Prémios AICA. 81 – 85 SEC

XX Congresso Internacional da Association Internationale des Critiques d'Art (AICA)

Exposição integrada na organização da 39.ª Assembleia Geral e do XX Congresso Internacional da Association Internationale des Critiques d’Art (AICA), na qual se apresentaram os trabalhos dos artistas e arquitetos premiados pela Secção Portuguesa da AICA, com a colaboração da Secretaria de Estado da Cultura de Portugal, durante os anos de 1981 e de 1985. As obras foram selecionadas por Rui Mário Gonçalves.
Exhibition forming part of the programme for the 39th General Assembly and the 20th International Congress of the International Association of Art Critics, featuring works by artists and architects who won awards from the AICA's Portuguese Section, with the collaboration of Portugal's Secretariat of State for Culture, between 1981 and 1985. The artworks were selected by Rui Mário Gonçalves.

Exposição de artistas premiados entre 1981 e 1985 pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura de Portugal (SEC), nas categorias de artes plásticas e arquitetura.

A mostra integrou o XX Congresso e a 39.ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), sediada em Paris, que se realizaria em Portugal nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). A organização do encontro foi assumida pelo vice-presidente da Secção Portuguesa da AICA, o pintor Fernando de Azevedo, também diretor-adjunto do Serviço de Belas-Artes da FCG, circunstância que facilitava a organização de iniciativas complementares, como a programação de exposições.

A escolha da cidade de Lisboa para a realização do congresso internacional resultou, por um lado, do facto de o presidente da AICA ser, à data, o professor José-Augusto França e, por outro, das «excelentes» condições em que decorreu o Congresso da AICA realizado dez anos antes, em 1976, na FCG.

A sugestão para a realização desta exposição partiu da Secção Portuguesa da AICA e teve como objetivo destacar a obra dos sucessivos artistas e arquitetos galardoados com os Prémios AICA-SEC no decurso de 1981 a 1985: na categoria de artes plásticas, os laureados foram António Costa Pinheiro, António Dacosta, Joaquim Rodrigo, Júlio Resende e Alberto Carneiro; na categoria de arquitetura, os premiados durante este período foram Raul Hestnes Ferreira, Alcino Soutinho, Álvaro Siza Vieira e Nuno Teotónio Pereira.

Na introdução do catálogo da exposição, José-Augusto França referiria que o «jogo sucessivo das escolhas» acabava por traçar «um perfil representativo através das tendências que se esclarecem segundo os caminhos do tempo que passa». O resultado destes cinco anos de premiações dava, segundo o presidente honorário da AICA, uma imagem «(relativamente) clara» das intervenções nestes domínios, o que era confirmado pela qualidade das obras selecionadas para esta exposição (Prémios AICA-SEC 81-85, p. 4).

De acordo com as atas das reuniões dos júris nos sucessivos anos (anexas ao catálogo da exposição), as premiações de cada categoria distribuíram-se cronologicamente como a seguir se descreve.

 

No ano de 1981, na categoria de artes plásticas, o júri premiou, por unanimidade, o pintor António Costa Pinheiro (1932-2015), tendo como referência a exposição «Costa Pinheiro. O Poeta Fernando Pessoa», realizada na FCG em 1981. O prémio de arquitetura caberia a Álvaro Siza Vieira (1933), pelo projeto da Quinta da Malagueira (extensão da cidade de Évora).

No ano de 1982, o prémio de artes plásticas seria atribuído, por unanimidade, ao pintor Joaquim Rodrigo (1912-1997), pela exposição individual realizada nesse mesmo ano na Galeria Quadrum e pela publicação do livro O Complementarismo em Pintura. Na categoria de arquitetura, «pela coerência de intervenção profissional manifestada ao longo da sua carreira, e pela obra produzida, nomeadamente em 1982, pela conclusão parcial do Bairro SAAL das Fonsecas, em Lisboa, da Escola Secundária de Benfica e de um bloco residencial em Beja», o prémio foi atribuído, por unanimidade, a Raul Hestnes Ferreira (1931).

No ano seguinte, em 1983, o prémio de artes plásticas foi atribuído, uma vez mais por unanimidade, ao pintor António Dacosta (1914-1990), tendo como referência a exposição individual que realizara naquele ano na Galeria 111. Na categoria de arquitetura, não foi possível reunir consenso neste ano, uma vez que o arquiteto Carlos Duarte propunha que o prémio fosse atribuído aos autores da reconstrução da fachada da Casa dos Bicos, Daniel Santa-Rita e Manuel Vicente – «contra tudo o que então se defendia», e que «inaugurou o debate» do pós-modernismo na arquitetura (Lobo, Pousadas de Portugal: Reflexos da Arquitectura Portuguesa do Século XX, 2006) –, e o arquiteto Nuno Portas defendia a atribuição do prémio ao conjunto da obra de Gonçalo Byrne. Perante as posições inconciliáveis do júri, no ano de 1983 o prémio de arquitetura ficaria por atribuir.

 

No ano de 1984, o júri dos Prémios AICA-SEC atribuiu, unanimemente, o prémio de artes plásticas ao pintor Júlio Resende (1917-2011), pela exposição individual «Ribeira Negra», realizada na Cooperativa Árvore e na qual o artista «manifestava a plena maturidade dos seus recursos artísticos» (Prémios AICA-SEC 81-85, p. 57). Na vertente da arquitetura, o galardoado em 1984 seria Alcino Soutinho (1930-2013), em virtude da «coerência e invenção» do seu projeto para o Museu e Biblioteca Municipal do Convento de São Gonçalo em Amarante.

