

No âmbito da ação cultural desta exposição, foram pensadas várias atividades, nomeadamente conferências, sessões de cinema de animação, espetáculos de marionetas e a oficina de xilogravura que originou esta segunda exposição, cujo objetivo seria o de celebrar o Dia Internacional dos Museus na Fundação Calouste Gulbenkian. Este conjunto de atividades, a par das visitas à exposição realizadas para diversos grupos escolares, levou a que a APOM –Associação Portuguesa de Museologia atribuísse ao serviço de animação da exposição o prémio de Melhor Serviço de Extensão Cultural.

No decorrer desta exposição, realizaram-se diversas visitas guiadas a grupos, entre 6 de fevereiro e 31 de março, e oficinas de gravura, entre 25 e 29 de março, intituladas «Sobre a Gravura – Técnicas e Efeitos» e conduzidas pela artista Maria Irene Ribeiro.

A exposição foi posteriormente apresentada no Museu Nogueira da Silva, em Braga, entre os dias 9 de agosto e 4 de setembro de 1996, com organização da Bienal de Gravura, e na Galeria Municipal de Alverca, em Alverca do Ribatejo, de 10 de janeiro a 9 de fevereiro de 1997.

Carolina Gouveia Matias, 2018