Exposição retrospetiva dedicada à obra do pintor suíço Pietro Sarto (1930), promovida pela Embaixada da Suíça em Portugal, com base na organização conjunta do Musée Cantonal des Beaux-Arts (Lausanne) e da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

O interesse pela obra do pintor remonta a alguns anos antes deste evento. No ano de 1982, a FCG já havia adquirido uma obra de Pietro Sarto, para integrar a sua coleção de arte moderna e contemporânea (Pietro Sarto, Bassin Lémanique, 1981, Inv. PE33).

Estabelecidos os contactos entre as duas instituições, o comissariado da exposição foi assumido pela conservadora Claude Ritschard, que, juntamente com o Serviço de Exposições e Museografia da FCG, diligenciou os processos de empréstimo, transporte e seguro das obras, bem como os detalhes relativos à edição do catálogo da exposição.

O diretor do Serviço de Exposições e Museografia, José Sommer Ribeiro, entendia tratar-se de um pintor «renovador», uma vez que a sua pintura rompia com «os cânones clássicos da perspectiva» (Pietro Sarto.  Perspectivas Empíricas, 1986, p. 5).

Esta exposição foi concebida a título de retrospetiva dos trinta anos da pintura de Sarto, que prosseguiu a exploração da perspetiva curvilínea teorizada por Albert Flocon e André Barre, à qual o autor se refere, num tom mais pessoal, como «perspetiva empírica» (Pastori, 24 Heures, 3 jul. 1986, p. 60). Pietro Sarto entendia que os ângulos expandidos comprometiam a estabilidade das tradicionais regras de representação da perspetiva e, nessa medida, introduziam outros ritmos de movimento (Ibid.). 

Na Galeria de Exposições Temporárias foram apresentadas 73 pinturas, realizadas entre os anos de 1965 e 1986, nas quais figuravam essencialmente os temas da paisagem e da natureza-morta, que o seu autor desdobrava noutros subtemas: «o verão, Lausanne ao longe e as mesas» (Ibid.). Em entrevista ao jornal 24 Heures, Pietro Sarto ressalvaria a importância da exposição na FCG, uma vez que foi a primeira instituição a publicar um catálogo sobre a sua obra: «Figurez-vous que le catalogue de Gulbenkian est mon premier catalogue. En trente ans, on ne m’a jamais rien consacré de cette importance.» (Pastori, 24 Heures, 3 jul. 1986, p. 60)

Em edição conjunta com o Musée Cantonal des Beaux-Arts de Lausanne o catálogo, bilingue (português-francês) contou com uma entrevista ao arquiteto Mario Botta acerca da obra de Sarto, seguida da análise retrospetiva e interpretativa assinada pela comissária da exposição, de uma biografia do artista e da reprodução das obras em exposição.

A receção crítica da exposição não foi totalmente consensual. Por exemplo, o jornal Expresso entendeu tratar-se de um pintor, à data, com pouco reconhecimento internacional, e que os propósitos da exposição respondiam mais a critérios de ordem «diplomático-cultural» («Pietro Sarto», Expresso, 5 jul. 1986).

Posteriormente, na primavera de 1987, esta exposição foi apresentada em Lausanne, no Musée Cantonal des Beaux-Arts, também comissariada por Claude Ritschard.

Filipa Coimbra, 2017