100 Desenhos Europeus do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque

Exposição de itinerância internacional organizada pelo MoMA e que contou com a apresentação do seu núcleo de desenho, reunindo 100 obras representativas de 53 artistas de renome internacional. Comissariada por William S. Lieberman, incluiu 25 desenhos da primeira metade do século XX, doados ao MoMA pelo colecionador Lester Francis Avnet.
Travelling exhibition of 100 works by 53 internationally renowned artists from the Museum of Modern Art's (MoMA) collection of drawings. The show, curated by William S. Lieberman and organised by the MoMA, included 25 drawings from the first half of the 20th century which were donated to the museum by collector Lester Francis Avnet.

Esta exposição, exibida nos primeiros meses de 1974 na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e comissariada pelo curador e conservador William S. Lieberman, surge na sequência de um intercâmbio artístico, iniciado em 1973 e alicerçado na apresentação dos seus acervos, entre duas instituições internacionais: o Museum of Modern Art de Nova Iorque (MoMA) e o Kröller-Müller National Museum de Otterlo, na Holanda.

Este intercâmbio originou a subsequente itinerância da exposição por diferentes cidades europeias, como Sheffield (Reino Unido) ou Milão (Itália), na qual se incluiu esta apresentação em Lisboa.

A seleção dos desenhos apresentados resultou das escolhas inicialmente previstas para a exposição no Museu de Otterlo, com base no acervo do MoMA, e suscitada por uma exposição homónima apresentada pela mesma instituição americana, em 1972.

Esta coleção de desenho, de significativa importância para o MoMA, uma vez que a sua constituição remonta a «poucos dias depois de o Museu ter aberto as suas portas ao público», em 1929, contou com um total de 100 desenhos de 53 artistas, na sua maioria grandes nomes da cena artística internacional da primeira metade do século XX: Henri Matisse (1869-1954), Pablo Picasso (1881-1973), Paul Klee (1879-1940), Paul Cézanne (1839-1906), Auguste Rodin (1840-1917), Kazimir Malevich (1878-1935), Wassily Kandinsky (1866-1944), Giorgio de Chirico (1888-1978), entre outros (100 Desenhos europeus do Museu de Arte…, 1974).

Ainda no prefácio do catálogo, o curador da exposição, William S. Lieberman, adverte para o facto de esta não ser uma exposição panorâmica do desenho moderno, inevitavelmente comportando algumas omissões, quer nos artistas selecionados, quer nas técnicas utilizadas nesse suporte. Contudo, a exposição permitiu ao público português um contacto único e privilegiado com desenhos originais de alguns dos maiores protagonistas do modernismo.

É também de salientar o facto de 25 dos desenhos apresentados, datados da primeira metade do século XX, terem sido doados ao MoMA pelo importante colecionador norte-americano Lester Francis Avnet.

A iniciativa da FCG de trazer esta exposição a Lisboa foi bastante elogiada nos meios de comunicação social. Nas palavras do crítico Mário de Oliveira, «mais uma vez, [a FCG] presta um grande serviço à cultura artística do nosso país – trazendo à sua galeria uma amostra de desenho tão significativa como esta» (Oliveira, Diário de Notícias, 28 fev. 1974). O crítico, para quem o desenho, pelo seu caráter intimista, era a disciplina que permitia um contacto mais direto com a personalidade do artista, sublinhou igualmente a influência que foram, para muitos artistas nacionais, alguns dos artistas ali apresentados, como Matisse e Picasso. Também Fernando de Azevedo, no seu texto para a Colóquio/Artes, salientou a representação destes dois nomes na exposição, aos quais juntou ainda o de Paul Klee.

Reforçando o sentimento de intimidade proporcionado pelo desenho, o crítico José Luís Porfírio referir-se-ia, no mesmo sentido, a esta exposição como uma «demonstração palpável dos poderes do desenho», uma «expressão autónoma que tanto pode ocultar como desvendar», sendo «justamente este último aspecto revelador o que mais e melhor podemos encontrar nesta magnífica exposição» (Porfírio, Diário de Lisboa, 28 fev. 1974).

Eurico Gonçalves, por sua vez, afirmaria que a importância desta exposição residia no facto de ela ajudar «a formar uma visão mais completa sobre a importância do desenho na arte dos nossos dias», e, na sua opinião de artista e crítico atento ao gesto, esta mostra abria vários campos de reflexão, firmados nos diversos movimentos modernistas e nos seus protagonistas (Gonçalves, Flama, 1974).

A exposição inaugurou no dia 15 de fevereiro de 1974, tendo sido registada numa reportagem da produtora francesa Pathé Magazine. De itinerância internacional, despertaria grande interesse junto do público português, cuja adesão, poucos dias depois da inauguração, já era dada como certa na imprensa escrita: «Multidões vão acorrer à Gulbenkian» (Diário Popular, 21 fev. 1974). O facto de ter sido amplamente noticiada reitera o seu impacto, atestado pela realização de várias visitas guiadas, duas delas com a orientação do professor Lagoa Henriques e do pintor Fernando de Azevedo, que contaram com uma significativa afluência de público.

Em face de constrangimentos temporais e logísticos, que impediram que a exposição se realizasse noutras cidades portuguesas, o Conselho de Administração da FCG atribuiu um subsídio de viagem a 90 alunos da Escola de Belas-Artes do Porto para se deslocarem à capital.

Filipa Coimbra, 2016


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[100 Desenhos Europeus do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque]

mar 1974 – mar 1974
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria Principal / Galeria Exposições Temporárias (piso 0)
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Visita guiada por António Lagoa Henriques (à esq.)
Visita guiada por Fernando de Azevedo (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00049

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, lista de obras, recortes de imprensa, entre outros documentos. 1973 – 1976

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15504

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, lista de obras, orçamentos e elementos para o catálogo da exposição. 1973 – 1974

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 13773

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos dos convites para realização das visitas orientadas. 1974 – 1975

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 01181

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém informação sobre a atribuição de um subsídio de viagem aos alunos da ESBAP. 1974 – 1974

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01942

4 provas, p.b.: visita guiada por Lagoa Henriques (FCG, Lisboa) 1974

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01943

4 provas, p.b.: visita guiada por Fernando de Azevedo (FCG, Lisboa) 1974


Exposições Relacionadas

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.