Em 1985, o prémio AICA-SEC de artes plásticas caberia ao escultor Alberto Carneiro (1937-2017), em reconhecimento da sua exposição individual na Galeria EMI-Valentim de Carvalho. O júri justificava ainda esta escolha pela consistência da carreira do escultor, «presença marcante nos movimentos de vanguarda artística, quer como criador de formas através do trabalho em madeira, quer como interveniente no âmbito conceptual, nomeadamente o de cariz ecológico» (Ibid.). Por sua vez, o prémio de arquitetura seria atribuído, por unanimidade, ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira (1922-2016), assim distinguido pelo Plano de Urbanização do Bairro do Restelo (Quarteirão Rosa), e sobretudo pela já longa carreira «sempre inovadora e rigorosa, assim como a sua capacidade de fazer escola» (Ibid.).

A exposição dos «Prémios AICA-SEC, 81-85» teve lugar na Galeria de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM), ficando a seleção a cargo do crítico Rui Mário Gonçalves. As obras selecionadas pertenciam ao Centro de Arte Moderna da FCG, à Secretaria de Estado da Cultura, mas também a galerias e a colecionadores privados, bem como aos próprios artistas e arquitetos.

A visita dos críticos internacionais ao CAM, inaugurado três anos antes, era também um dos propósitos dos organizadores. Em ofício interno, no qual se discutia a proposta para a realização do congresso, Madalena Perdigão, diretora do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), destacava as vantagens de os críticos e congressistas poderem manter «contacto com as colecções da Fundação Calouste Gulbenkian» (Apontamento do Serviço ACARTE, 6 set. 1985, Arquivos Gulbenkian, CAM 00028).

Nem todas as obras selecionadas puderam ser apresentadas no conjunto reunido na Galeria de Exposições Temporárias do CAM, uma vez que algumas delas integravam a montagem permanente da Coleção, que havia sido renovada em 1985. A solução encontrada para incluir essas obras consistiu na utilização de reproduções fotográficas no espaço expositivo, em substituição dos originais, que por sua vez seriam sinalizados no espaço do Museu, a fim de se assegurar a ligação entre a exposição temporária dedicada aos artistas premiados e o programa museológico do CAM, que, num certo sentido, corroborava o acerto das premiações.

Era ainda interessante perceber a evolução de alguns destes percursos artísticos, bem como a sua relação com a obra de outros artistas portugueses contemporâneos, através da «III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian» e da exposição «Artistas Premiados nas I e II Exposições de Artes Plásticas [da] Fundação Calouste Gulbenkian», importantes mostras coletivas e panorâmicas da arte portuguesa e que decorriam em simultâneo.

O catálogo desta exposição foi publicado numa edição bilingue, em português e francês, orientada também para uma procura internacional, tendo em consideração o XX Congresso Internacional da AICA.

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

O Vôo do Homem

Alberto Carneiro (1937-2017)

O Vôo do Homem, 1966 / Inv. 81E860

S/ Título

Alberto Carneiro (1937-2017)

S/ Título, 1964 / Inv. 82E848

Do Sofrimento

António Costa Pinheiro (1932- 2015)

Do Sofrimento, 1960 / Inv. 60P248

Espaço - Poético - Natureza

António Costa Pinheiro (1932- 2015)

Espaço - Poético - Natureza, 1983 / Inv. 84P466

Fernando Pessoa - Heterónimo

António Costa Pinheiro (1932- 2015)

Fernando Pessoa - Heterónimo, 1978 / Inv. 83P463

Os Óculos do Poeta Álvaro de Campos - Heterónimo de Fernando Pessoa

António Costa Pinheiro (1932- 2015)

Os Óculos do Poeta Álvaro de Campos - Heterónimo de Fernando Pessoa, 1980 / Inv. 83P429

Cena aberta

António Dacosta (1914-1990)

Cena aberta, c.1939 / Inv. 80P123

Sem título

António Dacosta (1914-1990)

Sem título, c.1948 / Inv. 80P125

Sonho de Fernando Pessoa Debaixo de uma Latada numa Tarde de Verão

António Dacosta (1914-1990)

Sonho de Fernando Pessoa Debaixo de uma Latada numa Tarde de Verão, 1982/83 / Inv. 84P129

Lisboa - Algeciras

Joaquim Rodrigo (1912-1997)

Lisboa - Algeciras, 1969 / Inv. 69P145

Madrid - Vallauris

Joaquim Rodrigo (1912-1997)

Madrid - Vallauris, 1969 / Inv. 83P525

Soria-Nîmes

Joaquim Rodrigo (1912-1997)

Soria-Nîmes, 1971 / Inv. 83P147

Vermelho x Azul 2

Joaquim Rodrigo (1912-1997)

Vermelho x Azul 2, 1958 / Inv. 83P524

Figuras à mesa

Júlio Resende (1917-2011)

Figuras à mesa, 1956 / Inv. 71P919

Pintura

Júlio Resende (1917-2011)

Pintura, 1964 / Inv. 71P921

s/título

Júlio Resende (1917-2011)

s/título, 1948 / Inv. 83P924


Eventos Paralelos

Congresso / Simpósio

XX Congresso Internacional da Association Internationale des Critiques d'Art (AICA)

31 ago 1986 – 5 set 1986
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00028

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, ofícios internos, correspondência recebida e expedida, seguros e elementos para o catálogo. 1986 – 1987

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997


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