Menina Limpa. Menina Suja

Exposição antológica da artista Ana Vidigal (1960) que reuniu mais de 120 obras de pintura e «trabalho paralelo» experimental, que se manifesta em instalações, objetos e colagens. A curadoria da mostra foi assegurada por Isabel Carlos.
Retrospective exhibition on artist Ana Vidigal (1960) bringing together more than 120 paintings and experimental “parallel work”, including installations, objects and collages. The show was curated by Isabel Carlos.

A exposição antológica «Menina Limpa. Menina Suja», realizada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, de 23 de julho a 26 de setembro de 2010, apresentava uma síntese seletiva dos trinta anos de trabalho da artista Ana Vidigal (1960).

Das 120 obras reunidas sob a curadoria de Isabel Carlos, Ana Vidigal destaca, além da pintura, a presença de um trabalho tão importante quanto ela, que se apresenta de forma mais experimental, em dimensões mais espaciais, em instalações, objetos e colagens. A mostra era organizada numa espécie de percurso cronológico, não inteiramente linear.

Para a exposição, que é idealizada e viabilizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, através da reunião de obras de diferentes colecionadores, é produzido um catálogo com textos de Teresa Gouveia, Isabel Carlos, Claire Tancons, que faz uma leitura do trabalho de Vidigal sob um ponto de vista feminista, e Ruth Rosengarten, que aborda a dimensão autobiográfica que caracteriza toda a sua obra. Além da reprodução das obras da mostra, o catálogo inclui uma breve biografia da artista e informação sobre exposições individuais e prémios recebidos ao longo do seu percurso.

Nascida em Lisboa em 1960, Ana Vidigal foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1985 e 1987. Ao longo da sua trajetória artística, critica, de forma subtil, a sociedade portuguesa e os seus costumes e modos de operar, resultantes de décadas de uma ditadura não há muito tempo extinta, conjuntura que implica, para a artista, a vivência de um latente conservadorismo. Assumidamente feminista, Ana Vidigal faz uso de elementos verbais não somente para intitular as obras, mas também para as compor, como são disso exemplo as obras Tornei-me feminista para não ser masoquista e A menina limpa quando é boa é boa, quando é má é melhor.

A conotação cultural de feminilidade percorre a sua obra e é explícita em muitos desses títulos, que se fazem presentes numa esfera plástica e poética, expressa também através dos próprios materiais utilizados para a construção de algumas obras, como tecidos, adereços de costura, fios, moldes de roupas, panos de mesa, entre outros.

No início da exposição, há um vídeo datado de 2000, intitulado Domingo à Tarde, que funciona, segundo Isabel Carlos, como uma chave para toda a mostra, visto que expõe o processo de criação e produção da artista. Esta perspetiva antológica revela também o caráter nostálgico da obra de Vidigal, como é claramente exposto em Penelope (2000), que consiste numa cama de casal coberta com uma colcha feita de sacos de plástico transparentes. Os sacos guardam um conjunto de cartas trocadas entre a mãe e o pai de Vidigal durante os dois anos em que o pai esteve na Guiné no período da Guerra Colonial. O passado constrói-se como narrativa, tanto na composição conceptual quanto nos materiais utilizados para produção das obras.

Noticiada em diversos meios de comunicação social, entre os quais o Jornal de Letras, o Diário de Notícias, o Público, ou as revistas L+Arte, Time Out Lisboa e Caras, a mostra antológica foi assinalada pelos trinta anos de carreira de Ana Vidigal, referida como uma artista que atua criticamente sobre a história e a memória e em cujo trabalho é especialmente apontado o recurso a fortes alusões à condição social das mulheres. O caráter experimental da sua trajetória criativa é igualmente identificado como um aspeto relevante quando, nesses artigos, se enfatiza a diversidade de soluções utilizadas.

Raphael Fraga, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A menina limpa não é transparente

Ana Vidigal (1960-)

A menina limpa não é transparente, 2000 / Inv. DP3291

A menina limpa procura menina suja

Ana Vidigal (1960-)

A menina limpa procura menina suja, 2000 / Inv. DP3290

Bravura (não vaciles, põe-te a andar)

Ana Vidigal (1960-)

Bravura (não vaciles, põe-te a andar), 2010 / Inv. FP566

Domingo à Tarde

Ana Vidigal (1960-)

Domingo à Tarde, 2000 / Inv. IM33

Falo-lhe em alhos, responde-me em bugalhos (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Falo-lhe em alhos, responde-me em bugalhos (série À Cautela), 1995 / Inv. DP3287

Humility (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Humility (série À Cautela), 1995 / Inv. DP3289

Penélope

Ana Vidigal (1960-)

Penélope, 2000 / Inv. 10E1619

Sem título

Ana Vidigal (1960-)

Sem título, 1997 / Inv. 10P1615

Trá-la - disse. Estou a morrer de fome (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Trá-la - disse. Estou a morrer de fome (série À Cautela), 1996 / Inv. DP3288

A menina limpa não é transparente

Ana Vidigal (1960-)

A menina limpa não é transparente, 2000 / Inv. DP3291

A menina limpa procura menina suja

Ana Vidigal (1960-)

A menina limpa procura menina suja, 2000 / Inv. DP3290

Bravura (não vaciles, põe-te a andar)

Ana Vidigal (1960-)

Bravura (não vaciles, põe-te a andar), 2010 / Inv. FP566

Domingo à Tarde

Ana Vidigal (1960-)

Domingo à Tarde, 2000 / Inv. IM33

Falo-lhe em alhos, responde-me em bugalhos (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Falo-lhe em alhos, responde-me em bugalhos (série À Cautela), 1995 / Inv. DP3287

Humility (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Humility (série À Cautela), 1995 / Inv. DP3289

Penélope

Ana Vidigal (1960-)

Penélope, 2000 / Inv. 10E1619

Sem título

Ana Vidigal (1960-)

Sem título, 1997 / Inv. 10P1615

Trá-la - disse. Estou a morrer de fome (série À Cautela)

Ana Vidigal (1960-)

Trá-la - disse. Estou a morrer de fome (série À Cautela), 1996 / Inv. DP3288


Eventos Paralelos

Festa

[Ana Vidigal. Clean girl, Dirty girl]

22 jul 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Ana Vidgal (à esq.), Isabel Carlos, Emílio Rui Vilar (ao centro) e Teresa Gouveia (à dir.)
Teresa Gouveia (à esq.), Ana Vidigal, Emílio Rui Vilar (ao centro) e Isabel Carlos (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00622

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, catálogo e material fotográfico. 2010 – 2013

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00623

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa. 2009 – 2010

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 01122

Pasta com documentação referente à aquisição de obras. 2009 – 2010

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 8175

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2010

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 8174

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 2010


Exposições Relacionadas

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