Exposição de pintura abstrata brasileira, inaugurada a 18 de setembro de 1984 na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 0), organizada por iniciativa da Sociedade de Amigos dos Museus do Brasil, e sob os auspícios do Ministério das Relações Exteriores do Governo do Brasil.

Foram apresentadas 27 obras: duas esculturas de Sérvulo Esmeraldo (1929) e 25 pinturas da autoria de Lothar Charoux (1912-1987), Danilo di Prete (1911-1985), Tikashi Fukushima (1920-2001), Arcangelo Ianelli (1922-2009), Manabu Mabe (1924-1997), Tomie Ohtake (1913-2015), Alfredo Volpi (1896-1988), Kazuo Wakabayashi (1931) e Abelardo Zaluar (1924-1987).

Segundo o texto de apresentação do catálogo da exposição, assinado pela coordenadora-geral da exposição Marilisa Rodrigues Rathsam, a Sociedade de Amigos dos Museus define-se como «destituída de quaisquer fins lucrativos», tendo como objetivo estimular «o intercâmbio cultural em âmbito nacional e internacional. Seu propósito prioritário é a apresentação de obras de artistas brasileiros em mostras a serem realizadas no Exterior, promovendo também exposições com trabalhos de artistas estrangeiros no Brasil» (Os Grandes Mestres do Abstracionismo Brasileiro, 1984).

O catálogo da exposição, produzido no Brasil, apresenta-se em português, inglês e francês, e contém textos de Marilisa Rodrigues Rathsam, presidente da Sociedade de Amigos dos Museus (SAM), e de Alberto F. Beuttenmüller, membro da AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte, diretor do Paço das Artes – Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo-Brasil e presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (secção paulista). Este último texto justifica a temática da exposição, definindo arte abstrata como toda aquela que não é figurativa, e artista nacional como aquele que, podendo não ter nascido no Brasil, aí produz a sua arte. É esta definição que legitima a presença do austríaco Lothar Charoux, do italiano Danilo di Prete e dos japoneses Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e Tikashi Fukushima.

No Diário de Lisboa, Porfírio Alves Pires, referindo-se a esta exposição e a uma outra que reunia esculturas do artista Aparício, apresentada na mesma data na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, descreveu-as como «agradáveis e sossegadas», acrescentando que as pinturas expostas eram de «qualidade indubitável» (Pires, Diário de Lisboa, 28 nov. 1984).

À semelhança de outros periódicos, o Diário de Notícias refere-se igualmente à entidade organizadora, a Sociedade de Amigos dos Museus, instituição responsável pela organização da mostra em Portugal.

Ao longo da sua itinerância, a exposição passou pelo Brasil, Espanha (Madrid), Itália (Roma e Milão), Países Baixos (Haia), França (Paris), Inglaterra (Londres) e Estados Unidos de América (Nova Iorque e Washington D.C.).

Carolina Gouveia Matias, 2017