Mestres da Pintura Búlgara. Século XIX – Meados do Século XX

Exposição coletiva, organizada pela Galeria Nacional de Belas-Artes de Sófia e pela Galeria da Fundação Internacional Lyudmila Jivkova, que apresentou as diversas transformações da pintura búlgara desde a libertação da Bulgária, em 1878, até à década de 1950. A mostra desdobrou-se em três núcleos, que reuniam obras de artistas de gerações distintas, revelando tendências formais e estéticas.
This group exhibition, organised by the Sofia National Gallery of Fine Arts and the Gallery of the Lyudmila Jivkova International Gallery, showcased the various transformations undergone by Bulgarian painting from the time of Bulgaria's liberation in 1878 until the 1950s. The show, divided into three sections, presented the work of artists from different generations, displaying both formal and aesthetic trends.

Exposição organizada pela Galeria Nacional de Belas-Artes (Sófia) e pela Galeria da Fundação Internacional Lyudmila Zhivkova, com o objetivo de dar a conhecer os desenvolvimentos da arte búlgara entre o final do século XIX, com a libertação da Bulgária do domínio turco (1878), e meados do século XX.

Apresentada na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), a mostra desdobrava-se em três núcleos, que reuniam obras de artistas de gerações distintas, revelando tendências formais e temáticas.

A mostra iniciava-se com o designado «Renascimento búlgaro», assimilação tardia dos valores do Renascimento, que tivera início no século XVIII, estendendo-se até 1878. Esse movimento artístico conduzira, como explica Snejana Bozadjieva no texto do catálogo, «a Bulgária da Idade Média Asiática rumo à Europa burguesa» (Mestres da Pintura Búlgara. Século XIX-Meados do Século XX, 1988, p. 11). Na primeira sala, um grupo de obras religiosas ainda dominadas pelos cânones da pintura de ícones e um conjunto de retratos do século XIX, que denotavam influências do renascimento italiano, refletiam de forma clara a grande transformação que ocorrera em termos ideológicos, formais e plásticos. No outro lado da sala, foram expostas obras de Vladimir Dimitrov (1882-1960), Vera Nedkova (1908-1996) e Naum Hadjimladenov (1894-1985), reveladoras da nova expressividade plástica e figurativa que marcara as décadas de 1930 e 1940. Deste modo, a exposição terminava no mesmo espaço onde começara, seguindo um percurso cronológico.

Contudo, a contraposição destas propostas, que se constituíam em aparente oposição (por um lado, o rigor do ícone e, por outro, a liberdade e abertura da arte moderna búlgara, afastadas por mais de um século e meio de história), denunciava, desde logo, as fortes transformações e diferentes apropriações que haviam marcado a pintura búlgara e que seriam destrinçadas ao longo das salas seguintes.

O catálogo demonstra que foram destacados quatro períodos cronológicos: 1878-1900; 1900-1920; 1920-1930; 1930-1950. Todavia, na exposição, não terão sido definidas áreas específicas para cada um deles. O modo como as obras foram dispostas no espaço da grande galeria proporcionava uma perspetiva histórica com base cronológica, mediante a circulação pela esquerda. Por outro lado, as obras agrupadas em cada um dos espaços criados, quando observadas conjuntamente, despertavam outro tipo de leituras, podendo comparar-se diferentes abordagens aos mesmos temas (a natureza, o quotidiano, a vida popular) e géneros (paisagem, retrato, cenas de costumes, natureza-morta), de períodos distintos. O visitante podia, portanto, seguir sem desvios um percurso linear, ou poderia aventurar-se pelos cruzamentos suscitados.

No segundo espaço, foram mostradas obras da primeira geração de pintores búlgaros depois da Libertação, destacando-se a pintura representativa da vida popular camponesa, apoiada no realismo europeu do século XIX. Ao centro, duas paisagens de Nikola Petrov (1881-1916), do período inicial do seu percurso, davam conta do início de uma certa sintetização formal. No outro lado da sala, encontravam-se obras das décadas de 1930 e 1950, nas quais surgiam influências das primeiras vanguardas, como a simplificação de volumes, a sintetização através da mancha ou a fragmentação de objetos e a demarcação dos contornos. Alguns temas mantinham-se, e outros revelavam transformações, como era o caso das representações da vida popular, focalizando-se a partir de então na cidade e nas novas batalhas sociais.

No último espaço, concentraram-se obras de três períodos distintos. Da segunda geração de artistas após a Libertação, foi exposta uma série de retratos de Tseno Todorov (1877-1953), Stefan Ivanov (1875-1951) e Elena Karamihailova (1875-1961), e algumas paisagens. Os primeiros revelavam influências do romantismo e do impressionismo; as segundas, do impressionismo e do simbolismo. Através da paisagem, estes artistas expressavam complexas emoções do espírito humano, como revelavam as obras de Stefan Ivanov e Alexander Mutafov (1879-1957), conservando, no entanto, o caráter nacional.

Seguia-se uma seleção de obras das décadas de 1920 e 1930, momento em que os artistas aspiravam produzir uma pintura com forma e conteúdos nacionais, o que dera origem a um estilo inspirado nas variações russa, austríaca e húngara da Arte Nova e fora fortalecido por tradições nacionais, como a do ícone e da arte popular. Dois exemplos fortes apresentados foram as pinturas de Nikolai Rainov (1889-1954) e Ivan Milev (1897-1927). Por último, várias propostas do início da década de 1930 marcadas pela sintetização revelavam influências das composições de Cézanne, em particular nas pinturas de Boris Ivanov (1904-1993).

A maioria das obras expostas pertencia à coleção da Galeria Nacional de Belas-Artes, fundada em 1948 na cidade de Sófia, e na qual se conservavam, segundo a comissária, «os melhores exemplos de arte búlgara» (Mestres da Pintura Búlgara. Século XIX-Meados do Século XX, 1988, p. 13). Ainda que em menor escala, contribuíram igualmente para esta mostra outras instituições de arte do país.

Através desta exposição, o diretor da Galeria Nacional de Belas-Artes, Svetlin Rusev, acreditava ser igualmente possível mostrar o desenvolvimento histórico e os processos espirituais daquela nação (Ibid., p. 9).

Mariana Roquette Teixeira, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00384

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, orçamentos, lista de obras para efeitos de seguro, material para o catálogo, convite, recortes de imprensa. 1987 – 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0241-D00751

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0241-D00752

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0241-D00753

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0241-D00754

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1988


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