A exposição de 50 pinturas a óleo e 7 desenhos de Joaquim Lima Carvalho (1940), organizada pelo Serviço de Exposições e Museografia da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), inaugurou a 15 de fevereiro de 1989 e esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias da Sede (piso 01) até 5 de março desse ano.

A mostra constituiu uma panorâmica do trabalho do artista entre 1984 e 1986, interrompendo um longo período de ausência, em que o pintor deu primazia à sua carreira académica e ao ensino, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, e à colaboração com diversos movimentos associativos, entre os quais a Cooperativa Árvore e o Grupo Acre, que fundou com Clara Menéres e Queiroz Ribeiro.

A divulgação nos media nacionais sinalizou, de um modo geral, a raridade do contacto com a obra de Lima Carvalho, registando os elementos mais marcantes do seu trabalho, «em que dominam os rostos e os corpos entrelaçados, numa paisagem totalmente humanizada e de apelo ao erotismo» («Lima Carvalho expõe na Gulbenkian», A Capital, 27 fev. 1989).

O erotismo latente e os elementos expressionistas de Lima Carvalho são destacados por José Sommer Ribeiro no texto que escreve para o catálogo, e que será citado na imprensa escrita: «A sua actividade plástica, que abrange os domínios do desenho e da pintura, situam-no numa vertente do expressionismo contemporâneo português, na aplicação espontânea do traço e da cor e na criação de um imaginário que atinge nas máscaras ou nos corpos uma assinalável intensidade erótica.» (Lima Carvalho. Desenho-Pintura, 1984-1986, 1989)

Também no catálogo da exposição, Rui Mário Gonçalves sintetizaria a linguagem plástica de Lima Carvalho: «Toda a sua pintura é orgânica e os contrastes dos elementos da sua linguagem procuram exprimir a violência do erotismo.» (Ibid.)

A vertente expressionista desta obra seria ainda referida na pequena notícia que Alexandre Pomar escreveu para o Expresso: «Corpos e rostos ocupam a tela ora como pesquisa de formas emblemáticas, ora ensaiando efeitos de coincidência com o plano de suporte, procurando filiações expressionistas, sugestões eróticas, re-figurações picassianas.» (Pomar, Expresso, 25 fev. 1989)

O catálogo, descrito pelo jornal O Dia como tendo «uma bonita capa a cores» («Publicado catálogo de Lima de Carvalho», O Dia, 22 fev. 1989), inclui igualmente um texto assinado por Fernanda Gil Costa, intitulado «A caligrafia da expressão na pintura de Lima Carvalho», uma biografia do artista e a reprodução a cores e a preto-e-branco de algumas das obras expostas.

Carolina Gouveia Matias, 2018