Exposição itinerante de pintura húngara contemporânea, promovida pela Magyar Nemzeti Galéria (Galeria Nacional da República Popular da Hungria) e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em colaboração com a Embaixada da República Popular da Hungria em Portugal, e que viria a ser apresentada em Portugal e em Espanha.

Comissariada por Endre Aszalos e István Dévènyi, o certame contou com a participação de 17 artistas húngaros de várias gerações, representados num total de 131 obras de pintura nas mais variadas técnicas e tendências (expressionismo, surrealismo, construtivismo, figurativismo…), produzidas entre os finais da década de 1910 e o ano de 1977.

Na introdução do catálogo, assinada pelo conselheiro do Instituto de História de Arte da Academia de Ciências da Hungria, Lajos Németh, que viria a proferir uma conferência acerca da evolução da pintura húngara no século XX, por ocasião da inauguração da exposição em Lisboa, o crítico referir-se-ia ao panorama artístico húngaro, mais concretamente no domínio da pintura, nos seguintes termos: «A amarga realidade da história húngara não tem tornado possível um desenvolvimento orgânico da pintura. […] O período decorrido entre as duas guerras mundiais foi também a era de diáspora da Arte Húngara, assim como a emigração interna que proporcionou um isolamento trágico. […] Isto deu origem à ausência de um desenvolvimento orgânico, fazendo com que cada artista tivesse de começar de novo.» (Pintura Húngara no Século XX, 1979)

A respeito da seleção dos artistas, afirmaria ainda: «Eles foram igualmente selecionados porque, embora ligados a tendências contemporâneas europeias, a sua arte enraíza-se numa realidade húngara, o seu estilo é independente e a sua expressão é tal que só podia ser concebida em solo húngaro com possíveis traços provincianos que naturalmente a acompanham.» (Ibid.)

Esta exposição foi bem acolhida pela crítica. Na rubrica de artes plásticas no Diário de Notícias, Manuela Azevedo realçaria a herança da paleta dos artistas húngaros da Escola de Paris, representada nas obras em exibição. Entre estas influências destacava dos pintores, Victor Vazarely e Árpad Szenes, este último casado com a pintora de origem portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (Azevedo, Diário de Notícias, 4 abr. 1979).

No entanto, em sentido inverso, o crítico de arte Mário de Oliveira manifestaria o seu desagrado em relação a esta panorâmica coletiva da pintura húngara. Contudo, e face aos números recolhidos, a exposição apresentou uma afluência bastante apreciável, totalizando 16 571 visitantes.

Filipa Coimbra, 2017